A coexistência de livros digitais e impressos
Esta é a opinião de um especialista em leitura, o francês Roger Chartier , professor e pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor do Collège de France, e ainda leciona na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e é conhecido pelas palestras e influências que tem nos estudos relacionados aos livros e as leituras.
De acordo com seu livro: “Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (XVI e XVIII) (UNESP, 2007) as atuais mudanças que “Estamos vivendo a primeira transformação da técnica de produção e reprodução de textos e essa mudança na forma e no suporte da informação influencia o próprio hábito de ler”, ou seja, que a tecnologia faz circular os textos de forma intensa, aberta e universal e, e isto significa mudanças emergenciais e profundas.
Ele cita em suas palestras as famosas cartas da escritora Madame de Sévigné (1626-1696) e as fábulas de La Fontaine (1621-1695) como ligações com a popularização da literatura como cultura, mas em sua análise, o livro impresso se popularizou somente no século XIX, cita como precursores a literatura de cordel na Espanha e em Portugal, os chap-books (pequenos livros comercializados por vendedores ambulantes) na Inglaterra e a Biblioteca Azul (acervo que circulava em regiões remotas) na França, enfim a popularização dos livros é mais recente do que se pensa, e na verdade o papel das Bibliotecas Públicas estão ainda a serem compreendidos.
Para Chartier: “a discussão sobre o futuro dos livros passa pela oposição entre comunicação eletrônica e publicação eletrônica, entre maleabilidade e gratuidade”, assim toda a preocupação deste blog com o acesso livre, o compartilhamento na Web de conteúdos, e a preservação dos direitos dos autores, em critérios como os estabelecidos pelo CC (Creative Commons).
Para Chartier os livros eletrônicos coexistirão com os impressos e, portanto, não há incompatibilidade entre ambos, embora exerçam papéis diferenciados na leitura.