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O grito dos aflitos

04 nov

Em muitos momentos de dificuldades pessoais, conflitos mundiais e tragédias naturais sempre aparente um grito de desespero e dor, porém o nosso tempo é de um grito silencioso daqueles que perdem a razão de viver, também a pandemia provocou em muitos angústia, solidão e desespero.

O famoso quadro O grito do norueguês Edvard Munch (figura) representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero, tendo ao fundo o fiorde de Oslo ao pôr do Sol, caracteriza bem o que significa aflição em nosso tempo, além da miséria e da falta de solidariedade, a angústia e ansiedade da figura pode ser do próprio autor, a frase escrita no alto do quadro: “só pode ter sido pintado por um louco”, analisada pelo Museu Nacional de Oslo concluiu que era mesmo do autor.

O aspecto de ansiedade permaneceria velado, não fosse esta análise, uma vez que o autor declarado em certa ocasião: “tenho sofrido um profundo sentimento de ansiedade que tentei expressar em minha arte”, e isto reflete nossos medos contemporâneos.

A TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) é um dos sintomas deste quadro, que pode ser também bipolaridade ou algum outro tipo de descontrole, este tipo foi chamado genericamente por Freud de Ansiedade Neurótica, mas há outras duas: a Realista e a Moral.

A ansiedade realista refere-se ao medo de algo existente no mundo exterior, então a pandemia ou uma catástrofe natural (furacão, terremotos, alterações bruscas no clima, etc.) são no fundo um tipo de medo de algo real acontecendo porém que nos coloca numa adrenalina diferente.

A moral é aquela que refere-se ao sentimento de culpa, que desencadeia um medo de ser punido, e isto leva a uma situação de conflito na interioridade, assim a pessoa perde aspectos sensíveis do seu interior: o inconsciente ameaçando adentrar o consciente o que significa na prática uma perda do autocontrole.

Mas os aflitos são também os desamparados, os abandonados e os rejeitados da sociedade, os diversos tipos de preconceitos sobre os quais nascem polêmicas atuais.

Na leitura cristã, o texto de Mateus (5,4) embora algumas traduções coloquem como “aflitos”, a tradução que preferimos aqui: “”Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!”, porque além do aspecto da “doença” existe o mal estrutural e o mal social que empurram muitas pessoas a este estado, e culpá-las apenas significa acrescenta a qualquer tipo de “aflição” a ansiedade neurótica que nasce de um sentimento de culpa desproporcional, e este é o grande tipo de pressão social atual.

Mas qual seria o consolo de que fala a bíblia, o consolo dos que creem é que o único mal que devem temer é o da alma, assim ao contrário do que diz muitas interpretações moralista, é uma moral equilibrada e sem o exagero da culpa que leva a um estado interior sem este tipo

 

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