O activismo e a condição humana
Parte do “cansaço” humano de nosso tempo é que resolvemos levar ao extremo aquilo que os filósofos e místicos chamam de “vida activa”, Hanah Arendt em “A condição humana” abordou o tema, mais recentemente Byung Chul-Han mais recentemente em “A sociedade do cansaço” também aborda a questão.
É colocado ao lado da “vida contemplativa”, as vezes como oposta e outras vezes como complementar, o Místico São Gregório Nazianzo meditou e escreveu sobre o tema, Chul-Han recuperou alguns destes conceitos.
Na sua obra A Condição Humana (2007), Arendt designa com a expressão vita activa, três atividades humanas essenciais : labor, work, action, citados em inglês porque no alemão assim como no inglês há diferenciação dos termos, “work” é o trabalho que corresponde ao artificialismo da existência humana, por exemplo, ao usar máquinas, enquanto Labor corresponde ao processo biológico do corpo humano como condição para produzir vida.
Mas e a ação, ela é para Arendt é a condição humana da pluralidade, é mediada pelas coisas para colocam os homens em contato uns com os outros, por isto a autora vê como uma pluralidade que está liada ao fato que são os homens, e não o homem a habitar a Terra.
A autora enfatiza que o mundo no qual transcorre a vida activa é constituído por coisas feitas pelas atividades humanas, entretanto, essas coisas só podem existir por causa dos homens, e por isto também as condicionam, os homens entram em contato, e com isto tornam-se de imediato, uma condição de sua existência, vivemos por que agimos.
Entretanto o mundo contemporâneo levou as pessoas ao stress, a depressão e agora a síndrome de Burnout, tema da sociedade do cansaço, de Byung Chul-Han.
Byung Chul-Han chama a atenção para a ausência de contemplação, vida contemplativa, como parte da necessidade humana para ter equilíbrio, energia e forças para a ação.
Diz a leitura bíblica “vinte a mim todos vós que estais cansados” (Mt 11,28) e diz o mesmo trecho “e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.