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O rosto do outro, o poder e Jesus

12 dez

Esta é a preocupação e Lévinas, que aproxima-se muito de Buber, mas com conceitos e formulação próprias, uma delas é o rosto do Outro

A antropologia filosófica de Lévinas pode ter como chave de leitura uma crítica radical ao “cogito” de Descartes, contra o qual afirma a primazia do outro como uma verdade fundamental do homem e como lugar das dimensões metafísicas e religiosas, afirmando que “metafísica é ética”, e sem ela não encontraremos relações mais fraternas entre os homens.

Uma sentença de Lévinas é fundamental: encontrar-se cara a cara com seu próximo é encontrar-se perante Deus, que exige ser reconhecido na exigência de reconhecimento objetivo do outro: “A dimensão divina abre-se a partir do rosto do outro” (Lévinas).

Isto é importante também porque “religa” religião e racionalismo humano, reunifica physis (natureza) e meta-physis (além do natural, o divino), razão e fé podem neste terreno conviver sem ser escândalo uma para a outra pessoa.
Lévinas desvenda o que é o poder sobre o outro dentre do racionalismo: “A razão que reduz o outro é uma apropriação e um poder”.

Neste sentido ultrapassa Heidegger, onde o Dasein é ainda a medida que conserva uma “estrutura do Eu”, a concepção do “morrer por um outro” de Lévinas rompe com a ontologia tradicional, e abre a possibilidade da compreensão da compreensão da vida de Jesus.

Alguém capaz de “dar a vida” é a compreensão suprema do Amor, só assim de perde todo o poder e domínio sobre qualquer outro, e pode ser puro Amor.

LÉVINAS, Emmanuel. Humanismo do Outro Homem. Petrópolis: Vozes, 1993.

 

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