Comunicação, Noosfera e Corpus Christi
A ideia que o universo tem uma alma ou um espírito, (noon – mente ou alma), trazem novas reflexões sobre o sentido do nosso Ser, reflexões que a filosofia atual já acolhe, como em Morin:
A noosfera não é apenas o meio condutor/mensageiro do conhecimento humano. Produz, também, o efeito de um nevoeiro, de tela entre o mundo cultural, que avança cercado de nuvens, e o mundo da vida. Assim, reencontramos um paradoxo maior já enfrentado: o que nos faz comunicar é, ao mesmo tempo, o que nos impede de comunicar”. (MORIN, 2001).
Em termos etimológicos, religião é o que nos “religa”, ou seja, aquilo que nos impele a comunicar com o outro, no significado cristão, aquilo que nos leva a “Amar o outro” e é exatamente isto que nos religa na Noosfera, em Teilhard Chardin que cunhou esta palavra, é justamente esta comunicação de Amor (A maiúsculo de Ágape) que nos “religa” ao Outro e a todo o Cosmos, que para ele, sacerdote católico, é o Cristo Cósmico, todo o seu corpo cósmico, interligando tudo e todos.
Então todo Ser ôntico e o universo estão ligados ao Sumo Ser que é o Ser em essência, e justamente este Ser que nos impele a comunicar, a manifestar esta “religação” ao Outro e ao Cosmos.
O sonho e visões de Juliana de Liège da Belgica (1193-1258) manifestado ao seu páraco e futuro papa Urbano IV, que criou a data de Corpus Christi, talvez valesse uma releitura para uma ideia de sociedade-mundo para a qual a sociedade caminha em meio ao nevoeiro atual, e um cosmos cada vez mais conhecido e misterioso ao mesmo tempo.
MORIN, E. O método 4: As ideias: habitat, vida, costumes, organização. RS: Sulina, 2001.