Hermenêutica e novos paradigmas
O importante da abertura a novos horizontes e a narrativas não convencionais, de propostas disruptivas que modificam não apenas a tecnologia, é que as próprias narrativas ao serem introduzirem novas formas de conhecimentos prévios (em outros narrativas do circulo hermenêutico são chamadas de pré-conceitos) significa uma ambiente de evolução e transformação do próprio conhecimento.
Os que gostam da exegese, ela é também uma narrativa, dois personagens e paradigmas diferentes na Bíblia foi João Batista e evidentemente o próprio Jesus, no entanto, sob o mesmo background do judaísmo da época construíram narrativas diferentes, pois tinham missões diferentes, ainda que a proposta de mudança fosse a mesma.
A leitura bíblica de Lucas 1,60-62, quando o pai Zacarias diz que seu filho terá um nome diferente diz assim: “e perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nelas as palavras: `João é o seu nome´, todos ficaram pasmados” para indicar que quebrou uma tradição e logo em seguida Zacarias volta a falar.
Ora a oralidade é fundamental neste período, e a fala se constituía a forma básica de transmissão do saber, mas João Batista veio para fazer um caminho novo, e este caminho será uma antecipação da vinda de Jesus, que depois abrirá sua própria narrativa em seu caminho.
Assim, a hermenêutica permite esta evolução da exegese que estuda a tradição também na filosofia e na literatura, para a hermenêutica que abre a possibilidade de novas narrativas e a interação com o saber contemporâneo, o que chamamos de “background” no post anterior.
As narrativas do mundo digital são novas, claro que nem todas são convergentes, mas o fato que existem narrativas novas, mesmo aquelas que contestam o irreversível ambiente digital, mostram que há um paradigma novo, sob o qual não é possível construir uma narrativa que seja ao mesmo tempo contemporânea, aberta e evolutiva, sem considerá-la.