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Segurança alimentar e escalada da guerra
O fim do acordo sobre grãos impede que carregamentos de escoamentos dos grãos produzidos na Ucrânia, em especial: trigo, milho e cevada, com isto o trigo já subiu 8,5% nas bolsas internacionais e o milho 3,5%, pois isto bombardeios em Odessa que ainda é um porto livre da Ucrânia, que fica na ponta oeste da Ucrânia no Mar Negro.
A Ucrânia tem recebido ataques constantes em seus portos e armazéns em Odessa, em resposta realiza bombardeios em armazéns de armamentos e abastecimentos na Criméia e a ponte de Kersh no estreito de mesmo nome que liga a Criméia a Rússia foi novamente atingida. (na foto a catedral de Odessa atingida neste domingo)
No front norte não há grandes avanços da contraofensiva e a propaganda russa diz que suas forças avançaram, enquanto as forças ucranianas admitem apenas um avanço pequeno e lento, muito aquém do esperado, enquanto espera mais armas e munições.
O número de soldados russos e forças aumentou, porém é na batalha aérea que tem um maior poderio, e o resultado final é que em todos os fronts a escalada da guerra se amplia.
Hungria, Áustria e nesta semana a Bulgária enviaram armas para Ucrânia e a tensão da Rússia com a Polônia atinge um nível máximo, através da Bielorrússia que tem fronteira com a Polônia.
Os Brics realizaram sua reunião sem a presença da Rússia, que é um alivio para o grupo, porém isto não significa ruptura com o grupo, a China é cada vez mais aliada russa, o Brasil e a África do Sul tergiversam sobre o tema, enquanto a Índia tenta reforçar seus apelos para a paz.
Uma perda na distribuição de grãos a nível mundial afetará fortemente a América Latina e uma boa parte da África, cujos líderes também tentaram fazer pressão sobre Putin, sem sucesso.
Rússia e China voltaram a fazer exercícios militares no mar do Japão, em função disto Coréia do Sul e Japão se tornam cada vez mais próximos das forças ocidentais e da OTAN.
A venda de José, filho de Jacó
A história de Esaú e Jacó tem continuidade na geração seguinte, entre os filhos de Jacó, agora Ismael depois que lutou com o anjo, José era o mais amado o que gerou inveja nos irmãos que planejam mata-lo mas depois decidem vendê-lo a uma caravana egípcia a um chefe da caravana chamado Potifar, mas José no Egito torna-se prisioneiro porque a mulher de Potifar gostava dele e o envolveu em uma cilada por se recusar a trair seus ensinamentos.
Na prisão ele consegue desvendar os sonhos de um prisioneiro que era copeiro-mor e diz que ele será libertado e torna-se copeiro no palácio do Faraó que também tem sonhos estranhos, e então o copeiro lembra-se de José e ele desvenda o sonho do Faraó que era para armazenar alimentos (na foto como era o mapa deste período).
Os irmãos de José recorrem ao Egito devido a escassez de alimentos e se deparam justamente com José, que os reconhece e manda-os para a prisão, mas acaba por perdoá-los e providencia o trigo que precisavam e diz que tudo aconteceu para que ele pudesse socorrê-los,
Em uma obra de 4 volumes, o famoso escritor Thomas Mann (autor de A Montanha Mágica) escreveu a história de José, filho de Jacó que é vendido pelos irmãos, por inveja, como escravo aos egípcios por 20 moedas de prata, a questão histórica das moedas é importante porque elas apareceriam somente mais tarde, porém ouro e prata já eram usadas nos negócios de escambos.
A obra de Thomas Mann foi escrita para lutar principalmente ao Hitlerismo que crescia em seu país, não se tratava de lutar apenas contra o antissemitismo, mas principalmente percebia um crescente discurso autoritário presente na Alemanha de sua época.
Também o brasileiro Oscar Pilagallo em seu livro “A Aventura do Dinheiro” cita Thomas Mann e também Fausto de Goethe em sua obra, e com isto conta a história de José.
No contexto que desenvolvemos, a evolução da noosfera, a importância do texto de Thomas Mann é que ele consegue entender a influência babilônica nos contos judaicos, assim como depois do Exilio no Egito também sofrerão influências, e posteriormente dos gregos e romanos.
A lição que podemos tirar de José do Egito é que Deus tirou de um mal, um bem maior e redimiu os irmãos de José apesar do crime que cometeram, a história bíblica não é serve para aos que pensam em vingança ou ódio, é puro amor a humanidade.
A lição de Esaú e Jacó
Há um livro de Machado de Assis sobre dois irmãos também chamados Esaú e Jacó os quais um era monarquista e outro republicano, e faziam sua mãe sofrer pela disputa entre os dois, a história narrada pelo alter-ego de Machado de Assis o conselheiro Aires, trata da luta dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo, em intermináveis conflitos e reconciliações desde o útero da mãe até o começo da idade adulta, e também o amor de ambos pela jovem Flora Batista.
Na narrativa bíblica Esaú é mais velho e diz também que Jacó nasce instantes depois segundo a interpretação bíblica “agarrado ao calcanhar do irmã”, por uma estratégia de engana o pai (veste-se com peles pois o irmão tinha mais pelo) e apesar do seu pai Isaque estar cego reconhece a voz, mas acaba enganado e abençoa o filho, na tradição judaica o mais velho é o patriarca que deve seguir o pai no comando do povo hebreu.
Mas Jacó passará muitos anos fugindo do irmão Esaú por tê-lo usurpado e quando vai ao encontro do irmão luta “uma noite inteira com um anjo” que ao final da luta fere-o no nervo da coxa e passa a mancar depois disto, mas ao final da luta consegue o que queria “ser abençoado” apesar do que havia feito (Gênesis 32:26).
Após a luta o nome Jacó será renomeado para Israel pelo anjo, que significa aquele que lutou com Deus e o lugar da luta que existe é chamado Penuel, próximo ao vau de Jaboque (passagem onde o rio é raso), um dos afluentes do rio Jordão (foto).
A figura de Jacó não tem comprovação histórica, porém as doze tribos que nascem de sua descendência, as famosas doze tribos de Israel, cujas mais conhecidas e citada na história e na narrativa bíblica são ao norte: Asser, Naftali e Manassés Oriental, ao centro Manassés, Dá, Zebulon e Efraim, ao sul: Judá, Rúben e Moab (do famoso deserto), dos filhos de Israel tem ainda José (seus Efraim e Manassés), Benjamin e Levi, que eram sacerdotes não tiveram herança territorial.
Formavam um Reino Unido com diferentes tarefas, a historiografia oficial registra como Reino Unido de Israel e Judá, já que da tribo de Judá sairá a descendência de David, e registra-o como no período de 930 a.C. a 730 a.C. quando foi conquistado pelos neoassírios do rei Salmanaser V, que cobrava pesados impostos dos israelitas.
A lição de Esaú e Jacó tanto pode ser relida para a atual polarização mundial, como para povos “irmãos” que lutam por pedaços de terra e poder.
A gênese semítica do ocidente
Geralmente intitula-se nossa cultura e sociedade de judaico-cristã, porém se olharmos a história mais profundamente, a cultura judaico-cristã descende da semítica, e assim tanto árabes como judeus descendem dos semitas, assim como boa parte do norte da África.
Na raiz de três grandes religiões está Abraão: judeus, árabes e cristãos, sua peregrinação começa na Babilônia dos Caldeus, a narrativa Bíblica situa em Ur dos Caldeus, então ali está a neogênese destes três grandes povos, dos quais ficam fora apenas alguns povos orientais onde estas religiões já penetraram e também alguns povos originários onde ainda há sua religiosidade inicial.
Abraão passa por duas grandes crises civilizatórias a queda babilônica e depois de sua peregrinação para a antiga Assíria chegando a cidade de Alepo, que sob escombros da guerra e o terremoto ainda existe na Síria hoje, e depois desde até o vale do Hebron, onde passou por uma segunda crise civilizatória nas cidades de Sodoma e Gomorra, onde havia orgias e decadência.
Retira-se dali e vai em direção ao Egito, e seu filho Isaac continuará também nômade, é famosa a luta de seus dos filhos Esaú e Jacó, Machado de Assis tem um livro com este nome e poderíamos dizer que a polarização da humanidade é mais antiga do que pensamos.
De Jacó se estabelecerá a linhagem das 12 tribos a partir de seus filhos, e da linhagem de Judá sairá David, enquanto da linhagem deste sairá José filho de outro Jacó, e de José nasce Jesus.
A compreensão desta descendência abraamica, com todas as lutas e contradições que aconteceram na história é fundamental para entendermos tanto a cultura cristã, quanto a islâmica e judaica, um diálogo inter-religioso e multicultura é possível se entendermos que a história de um Deus único, assim como um passado histórico longínquo une estes povos.
O fundamentalismo religioso impede este diálogo, o evangelista Mateus que era um cobrador de impostos inimigo dos judeus, refere-se a sua própria conversão assim (Mt 9,10): “Enquanto Jesus estava à mesa, na casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos” e Jesus dirá “são os doentes que precisam de médicos’ e completa o ensinamento dizendo “eu quero misericórdia e não sacrifícios”.
Quanta divisão, ódio e violência em nome de Deus, isto não é religião, é apenas fanatismo.
Mercenários, combates intensos e paz dificil
A guerra no leste europeu continua sendo centro de preocupação para a paz mundial, após alguns avanços do exercito ucraniano, a Rússia voltou a avançar no leste em combate descritos como “ferozes” e avanços lentos dos ucranianos no sul, porém são as ameaças em torno maior usina nuclear da Europa, a Zaporizhzhia que ainda preocupam.
Seguem os debates em torno do grupo Wagner, seus reais objetivos e os perigos tanto para os russos como para o ocidente, já que seus métodos e interesses são impiedosos e cruéis, e pensar que poderiam ter acesso ao arsenal nuclear torna o fato ainda mais perigoso.
O papa envio um bispo para conversas com a igreja ortodoxa russa, que pode ser mediadora também, uma vez que tem acesso a Putin e o diálogo religioso entre as igrejas pode favorecer um futuro acordo d paz.
O envolvimento da OTAN e de seus aliados europeus cresce a cada passo novo na guerra, e agora o chanceler russo Lavrov passou a dizer que Zelensky é uma marionete o que acirra o confronto com a Europa e eleva o nível de tensão.
Até o início do outono europeu (primavera aqui o sul do hemisfério) a guerra deve permanecer intensa, mas com poucos avanços de lado a lado, o problema do outono lá e a proximidade do inverno é que se tornam mais estratégicos devido ao clima, a dependência de energia e um crescente aumento de dificuldades de movimentação no solo, até lá é importante alguma estratégia de paz.
O mundo espera por alguma trégua, porém o cenário é cada vez mais complexo, uma vez que o ocidente, através da OTAN se envolve cada vez mais no conflito, enquanto o desprezo e a crueldade russa com a Ucrânia crescem a cada combate uma vez que as perdas de vidas acirram o clima de animosidade e a situação econômica se deteriora.
O mundo e as pessoas de bom senso esperam pela paz, por uma solução negociada e a retomada da vida pacífica na região, que também melhoraria a condição humana no mundo.
Entre a retórica e o discurso
Predominava até o início do século passado o discurso lógico-idealista que ainda faz parte de boa parte da narrativa contemporânea, mas boa parte está agora esfacelada por narrativas contraditórios e de coesão psicopolítica ou ideológica.
Os gregos a partir da oposição aos sofistas, em especial Aristoteles divida os discursos em 4 tipos: poético, retórico, dialético e analítico.
O poético está relacionado as possibilidades da imaginação, sonha com possibilidades e não é nem irreal e nem delírio, podendo ser utópico no melhor sentido da palavra.
O retórico lida com o mundo do diálogo, usa de modos de persuasão, porém supõe-se que seja fundado em crenças comuns, crenças imaginárias e distópicas de nosso tempo não pode ser confundido com ele, pode ser eloquente, mas não retórico.
Também o dialético aquele que lida com o provável, definir erros e verdades com maior ou menor probabilidade segundo exigência da razão, mas submete-se as crenças à prova mediante ensaios e tentativas de transpassar as objeções, buscndo a verdade entre os erros e os erros entre as verdades.
Por fim o analítico, lida com as certezas e demonstrações certas, partindo de premissas e demonstra a veracidade das conclusões e de forma apodítica a verdade, o debate dialético que supõe Hegel e o idealismo não é apodítico, opõe-se mais como crença do que como verdade.
Poucas palavras, vindas do coração e do sentimento, como exige a poética, de retórica tolerante e respeitosa, de dialética grega que fogem do casuísmo e da dogmática e finalmente de verdadeira fundação apodítica, aqueles que possuem asserções categóricas sobre certo e errado, honesto e desonesto, longe do discurso sofista e vazio.
Se discursar fale com clareza e empatia, se orar fale com o coração e poucas palavras e se pensar olhe antes pelo positivo, generoso e sadio.
Pura retórica não é discurso, nem diálogo nem oração é apenas proselitismo pessoal.
Fenomenologia e o outro
O Outro não é uma categoria contemporânea, entretanto como que ela se realiza a partir da fenomenologia husserliana é algo inteiramente novo, não por acaso Heidegger, aluno e discípulo de Husserl pensou a ipseidade pensou o enraizamento da alteridade na própria “ipseidade” (Selbstheit) (o que diferencia um ser do outro, recusando-se a pensar o “si-mesmo” (Selbst) segundo as categorias da substância e da “identidade” (Identität), assim sua ontologia do Outro é inteiramente nova (dentro da filosofia).
Se queremos tratar da identidade, categoria própria de um período do individualismo e de pretensas totalidades finitas, podemos dizer que numa antropologia moderna mais atual, a “teoria” da identidade deve ser vista como dando ao Outro o aspecto “semelhante” enquanto “ser humano”, mas definido como “diverso” e “desigual” no conjunto de relações interétnicas, interculturais ou interreligiosas.
É este contato entre diversas culturas, religiões e até mesmo posições identitárias ideológicas, que está em jogo o processo civilizacional, não faltam “influencers” e grupos a incentivar um tipo de cultura em repulsa a outro, tratar o desigual e o diferente como “inimigo” e isto nem quer dizer que eles inexistam, numa guerra por exemplo, mas a negação do Outro.
Não faltam filósofos que trataram o tema, aquilo destacamos a fenomenologia de Husserl e suas influências: Heidegger, Edith Stein, destaco Paul Ricoeur (O si-mesmo como um outro) e Emmanuel Lévinas (Ética e infinito) e Hans-Georg Gadamer (Verdade e Método).
Mas também Habermas (O discurso filosófico da Modernidade e A inclusão do Outro) e Byung-Chul Han (A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje) que são muito bons para análise da comunicação e sociedade nos dias de hoje, mas sem uma visão clara do Ser enquanto Ser como na ontologia heidegeriana.
Reconhecer o Outro como tendo uma dignidade e merecendo o respeito, mesmo que em posições diferentes da nossa é o remédio para a falta de empatia nos dias de hoje.
Esperança de paz e armas táticas
Em meio a tentativas internacionais de intermediar a guerra na Ucrânia, vários países africanos liderados pela África do Sul através de seu presidente, visitaram no final da semana passada a Ucrânia e a Rússia, os resultados não são esperançosos, mas cada tentativa de paz é um novo alento e cresce a opinião pública internacional por uma paz negociada e diplomática.
A missão além do presidente da Africa do Sul Ramaphosa, estavam também os presidentes do Senegal Macky Sall, da Zâmbia Hakainde e de Camores Azali Assoumani, além de altos representantes congolenses, ugandeses e egípcios.
Na Ucrânia além de conversas com o presidente Zelensky, visitaram o cemitério onde estão centenas de civis da cidade de Bucha, uns dos maiores massacres promovido pela invasão russa e lá depositaram flores.
No fim da semana visitaram Putin e ouviram a tradicional retórica que a Rússia não tinha outra saída para sua segurança, e que a negociação deve incluir os territórios conquistados na guerra.
A preocupação principal dos países africanos é a entrega de grãos tanto da Ucrânia quanto da Rússia e que uma crise internacional pode afetar a segurança alimentar, em especial, dos países mais pobres, o que inclui a África.
A Rússia concretizou o envio de armas “táticas” para a Bielorrússia, seu tradicional aliado nesta guerra, afirmando que o objetivo não é utilizá-las, mas tem o objetivo “tático” de defender as fronteiras incluindo a de seu Aliado.
O envio de caças e tanques para a guerra é um combustível a mais para a Ucrânia, e já mudou o cenário nuclear, países que optavam por desarmamento e politicas “verdes” abandonam esta perspectiva, um exemplo é a Alemanha que aumentou pela premira vez desde a segunda guerra mundial, seu orçamento militar.
Porém a propaganda interna de Estado, que domina praticamente todos meios de comunicação, é que com armas nucleares a Rússia é mais forte poderá usá-las se necessário.
O conflito já ultrapassou todas as fronteiras, poucos são os países que não se posicionaram, no entanto, a formação de um bloco que deseja a paz é fundamental para uma saída mediada.
Guerra e ações humanitárias
A explosão da barragem na região de Nova Kakhovka, região de Kherson, despertou um sentimento humanitário mais forte devido ao desastre que é também ambiental e que afeta todos os moradores daquela região, incluindo a Criméia que é domínio russo.
Apesar de ser um desafio enorme e perigoso, a Ucrânia é vitima de bombardeios quase todos os dias, muitas organizações humanitárias ajudam as pessoas que vivem lá ou que estão retornando (é grande o número que resolveu correr o risco), segundo a ONG Zoa, a ajuda de diversas ONGs já atingiram cerca de 5,5 milhões de pessoas.
Uma das regiões destruídas ao norte, que faz fronteira com a Rússia e a Bielorrússia é Cherniguive ou Chernigov, lá a ONG Zoa ajuda a reconstruir a vida e dá assistência às pessoas, isto é um modo de encorajar as pessoas a continuarem vivendo lá (foto créditos da ZOA).
A Islândia rompeu relações diplomáticas com a Rússia devido a guerra, Putin promete retaliar.
Certamente a vida na Ucrânia nunca mais será a mesma, e gerações lembrarão deste horror como lembram do Holodomor (1932-1933) no período stalinista, um dos motivos que separa povos que do ponto de vista étnico são próximos.
A guerra entra num período de possibilidade de escalar para outros países e explodir numa nova catástrofe mundial de uma guerra global, a Rússia já deslocou armas nucleares “táticas” para a Bielorrússia, uma ameaça clara aos países que ajudam a Ucrânia.
As tentativas de estabelecer a paz ou um cessar fogo são cada vez mais desesperadas e com poucas chances de sucesso, porém elas continuam acontecendo, neste momento são heroicas.
A etapa dolorosa e perigosa que representa a contraofensiva ucraniana e as ameaças russas, representam os limites de uma guerra total ainda mais cruel e perigosa, muitos países já se posicionam por uma intervenção possível e apoio a um dos lados nesta guerra insana.
O apelo deve ser ao bom senso, aos verdadeiros valores humanitários e ao perigo de uma crise civilizatória sem precedentes.
A guerra saindo dos limites territoriais
Com as tentativas de paz muito limitadas, a guerra no leste europeu ameaça sair das fronteiras, o que torna os limites perigosos, tanto a tentativa de invadir o território russo como desestabilizar a Moldávia, que agora cogita ser um pais membro da OTAN (sua constituição impede).
A Rússia já tem armas e tropas na Transnístria, uma estreita faixa no norte da Moldávia, enquanto grupos soviéticos com apoio da Ucrânia começam a fazer ataques dentro do território russo.
Embora o acesso por terra e mar da Rússia a Moldávia seja limitado, o governo do presidente do país, Maia Sandu, acusou a Rússia de usar “sabotadores” disfarçados de civis para atiçar a agitação em meio a um período de instabilidade política, porém a Russia ganharia um acesso ao sul da Ucrânia, deixando-a mais cercada e frágil.
A contraofensiva ucraniana até o momento parece não ter se efetivado, a região de Donesk que seria um possível alvo não tem se mostrado frágil, com a Rússia defendendo suas posições.
No plano da diplomacia internacional, começa a crescer um alinhamento ideológico, a chamada terceira via, que a China e também o Brasil seria parte, mostram-se cada vez mais próximas do discurso russo de territórios “conquistados” e o discurso da paz fica fragilizado.
A Europa fará nova reunião para a discussão da entrada da Ucrânia na zona do Euro, parece mais plausível que a entrada na OTAN, já que em seu estatuto nenhum país em guerra pode entrar, seria uma exceção grave e a Rússia entenderia uma declaração de guerra aberta.
Aberta porque o envio de caças e armamentos a Ucrânia já é um apoio declarado, os países, entretanto alegam que é para “defesa” do território, e por isto a entrada em território não é bem vista pelos países da OTAN, era condição inclusive para o envio de aviões de caças para a Ucrânia.
A semana será decisiva com a discussão dos países da zona do Euro, e a contraofensiva da Ucrânia, por enquanto muitos ataques a Kiev, alguns atingiram crianças e uma clínica.
Os acenos da paz são cada vez mais difíceis e menos eficazes, o que ocorre é um alinhamento forte em todos os níveis, do econômico ao político, cada lado tenta se fortalecer.