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Pós-modernidade, uma volta ao início e a atual

09 ago

O autor (Anthony Giddens) que estamos lendo, faz exatamente no capítulo da “confiança”Fiducia uma abordagem ao nihilismo fazendo uma crítica em bloco a Nietszche e Heidegger, com a qual não estamos de acordo, mas não deixa de ressaltar a importância de ambos, o primeiro por ter feito uma ruptura com o iluminismo, e o segundo (ainda que não diga diretamente) que a “nova perspectiva” (qual a do iluminismo??) superava a “tradição do dogma” (pg. 89).

Diz o autor que “o pós-modernismo tem sido associado não apenas com o fim da aceitação de fundamentos como o ´fim da história’” (pg. 60) o que é verdade, mas deve-se fazer uma breve distinção entre pós-modernidade e pos-modernismo, o primeiro é o fenômeno o qual desde de Nietszche é apontando, mas desenvolvido com Husserl, Heidegger e Gadamer, já o segundo é a ideia que a próprio fenômeno já seja uma nova etapa da humanidade.

Chama ao exercício de tentar aproximar a questão da consciência história (nome que considero mais correto para a historicidade, veja-se Verdade e Método de Gadamer) de “futurologia” e vai chamar de “desencaixe” esta ideia que após mapear o passado possa se pressupor “uma orientação futura deste tipo” (pag. 61), então retoma a “elucidação do pensamento moderno”, mas não deixa de fazer o discurso convencional; “este processo como um processo de globalização, um termo que deve ter uma posição-chave no léxico das ciências sociais” (p. 62), o que não deixa de ser um discurso que faz um “desencaixe” com a tradição, para usar o argumento do próprio autor, deve-se rever o iluminismo sem apelar para ele.

O discurso e aqui encontramos contradições no seu modelo de confiança, a “apropriação reflexiva do conhecimento” que tenta negar o progresso do período iluminista ao afirmar: “deslocado a vida social da fixidez da tradição”, o que chama de “fixas simbólicas e sistemas perigos” que de fato envolvem confiança é colocado num modelo sistêmico, pois a vê como distintas do modelo de “crença baseada em conhecimento indutivo fraco”, o também é uma crença, o problema é justamente coloca-la em diálogo com a tradição para emergir o novo.

Vê o conhecimento com um “poder diferencial” com alguns indivíduos ou grupos mais aptos para adquiri-los, mas o processo de mundialização do conhecimento não é o inverso ?

Estamos de acordo com o poder dos valores e o impacto das consequências não pretendidas, conforme seu conceito que “à vida social transcende as intenções daqueles que o aplicam para fins transformativos”, não seria justamente isto a questão da consciência histórica ?

Sua hermenêutica dupla, que a vê como “a circulação do conhecimento social” que deve ser aplicado “reflexivamente” alteraria as circunstâncias originais, é puro romantismo.

Vai fazer alusões ao sua categoria-chave que é a globalização, com alguns enfoques diferentes de outros autores, mas dentro da visão fechado dos que seguem o modelo de sistema, não por acaso começa com considerações sobre McLuhann.

sem considerar o paradoxo do neo-positivista Kurt Gödel que afirmava que o sistema já tem suas contradições internas e só pode ser provado como verdadeiro por uma asserção externa, no caso da pós-modernidade que já é a externa, devemos dialogar com a tradição para que seus conceitos-chave: liberalismo, capitalismo, estado, lógica, legalidade, entre muitos outros, sejam feitos não apenas em uma dupla hermenêutica, mas numa hermenêutica aberta onde os pré-conceitos de qualquer hermenêutica “fechada” possa ser superada.

 

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