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Arquivo para a ‘Economia’ Categoria

Um perigoso limiar da guerra

03 abr

Com o envio de armamento para a Ucrânia OTAN prolongou a guerra da Ucrânia com a Rússia no campo tático pelo menos para mais um ano, isto dizem analistas do Ocidente e russos, porém outro front está ameaçado já que a Finlândia está prestes a ingressar na OTAN faltando apenas detalhes burocráticos.

Na irrita mais a Rússia do que ver seus países de fronteira ingressando na OTAN, este foi inclusive o limite alegando para a guerra com a Ucrânia e a Finlândia possui a maior fronteira dos países da OTAN com a Rússia, mais de 1.300 km, comparável a distância entre Porto Alegre no Rio Grande do Sul até Queluz na fronteira do Estado de São Paulo com Rio de Janeiro.

A Finlândia ergue uma cerca de cabos de aço na fronteira (foto), e os países já viveram uma guerra chamada de Guerra do Inverno (tem este nome porque foi iniciada no final de novembro de 39 e finalizado em 12 de março de 1940 com um tratado no qual perdeu parte do território e boa parte de sua capacidade industrial).

Embora a Finlândia tenha um pequeno exército, na época ainda menor e agora está se armando, resistiu heroicamente, porém perdeu parte significativa de seu território (veja nosso post) e se sente ameaçada pela atual guerra no leste europeu.

Há outro provável alvo da guerra que seria a Moldávia, já há uma pequena região separatista chamada Transnístria, porém no aspecto geopolítico é a entrada da Finlândia na OTAN que mais atinge a Rússia e cria um forte polo de tensão e agora fica mais evidente a nova cortina de ferro.

A Suécia é maior e tem maior população, praticamente mais que o dobro da Finlândia e também vem se armando e o processo de entrada na OTAN é mais lento, porém a guerra pode acelerar este processo e seria inevitável uma ajuda militar á Suécia.

Um apelo da Belarus, aliada da Rússia, a um acordo de paz e a recente visita de Xi Jinping a Rússia, que se esperava um maior empenho pela paz permanece uma incógnita e é possível que Putin tenha exposto seus planos, e isto entra o Brasil por fazer parte dos BRICS e ter adiado a viagem à China por uma pneumonia do presidente Lula, porém a China espera a visita.

Uma eventual guerra com a Finlândia abriria um polo delicado da guerra, já que é praticamente membro da OTAN e as retaliações militares poderiam entrar em cena de forma explosiva.

O horizonte de uma possível paz vai ficando cada vez mais distante e as possibilidades remotas.

 

Guerra se torna perigosa e pode sair do controle

13 mar

Conforme o cenário de guerra avançava no leste europeu, várias análises foram feitas aqui mostrando uma guerra cada vez mais cibernética e com chances de ser nuclear, agora tanto noticiários internacionais (como a CNN por exemplo), como os serviços de inteligência americano, apontam esta trágica evolução.

Oficiais do Comité de Inteligência do Senado americano falaram na quarta-feira passada (08/03) deste cenário afirmaram o que está escrito no relatório do Gabinete de Inteligência Nacional: “degradaram as capacidades terrestres e aéreas convencionais de Moscou e aumentaram sua dependência de armas nucleares”, assim uma janela para a paz está se tornando cada vez menor.

A batalha de Bakhmut, que pode abrir caminho para uma invasão maior no território da Ucrânia, está custando caro para ambos lados, porém irá intensificar a guerra em solo ucraniano, com perdas e cenários imprevisíveis.

Enquanto os russos anunciam vitória em Bakhmut, os ucranianos dizem que cada soldado ucraniano morto custou a vida de 5 soldados russos, propaganda a parte, a Russia paga sim um custo caro pela disputa da região e mostra que será uma guerra passo a passo e custando muitas vidas, além dos refugiados e da destruição material.

No plano global cresce o envolvimento da OTAN enquanto a Rússia busca aliados além da China.

O envolvimento com armas e até treinamentos de tropas da Polônia e Alemanha, assim como o já evidente envolvimento da OTAN desde o início da guerra pode extrapolar os limites de Rússia e Polônia e passar a todo continente Europeu, já um “novo Pear Harbour” russo, lançando mísseis de longo alcance em território americano iniciaria uma tragédia global pela potencia das armas.

As armas estão disponíveis e também no oriente há uma tensão, agora com aproximação da Coréia do Sul e Japão das forças ocidentais.

A paz sempre é possível, mas ela exige um ambiente de cooperação e compreensão entre nações.

 

 

Na semana de um ano de guerra

20 fev

Há intensos bombardeios nas frentes de combate na Ucrânia e misseis sobre o país, não há perspectiva de cessar foto, internamente a Ucrânia teve uma queda de sua produção em 30%, enquanto a Rússia consegue driblar as sanções internacionais, mas não a insatisfação interna.

O temor de uma guerra mais intensa é tão grande, que uma parte das mulheres grávidas russas, que podem viajar foram para a Argentina, pela simpatia do governo de lá e ela custo, já que a Argentina tem uma grave crise econômica que desvalorizou a moeda.

As manobras militares no Atlântico Sul geraram protestos no Ocidente, Rússia, África do Sul e China realizaram exercícios militares conjuntos, dos países que com põe o bloco econômico dos Brics, o Brasil mantém a neutralidade e deve conversar esta semana com Zelensky, enquanto a Índia faz esforços ela paz.

O governo brasileiro se negou a entregar munição ara os tanques que a Alemanha envio para a Ucrânia, porém a conversa entre Zelensky e Lula pode modificar o cenário, já que há um pedido expresso do governo americano, e Lula se encontrou com Biden recentemente.

Isto tudo mostra que não há apenas um contexto ideológico, o contexto geopolítico é pensado, havendo inclusive um acordo não-declarado entre Rússia e Israel, o que joga o mundo árabe para o lado soviético, entre estas forças o temível Irã que tem enviado drones para a Rússia.

Tudo isto é uma análise fria da guerra, porém algumas fontes a pontam 60 mil mortos em confrontos do lado russo, e mais de 100 mil do lado Ucrânio, milhares de mutilados, um número absurdo de pessoas ucranianos exilados, além dos danos materiais.

No Estado de São Paulo, o governador decretou o fim da obrigatoriedade das vacinas (ele próprio testou positivo dia 12/02) em ambientes públicos e o governo federal não divulgará mais relatórios diários da pandemia.

 

A ira e a paz

17 fev

É verdade que a história da humanidade está pontuada por guerras, porem o que aconteceria se fosse ao contrário e os homens buscassem em todas as circunstâncias encontrar um caminho mais solidário e menos tenebroso para seus conflitos.

Porem um conflito internacional neste momento seria uma tragédia que pode por em cheque o próprio processo civilizatório e cujas consequências seriam números inimagináveis de perdas de vidas humanas, de contaminação da natureza e de estragos materiais.

Enquanto isso o conflito no leste europeu vai tomando contorno cada vez mais internacional, uma fragata russa carregada de misseis hipersônicos imparáveis e com alcance de mil quilômetro caminha no atlântico sul em direção a costa leste americana.

O filósofo estoico Sêneca (4 a.C–65 D.C) que escreveu um tratado sobre a Ira, que ao contrário de muitos outros diz que não há sabedoria nela, escreveu em sua obra: “Nenhum homem se torna mais corajoso por meio da ira, exceto alguém que, sem ira, não teria sido corajoso: a ira, portanto, não vem para ajudar a coragem, mas para tomar seu lugar” (I.13).

Assim a guerra não apenas é má conselheira, ela toma o lugar da coragem e do verdadeiro heroísmo, aquele que conduz a humanidade â concórdia, â tolerância e a verdadeira civilidade.

Pode parecer altruísmo, mas o verdadeiro ensinamento cristão e que está presente em muitas religiões, lembre do hinduísmo de Ghandi que defendia intransigentemente a paz, então diz o a leitura atenta da Bíblica: “Vós ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente! Eu, porém vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!” (Mt 5,38-39).

Podemos evitar uma catástrofe civilizatória, mas não sem perdão e concessões.  Ainda dá tempo.

 

A ira e as questões sociais

15 fev

Um dos argumentos fortes para a ira é a questão social, antes econômica, agora cultural, étnica e de genero.

O livro do americano John Steinbeck, causou um grande mal-estar na sociedade, foi citado com certa reverência quando ganhou o premio Nobel de Literatura em 1962 embora o livro seja de 1939, o livro foi bem recebido no leste europeu soviético da época e nos países escandinavos.

Na época o livro chegou a queimado em praça pública e banido das escolas, foi o inicio da guerra fria e do macartismo (perseguição aos comunistas nos EUA), embora o autor nunca teve afiliação.

O livro começa com Tom Joad, o personagem central do livro, pedindo uma carona após 7 anos de prisão que foi sua sentença por ter assassinado uma pessoa em decorrência de uma briga de bar, mesmo tendo sido em sua autodefesa acabou sendo declarado culpado.

Não encontra nada em sua antiga casa e acaba descobrindo que tinham vendido todos os pertences e indo para a casa do Tio John e chegando lá percebe que todos estão preparados para sair e descobrem que as grandes empresas e as fazendas estão fechadas e os agricultores indo embora para a Califórnia para procurar trabalho.

É período da grande depressão americana, e as questões sociais são emergentes, o livro mostra as condições de trabalho e exploração nos campos de plantações de frutas na Califórnia, Steinbeck é da região de Salinas, onde se passa o romance que embora ficção tem ligação com a região.

O questionamento é até onde podem ir os limites deste tipo de revolta, é justo violências e lutas ideológicas quando estas condições se apresentam, quais são as alternativas para os problemas, é provável que entremos em nova recessão, além do risco da guerra, o livro de Steinbeck nos dá um cenário parecido (recessão e guerra) e podem nos apontar não um retorno ao passado, mas numa nova possibilidade para o futuro sombrio que nos aguarda.

STEINBECK, J. As vinhas da ira. Trad. Herbert Caro e Ernesto Vanhaes. 10ª. Ed. SP: Record, 2012.

 

O justo e o legal

08 fev

A legalidade evidentemente baseia-se nas leis, mesmo que estranhas ou questionáveis, ela é uma espécie de “contrato social” para se viver em sociedade, por isto o tema do post anterior é relevante, ainda mais se for considerado que o ponto mais alto do que é legal hoje é o neocontratualismo.

Paul Ricoeur escreveu em dois volumes sobre o assunto, feito na forma de ensaios, no terceiro ensaio ele trata da Teoria da Justiça de John Rawls, não só atesta sua atualidade como também ele reivindica aquilo que quase todos nós dissemos em um momento da nossa infância: “isto é injusto” e então isto precede ao sentido do Justo como também dizem respeito não só ao direito, mas a todas as pessoas.

Ricoeur no prefácio de Justo 1 já atenta para o detalhe que o tema está conectado a ideia do que é ético, na filosofia clássica, é “o desejo de uma ´vida boa´ com e para os outros em instituições justas”, e aqui situa-se boa parte da crise civilizatória: a desconfiança que há nas instituições democráticas.

A expressão “vida boa” retomada de Aristóteles é um qualificativo de bom num sentido estrito do ético, assim o bem é inseparável do bem do outro, sob a pena de nada mais ser do que um egoísmo repreensível, que rebaixa o sujeito no sentido do plano moral.

Dito de forma mais clara a relação com o outro é constitutiva da consciência de si, e ela é em certa medida um ético além do legal e do meramente moral.

Onde apenas é determinante a obediência, mesmo com uma conformidade interior à Lei moral, podendo ela ser incontornável de toda vida ética, essa tem algo para além da Lei, nela o homem deseja o Bem, aspira o Bem para si e para os outros, num sentido que torna-se também consciência para o outro.

É obvio que isto encontra uma barreira em nossas falhas, os maus sentimentos, as más ações, a violência que marcam a sociedade desde os tempos mais primitivos, neste sentido é preciso despertar a consciência da culpabilidade, que encerra nela a própria concepção de julgamento, isto significa limitar-se.

Por isto o tema da liberdade é relevante, deseja-se tolher qual liberdade e a pretexto de qual concepção de justiça, assim é preciso “instituições justas”.

Assim esta é a formula de Ricoeur: “: « o desejo de uma vida boa com e para os outros em instituições justas », sem elas o legal torna-se revoltante.

Porém é preciso dizer que as “instituições” não se limitam ao aspecto jurídico, do mesmo modo que o justo não se reduz ao legal, é preciso analisar a fundo.

Para explicar isto Ricoeur diz o que é consciência da Lei: “Aplicar uma norma a um caso particular é uma operação extremamente complexa, que implica um estilo de interpretação irredutível à mecânica do silogismo prático”, ou seja, simples regras lógicas, há não uma subjetividade, mas uma transcendência.

Ao fazer uma palestra a Associação L´Arche (fundada por Jean Vanier) que cuida de excepcionais, ele abordou o tema e falou de respeito ao tratar da diferença entre o normal e o patológico, apoiando-se nas obras de Georges Canguilhem, que discute a epistemologia da biologia.

RICOEUR, Paul. O justo ou a essência da justiça. Trad. Vasco Casimiro. Lisboa: Instituto Piaget, 1995.

 

Encruzilhada da guerra e pandemia em análise

30 jan

Analisando estes dois temas de grande relevância mundial, elementos complicadores da grande crise civilizatória, que já analisamos o aspecto político e cultural que é seu fundo, vemos uma guerra em escalada mundial e uma pandemia em análise pela OMS, quanto ao uso do termo.

São dois eufemismos, pois a guerra já tem proporções mundiais com o envio de tanques Leopard por parte da Alemanha e Polônia, enquanto a Russia envia seu navio chamado “do fim do mundo” para águas internacionais no Atlântico Norte, não há perspectiva de Paz, a Pandemia continua o que se discute é só se a palavra deve continuar a ser usada, a infecção pela variante kraker já é vista mundialmente como de rápida e fácil transmissão.

Após o anuncio de entrega de tanques Leopard a Ucrânia, a Rússia já bombardeou o país com misseis hipersônicos que ficam fora do alcance do radar e anunciou o desenvolvimento em escala da arma nuclear Poseidon (imagem), um torpedo Autônomo Nuclear com capacidade intercontinental, como depende de submarinos pode atingir cidades costeiras praticamente em todos continentes.

O Vice-Presidente do Conselho de Segurança e ex-presidente da Rússia Medvedev afirmou que quem tem armas nucleares não perde uma guerra, e a declaração é vista como uma ameaça ao envolvimento de países europeus e dos Estados Unidos, agora vistos como envolvimento direto pelo envio declarado de armas, embora o presidente da Alemanha afirme que a escalada não envolverá a OTAN.

Analistas de todo mundo, entre eles o chamado “relógio Juízo Final” (Doomsday Clock) simbólico, que começou após o fim da segunda guerra, adiantaram o “relógio” para 90 segundos da meia noite, devido a guerra na Ucrânia e a escalada de ameaças entre o Ocidente e a Rússia.

Em 1945, criado pelo biofísico Eugene Rabinovitch e organizado pelo Bulletin of Atomic Scientists, o Doomsday Clock contou com cientistas como Albert Einstein, J. Robbert Oppencheimer e Marx Born, até hoje são cientistas renomados que mantem esta análise, o horário 23:58:30 é o mais próximo desde sua criação.

A OMS também analisa suspender o estado de “emergência de saúde pública de interesse internacional”, eufemismo para declarar o fim da pandemia, o que é preocupante porque só na China foi resultado mais de 170 mil mortes nas últimas semanas, e a variante kraken segue em expansão, com isto o socorro de nações com dificuldades sanitárias e uma política global de combate ao vírus fica debilitada.

Não acredito que a atual crise, que inclui e se fundamenta em valores culturais, possa se dissipar, porém atitudes de paz e cuidado com a vida podem nos dar algum alerta, as autoridades devem ter isto presente.

Adendo:

Após a publicação deste post, veio a declaração oficial da OMS: “Não podemos controlar o vírus da covid-19, mas podemos fazer mais para lidar com as vulnerabilidades das populações e dos sistemas de saúde”, disse seu diretor Geral Tedros Adhanom esta segunda-feira (30/01/2023).

 

Insanidade na guerra e indefinições na Pandemia

16 jan

As noticias da Guerra no leste europeu são que a luta pela conquista da região de Soledar teve um custo militar alto e a cidade ficou praticamente destruída com pouco mais de 10 mil habitantes tem um significado estratégico militar e a consolidação de posições russas na região de Donetsk, enquanto a fragata com misseis Zircon navega pelo Atlântico.

A defesa ucraniana nega o domínio na região, enquanto a russa comemora em meio a uma polêmica com os mercenários do comando Wagner que afirmam que eles lutaram na região.

O significado desta batalha é de uma guerra que cada pedaço de território significa batalhas sangrentas e indicam ainda um longo período, a menos de uma estratégia mais agressiva e mais perigosa.

Os habitantes da vizinha cidade de Sirversk sonham com paz, porem poderá ser o próximo combate, assim como a cidade de Bahkmut estratégicas para a guerra terrestre.

A pandemia vive dias de incertezas, não são claros nem os diagnósticos nem a gravidade das novas variantes, porém é sabido que a “kraken” é altamente contagiosa.

Embora a politica da OMS seja de não fazer alarde e deixar pouco claro as medias a serem tomadas, o quadro tem contornos alarmantes (veja o mapa)+ e a variante kraken comprovadamente tem maior índices de contagio e não é clara a efetividade das vacinas da primeira linhagem.

O que se espera na guerra e na pandemia é que se encontrem medidas afetivas para salvar vidas, evitar uma radicalização ainda maior que a do quadro atual e dar esperança as pessoas simples de um futuro com paz e segurança.

 

As causas da paz

12 jan

Este é o subtítulo do capítulo 7 “Porque somos assim (2)?” do livro de Theodore Dalrymple que é analisado esta semana, o tópico 1 que trata em especial da transcendência, deixamos para a ultima análise, embora o livro não termine ai, embora este título vá até “Porque somos assim (7)?” e depois fala das consequências, porém penso que devemos pensar primeiro porque pensamos assim e onde foi nossa cultura, que é o propósito essencial do autor expresso em outros livros de sua autoria.

Já abordou-se no tópico anterior o aspecto das causas do relativismo contemporâneo: empírico e abstrato, porém sem superar a fundo a dicotomia sobre a verdade lógica (abstrata) e o empirismo científico (válido em laboratórios para específicos casos) que também já tem seus questionamentos tanto na filosofia quanto na própria ciência, vejam o caso anacrônico do vírus, não se pode prevenir porque as mutações não podem ser controladas e a natureza revela sua força também em aspectos negativos, esperamos que o positivo seja reequilibrar a ação desastrosa humana.

É interessante a abordagem do autor, porém ela se restringe à esfera europeia, não há análise nem neste autor nem e outros europeus não há análise da disputa colonial, também na análise mais à esquerda de Slavoj Žižek (escreverei sem os acentos no Z porque para não-eslavos isto é demasiado extravagante), porque a meu ver todas se concentram no poderio do estado e suas soluções paliativas.

A análise da paz, parte da ideia que as duas últimas guerras foram causadas basicamente pelo conflito entre Alemanha e França (iniciadas na guerra Franco-Prussiana, figura), e a União Europeia poderia ser uma “causa da paz” uma vez que uma maior harmonia na Europa poderia destruir as razões dos dois primeiros grandes conflitos. Pensava-se então que ninguém acredita que “a França atacaria a Alemanha, e não o contrário. A conclusão resultante seria seguinte: sem este vasto aparato europeu de contenção, o huno [nome dados aos alemães durante as guerras] voltaria á velha forma” (Dalrymple, p. 111).

O cenário da época do livro parecia estável, e embora seja plausível pensar que uma maior “união” entre as nações signifique menos guerra, não se pensava na possibilidade de saída da Inglaterra da União (o Brexit, iniciado em plebiscito em 2017 e finalizado em 2020), nem numa guinada soviética da Rússia mais recentemente.

Assim as causas da paz, como já defendemos esta tese em outros posts quase sempre resulta de maus acordos de paz, não apenas as tréguas, mas aquilo que prometa um futuro estável, pois foi assim que o mau acordo entre Alemanha e França após a primeira Guerra Mundial, resultou na Segunda, ainda que o estopim tenha sido o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do já frágil Império Austro-húngaro e vejam que esta região pode ser de novo estopim uma vez que Bósnia e Sérvia acenam ao governo russo, e a segunda guerra termina com maus acordos entre a Otan e o Império Soviético.

A entrada de países do leste para a União Européia deveria ser distinta da adesão a força militar da OTAN, este por exemplo é o caso da Turquia, embora a ameaça de sair da comunidade permaneça.

Porém o autor aponta o calcanhar de Aquiles da União europeia, um “fundo de pensão” para políticos cansados e que querem manter seu clientelismo: “depois de terem sido derrotados ou de perder a disposição para passar por rigores do processo eleitoral” (p 117),

Em comparação com o estado soviético, o autor diz que é possível identificar o sujeito alimentado pela EU a um quilômetro e meio de distância: “é um tipo de sujeito que desenvolveu aquele semblante típico dos antigos membros do Politburo soviético”, tendência dos estados atuais a esquerda ou a direita, dentro de uma proposta que é razoável que é uma maior união entre as nações, que deveriam diferir dos estados onde o apetite dos seus membros são satisfeitos por aqueles que melhor sabem gerenciar seus apetites, e isto não leva a uma verdadeira cogovernança nova e verdadeiro gerenciamento do bem público.

Assim a causa da paz que aparentemente viria (em 2010) de uma maior integração de países, as nações continuam em suas diferenças culturais, infelizmente não se realizou, o modelo da Pax Eterna está falido.

DALRYMPLE, Theodore. A nova síndrome de Vicky: porque os intelectuais europeus se rendem ao barbarismo. Trad. Maurício G. Righi. Brazil, São Paulo: É Realizações, 2016.

 

Qual seria a possível ofensiva da Ucrânia

01 jan

Enquanto as negociações de paz não saem da estaca zero, Rússia e Ucrânia traçam suas estratégias, a Russia continua a fazer bombardeios esparsos em todo território ucraniano, no final de semana passado foi na cidade de Uman, centro sul da Ucrânia.

Em setembro do ano passado enquanto russos esperavam ataques no sul próximos a Kherson, a Ucrânia atacou a nordeste próximo a região de Lugansk e Donesk, tudo indica que a grande ofensiva Ucraniana deverá seguir tática semelhante, a Russia retirou suas bases militares da região da Criméia (conforme mostram imagens de satélites), então espera -senovo ataque ao norte, mas será.

Seria lógico pelo confronto anterior, as sangrentas batalhas de Soledar e Bakhmut na região de Dontesk e Luhansk, que a grande ofensiva da Ucrânia prometida para a primavera (aqui no sul nosso outono), que o ataque poderia ser lá, mas tudo indica que poderá ser ao sul.

O problema grave é qual seria a reação russa a um novo avanço ucraniano ? Pode passar dos limites de uma guerra convencional? pior cenário ainda a Finlândia e Suécia lançarem uma ofensiva antecipando um provável ataque russo.

Não se trata de fatalidade bélica, sempre e todo conflito é evitável, a questão é colocar esta ou aquela população em risco de uma guerra total e não pensar no provável revide, afinal é sim verdade que a Ucrânia foi ao extremo por ter seu território invadido, do outro lado valerá o mesmo.