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Errar é humano, perdoar é divino
O erro de Will Smith no Oscar foi só um erro, e Chris Rock que levou o tapa faz bem em não falar.
A guerra é a ausência de diálogo, de perdão e de tolerância levada ao extremo, é a barbárie do gênero humano que a torna menor que as outras espécies vivas, é a crueldade nua.
O erro no pensamento é parte da busca da verdade, o erro nas palavras e ações é parte da má articulação do pensamento, é sempre possível retroceder se há disposição ao diálogo, a ouvir o que é contraditório e não querer submeter o Outro pela força bruta ou pela ofensa.
Ainda estamos no primitivo da humanidade porque não conseguimos resolver os problemas, que existem e precisam ser encarados, as diferenças, que levam ao preconceito e a intolerância, e a convivência onde pequenas coisas podem ser pensadas e feitas de modo diverso sem prejuízo a ninguém, é preciso um princípio essencial de humanidade, por isto o humanismo está em crise.
A pior maneira de resolver a guerra é fazer mais guerra, buscar a pax romana, a submissão do que é o “outro lado”, por isto o cessar-fogo e o diálogo são fundamentais para uma retomada da paz.
Muitos querem a paz sem de fato a promoveram, vejam o armamento contínuo de uma guerra.
O perdão é a semente original da paz, onde há perdão não se inicia uma pequena guerra, e todos nós errados e precisamos ser perdoados, mas precisamos também dar o perdão ao Outro.
Na origem do povo judaico uma adultera devia ser apedrejada em público, alguns povos árabes guardam esta barbárie, é famosa a passagem bíblica que apresentam uma mulher adultera a Jesus para lhe perguntarem se ela deveria ser “apedrejada”, e Jesus pergunta se alguém não tem pecado podia lhe atirar uma pedra e eles começaram a se afastar (Jo, 9-11):
“E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou ?’ Ela respondeu: ‘Ninguém, Senhor.’ Então Jesus lhe disse: ‘Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais’.
Um tapa no Oscar
Tinha decidido não comentar os melhores do Oscar este ano,primeiro porque não considero “Ataque de cães” tão bom filme, quanto por exemplo, Duna e Não Olhe para cima, não apenas pelos enredos, mas principalmente pelo conjunto da obra, Duna acabou levando vários prêmios merecidos, mas nenhum dos principais.
O tapa de Will Smith em Chris Rock roubou a cena, mas o comentário da diretora Jane Campion que ganhou melhor direção, em outro evento sobre Serene e Venus Williams: “vocês são maravilhosas, no entanto, não precisam competir com os homens como eu”, também caiu mal e seu prêmio perdeu um pouco do brilho.
Pouco tempo depois do tapa de Will Smith ele receberia o prêmio de melhor ator, é um grande ator, mas seria mais grandioso se esperasse este momento para dizer sobre o papel que fez do pai das Williams em defesa da família e daria um golpe muito mais duro em Rock, por ter feito um comentário infeliz sobre a perda de cabelos de Jada Pinkett, mulher de Will.
Muita gente saiu em defesa de Rock, dizem os jornais que seu show agora bate records de bilheteria, e Will expôs Jada porque agora procuram saber da vida dela e de seus relacionamentos, e assim como sua doença alopecia, enfim na minha opinião, o momento de resposta a Chris Rock poderia ser o momento da estatueta, e neste caso não vou comentar o mérito, porém o papel de Denzel Washington na Tragédia de MacBeth merece destaque.
Outro comentário é o prêmio de melhor atriz, fui ver depois da indicação trechos (não vi o filme todo) Os olhos de Tammy Faye (foto), nem o filme nem a atriz vencedora (Jessica Chastain) me impressionam, eu sei que a Academia seguem alguns clichês: ironia, certo humor e outros tiques.
Fui ver a popularidade, pouco mais de 60% das pessoas gostaram do filme, não estou fora então.
Vi a atuação de Meryl Streep em Não Olhe para cima, e merecia ao menos a indicação, claro já ganhou outros, é uma atriz consagrada (o papel espetacular de Margareth Thatcher na Dama de Ferro, por exemplo), mas mérito é indiscutível e não importa a estatura do ganhador.
O tapa de Will Smith e a bola fora esquecida da vencedora de Melhor Direção chamaram a atenção para um Oscar a meu ver sem brilho e ao gosto da academia, o tapa foi um erro só isto.