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Qual é o locus divino
Claro o locus divino é anti espacial e temporal, mesmo a física quântica moderna desenvolveu a teoria da dimensão espaço temporal como única dimensão e onde há dobras no tempo, mas é provável que a física ainda fará descobertas maiores que os caminhos de minhoca (wormholes), dimensões de viagem aceleradas no espaço e mudará nossa visão cósmica do espaço.
As últimas descobertas do James Webb, o telescópico que olha para a origem da criação, já enxerga naquilo que os astrônomos chamam de pilares da criação, as novas imagens (19/10) mostram formações que parecem rochas, mas que são nuvens de gás e poeira de dimensões astronômicas, onde se formas estrelas e corpos celestes, numa espécie de berçário.
A nova imagem, com uso do recurso do infravermelho do James Webb [e possível observar melhor a poeira nesta região de formação das estrelas (Imagem da NASA acima), melhorando a imagem a esquerda de 2014 do telescópio Hubble, sendo a da direita a imagem do James Webb.
No plano da cosmovisão escatológica, aquela que estuda o início e fim da humanidade, é possível imaginar que através de uma “dobra do tempo”, ainda estamos presos a física de Einstein, esta nuvem se forma e dá início a um desenvolvimento de estrelas, supernovas e galáxias no universo.
O plano divino é ainda mais amplo, desde o tempo de Jesus os homens queria sabem em que tempo o “reino de Deus” se formaria, uma dimensão terrena em que nossa condição humana seria elevada a um nível de felicidade e prosperidade que alcançasse a todos, “onde jorra leite e mel”, porém a resposta do mestre agradava pouco os que queriam algo mais palpável.
Diz a leitura em João 1,20-21 eles queriam saber o momento deste “reino” e Jesus respondeu: “o Reino de Deus não vem ostensivamente, Nem se poderá dizer ‘está aqui ou ´está ali, porque o Reino de Deus está entre vós”, quer dizer deve se realizar entre os homens, então ainda irá haver muitas mudanças na dimensão humana e terrena até este estágio.
E a passagem diz claramente que antes disto o filho do homem (Jesus que é uma presença de Deus entre nós dita acima), deverá ser rejeitado e sofrerá muito.
Assim é preciso encontrar espaços de solidariedade e fraternidade entre os homens onde estas sementes de vida plena se desenvolvam, os homens se entendam e olhem com amor para o seu semelhante, sem desprezo ou exclusão.
Assim este reino está próximo onde há Amor e fraternidade e longe onde há cobiça e exclusão.
O futuro humano e a unidade
Diversos pontos do pensamento de Teilhard Chardin são coincidentes com as novas correntes teológicas que surgem no meio religioso, em especial no católico porém Chardin abriu seu espírito ainda mais ao praticamente migrar para a China, o ambiente e a filosofia oriental o influenciou.
A sua originalidade está tanto na síntese evolutiva de sua visão, como vários aspectos de uma escatologia futurista que abrange todo o Cosmos e cuja convergência ele chama de “Omega”, que é uma força individualizada, porém não isolada, diferente de autores que param na crítica ao problema do individualismo contemporâneo sem entender que a individuação tende a este “ponto-Ômega” e é preciso crescer na consciência junto com o desenvolvimento cósmico.
futurística, que a evolução persegue e que atua no nível da consciência humana.
Alguns autores entendem a Cristosfera como recapitulação de tudo, dizem alguns teólogos, mas o processo evolutivo culmina como o homem, mas não termina com o homem, o universo, o homem e a mulher, a trajetória histórica, tudo respondem a um caminho para a Parusia do Senhor, e ela é inevitável e o ponto alto de uma escatologia cristã, e negar o final de tudo é negar o processo escatológico ou ao menos não o compreender em sua plenitude.
Assim afirma o U. Zilles sobre Chardin: “É o Cristo ressuscitado, que incorpora o mundo e a humanidade ao Corpo Místico, no acabamento do Cristo Total”, assim isto significa que a Terra e o Universo estarão preparados para a Parusia do Senhor, ou a volta de Cristo, na escatologia plena.
Como força de ação individualizada Ômega não está sujeito ao tempo e ao espaço (a física atual já mostrou estes conceitos como não absolutos), assim propriedades como autonomia, atualidade, a irreversibilidade e a transcendência não estão submetidas a ações temporais, e sim ao Ômega.
Chardin explica que os múltiplos fatores ecológicos, fisiológicos, psicológicos que aproxima e unem os seres vivos, especialmente os seres humanos e que especialmente as condições ambientais, físicas e espirituais são o prolongamento e a expressão, a um nível de energias da complexidade-consciência que elas podem levar uma maior aproximação do Ômega.
Eram assuntos pouco presentes no mundo eclesial cristão no seu tempo (Chardin faleceu em 1955), e suas teorias pareciam extravagantes demais, porém hoje se fala em diálogo inter-religioso, unidade dos cristãos, e uma maior aproximação de todos da família humana.
Diga -se de passagem que tudo está nas diversas passagens de Jesus (aproximação dos humildes, diálogo com pecadores públicos e por fim entrega nas mãos de maus religiosos e políticos do seu tempo), o que Chardin quer dizer é ainda além, que se entendermos a complexidade-consciência, ajudamos a humanidade a dar um salto de qualidade que nos aproxima mais do ponto Ômega.
A fenomenologia de Chardin é radical porque a Criação é o princípio dos fenômenos, e nela sempre opera o divino, presente nas ações e leis que regem os organismos e seres vivos: Deus está no nascimento e no crescimento e no fim de todas as coisas, […] não se mistura nem se confunde com o ser participado que sustenta, anima e liga” (RIDEU p. 271).
Assim olhar para os fenômenos do universo é olhar para a grandeza e o desenvolvimento humano, não por acaso cientistas buscam em cometas, astros e estrelas de todo cosmos sinais de vida e da origem da vida, ali se encontram também as marcas da Criação e do Criador.
ZILLES, U. Pierre Teilhard Chardin: fé e ciência. EDIPUCRS, 2001, pag. 59-60.
RIDEAU, E. O pensamento de Teilhard de Chardin, Ed. Duas Cidades, 1965, p. 271