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Poder e respeito

02 fev

Byung Chul-Han em seu livro O enxame, esclarece que somente o respeito possui simetria, isto é, pode tornar a relação de mutuo respeito e reconhecimento daquilo que é bom para todos.

Nisto consiste um dos maiores valores da ação social, a solidariedade com aqueles que por algum motivo erraram ou tiveram um desvio em sua ação comportamental, ser permitido ao retorno da vida social e a esperança de uma vida nova.

É preciso fazer a experiência do novo, da retomada da relação de respeito com o Outro, e da reinserção social, não significa tolerar aquilo que é inaceitável quer seja moral ou socialmente, mas fazer uma nova experiência de vida da ressocialização e da reorganização da vida pessoal.

O poder quando exercido somente para a repressão e combate aquilo que é condenável social e moralmente não deve estar ausente, seria omissão e desorganização, porém cada ser humano e cada pessoa pode e deve ser permitido sua ressocialização e reinserção social.

O convívio social se degradou não porque as pessoas erram, isto é próprio da vida social e humana, mas porque retomar a relação de respeito, ser paciente em ouvir o Outro e permitir sua mudança é dar-lhe Esperança e condições de fazer uma experiência nova e de respeito.

A cultura da exclusão, do ódio e da ausência de perdão leva a uma sociedade hostil, ao fim de relações sociais justas e ao caminho que dá possibilidade para maior equidade e justiça para todos, a exclusão engrossa o caldo da marginalidade, da cultura do desrespeito e dá asas a todo tipo de polarização e confronto.

A sociedade sem um retorno a vida social equilibrada, justa em todos os sentidos, inclusive o moral e econômico, torna possível o desenvolvimento de uma cultura de paz e de fraternidade.

Não há caminho de retorno apenas impondo regras e conceitos, muitas vezes duvidosos e sem uma razão prática adequada (a phronesis grega), torna-se um direcionamento ideológico que é tão hostil quanto aquilo que condena: o autoritarismo e a ignorância.

Falta bom senso, razão prática em todos os âmbitos da sociedade, do político ao religioso, a prática da desconfiança, do descrédito e desrespeito ao pensamento diferente, torna o campo do autoritarismo cada vez mais presente e o campo da democracia e da igualdade distante.

A prática de atitudes cotidianas do bem, do ouvir paciente é o caminho para aqueles que de fato desejam um mundo mais fraterno e solidário, a prática da agressão e do ódio não levam a uma possibilidade real de retorno ao caminho da guerra e do confronto.

Aqueles que dizem seguir o Amor e a solidariedade precisam sair das palavras e ir aos atos.

 

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