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Média móvel de Covid cai, mas variante já aparece
Segundo dados da FioCruz no mês de março os genomas de casos de Covid avaliados em pacientes infectados pela mutação BA.2 (segunda linhagem da ômicron) cresceu de 1,1% em fevereiro para 3,4% em março, ela é 63% mais transmissível e na Europa e Oriente ela já é dominante.
A média móvel tanto das infecções como de mortes vem caindo (veja o quadro ao lado) porém não há no Brasil nada além de monitoramento, a política de testagem inexiste e os protocolos já estão relaxados, para complicar chegou o frio e o carnaval fora de época que favorece aglomerações.
O frio favorece doenças pulmonares e consequentemente a Covid que causa infecções deste tipo é favorecida, além de outras doenças respiratórias típicas desta época, a campanha de vacinação da gripe ainda está em marcha lenta.
O governo federal diz que faz monitoramento, os estaduais nem isto, a discussão sobre a liberação ou não agora é irrelevante, uma vez que a população por sua conta e risco já relaxou as medidas preventivas e as festas de carnaval, completamente fora de época, vão acontecer, privadas ou públicas.
Resta-nos o cuidado especial privado e a esperança que a taxa de vacinação no país que é bastante alta freie definitivamente o avanço da Covid 19, em meio a outras crises de abastecimento e de preços que surgem no horizonte já bastante preocupantes.
Assim fica na consciência de cada um, uma vez que não é só o problema individual, a pandemia nos ensinou que é um problema de todos, alguém que não se cuida infecta alguém próximo.
A narrativa do totalitarismo
Não se trata apenas da guerra que é o ápice da ação totalitária,a tentativa de submeter povos e governos a uma verdade unilateral, a uma forma de ver o mundo que despreza outras e mais do que fazer uma história do autoritarismo é preciso entender suas origens e sua narrativa.
Foi assim que Hannah Arendt encarou a questão ao escrever em 1951 “As origens do totalitarismo”, ela parecia convencida que após o final da segunda guerra o problema não acabava ali, ali fala do inferno, do pesadelo, da Metamorfose de Kafka, da cebola e até da feiura de um omelete entre tantas outras coisas, quando chegavam às suas mãos as histórias de Auschwitz.
Ao tentar descrever a experiência totalitária o dilema que se deparava Arendt era que essa experiência não podia ser explicada, não pela filosofia política ou pelos conceitos tradicionais, não é como a culminação de um processo do desenvolvimento de algo a partir de um passado.
Lembro uma frase impactante de Lygia Fagundes Telles, falecida estes dias quando completaria 99 em 16 de abril, escreveu: “Não há coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo”, os ditadores e suas narrativas só tem lógica numa propaganda sistemática, e numa claque que de outros fanáticos que o apoiam e com ele se identificam.
Esta forma de narrativa que Arendt escreveu encontrou oposição em contemporâneo como Voegelin sobre o qual ela respondeu: “eu não escrevi uma história do totalitarismo, mas uma análise em termos históricos dos elementos que se cristalizaram no totalitarismo” (ARENDT, 2007, p. 403).
Escreveu também na “Crise da República”, que a primeira diferença fundamental entre o totalitarismo e as demais categorias presentes na história está no fato de que o terror totalitário “se volta não só contra os seus inimigos, mas também contra os seus amigos e defensores”; uma segunda diferença seria sua radicalidade, que o torna capaz de eliminar não somente a liberdade de ação dos indivíduos como faziam as tiranias através do isolamento político., eliminando não só opositores como também aliados pouco confiáveis, há um claro paralelo na guerra atual.
Em sua nota de número 81, Arendt escreveu: “O total de russos mortos durante os quatro anos de guerra é calculado entre 12 e 21 milhões. Num só ano, Stálin exterminou cerca de 8 milhões de pessoas somente na Ucrânia. Ver Communism in action, U. S. Government, Washington, 1946, House Document n o 754, pp. 140-1”, novamente a semelhança com a Guerra atual não é por acaso, e depois de Butcha estes dias Mariupol (foto) poderá ter drama semelhante.
O último tópico do livro de Arendt é: “Ideologia e terror: uma nova forma de governo”, quem tem interesse em evitar totalitarismo é só ler, é provável que alguém tome consciência deste terror.
ARENDT, H. Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Relaxamento de protocolos e Covid 2.0
Vários estados brasileiros liberam até mesmo o uso de máscaras e outros protocolos em ambientes fechados, inicialmente eram apenas ambientes abertos, enquanto vários países tiveram um aumento de casos da covid 19 nos últimos dias, entre eles: Alemanha, Áustria, Reino Unido, China e Coréia do Sul, indicando que poderá haver uma nova onda planetária.
O aumento de casos nestes países acontece num momento em que a BA.2, chamada de ômicron 2.0, uma variante “prima-irmã” da ômicron (a BA.1) começa a tornar-se dominante, no Reino Unido onde há uma política de testagem, os números no período de 27 fevereiro a 6 de março, já a ômicron original atingindo 31,1% dos casos e a ômicron 2.0 em 68,6% de casos.
Quando em 2005 a Web proliferou para todos os usuários ela foi chamada de 2.0, com a política de relaxamento das medidas, a ideia perigosa de tratar o contágio como endemia, a Covid 2.0 é na prática criar a ideia de que haverá uma política de tratá-la como uma doença “habitual” que pode podendo atingir uma população de determinada região, ideia original do negacionismo.
É um fato que socialmente há uma ansiedade pela volta da normalidade, porém a vida social com a crescente crise de mercados, agora agravada por uma guerra, e a volta de aglomerações pode tornar a endemia global, ou seja, não ficará confinada em determinada região.
O número de casos vem caindo no Brasil, porém mais lentamente nos estados onde houve o relaxamento, como foi o caso do Rio de Janeiro, o primeiro a liberar o uso de máscaras e sem anúncio de novo período de vacinação, ainda que ocorra, deve haver um intervalo de 4 meses.
Os especialistas questionam tanto a liberação do uso de máscaras, quanto a ausência de protocolos em ambientes fechados, embora nos transportes coletivos e hospitais permaneçam.
Muitos organismos de saúde, incluindo a OMS manifestam a preocupação com este relaxamento.
É preciso cautela e paciência individual neste novo processo da Covid 2.0.
Que mal fizeram?
Em meio a Pandemia e uma guerra que embora esteja numa região vai se tornando planetária, pelas medidas e posicionamentos, como agora a do tribunal de Haia, que pede um cessar-fogo imediato.
O argumento ideológico não justifica atos de barbárie nem a direita nem a esquerda, a crescente polarização cria um clima de guerra onde até mesmo atitudes humanitárias, e isto inclui a Pandemia, não podem ser negligenciadas sob pena de prolongarmos seus efeitos.
Todo pensamento humanitário deseja uma volta a normalidade, que deve ser outra que não mais nos leve a correria do dia a dia despreocupado com injustiças e calamidades, incluindo a síndrome de Burnout que Byung Chul Han já apontava em seu livro, anterior a “parada” epidêmica.
Não se trata também de levar as pessoas e a sociedade a procrastinação, uma vez que existem problemas sociais e econômicos que exigem uma atitude de trabalho e esforço comunitário.
O raciocínio equivocado: “aqui se faz e aqui se paga”, esconde a crueldade por trás de atitudes que não respeitam os valores humanitários e sanitários necessários a uma volta segura ao que é de fato um humanismo regenerado como tentamos desenvolver nos posts desta semana (na foto o Teatro de Mariupol bombardeado onde haviam civis).
Este raciocínio é comum também no meio religioso, alguém é premiado porque “é bom” e “punido” porque é mal, que mal fizeram as crianças e os civis na Ucrânia, que mal fizeram pessoas idosas, médicos e enfermeiros que morreram na Pandemia e por fim os que agora ainda morrem.
Para os que fazem este raciocínio que não é religioso, pode-se pensar que Deus favoreceu ou puniu alguém, lembro a passagem em que os galileus vão até Jesus dizendo que Pilatos havia matado pessoas e misturado seu sangue com os sacrifícios que eram oferecidos a falsos deuses.
Vendo o raciocínio do tipo “Deus os puniu”, Jesus lhes responde (Lc 13,2): “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? 3Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”, para dizer que a crueldade e o pecado podem espalhar a crueldade pelo mundo.
Cita a tragédia conhecida na época, da morte dos operários que trabalhavam na Torre de Siloé que caiu e explica que eles foram vitimas na tragédia e eram apenas trabalhadores.
Condenar a crueldade, prevenir com ações atitudes sanitárias e humanitárias é evitar estes males.
Sobre a Guerra e a cegueira
É sempre cego ou apenas egocêntrico aquela incapacidade de olhar o Outro, querem sua atenção apenas para exigir seus dotes e seus feitos, assim são egocêntricos, porém a cegueira social e cultural é mais ampla, nela está a incapacidade de aceitar culturas e povos diferentes, dizem eles não constituem um grupo relevante ou não tem uma cultura avançada, onde a questão do avanço depende apenas do referencial, o mais comum em ambos casos é reclamar o olhar do outro sobre si, sem que haja o recíproco.
O ensaio sobre a cegueira de José Saramago, já postamos aqui fala desta cegueira social vista como um vírus que se espalha e começa cegar a todos, e que foi transformado em filme pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles, com roteiro de Don McKellar, e chamamos o nosso post-ensaio de Intermitências da Morte, outro ensaio de Saramago.
Camus também descreveu em seu romance A peste, sobre uma doença que atingiu seu país natal (era argelino) e que via que chega-se uma hora em que a verdade parece ofender a todos, até mesmo os outrora sensatos: “mas chega uma hora na história em que aquele que ousa dizer que dois e dois são quatro é punido com a morte” pois é “uma ideia que talvez faça rir, mas a única maneira de lutar contra a peste é a honestidade”, esta virtude esquecida e até ironizada nos dias de hoje.
Diz Camus que ultrapassar o medo e a dor “compreendi que toda a desgraça dos homens provinha de eles não terem uma linguagem clara. Decidi então falar e agir claramente, para me colocar num bom caminho”, isto implica não apenas em sabedoria e coragem, mas também ultrapassar a cegueira humana.
Numa passagem mais contundente dirá o autor: “Os homens são mais bons do que maus, e na verdade a questão não é essa. Mas ignoram mais ou menos, e é isso que se chama virtude ou vício, sendo o vício mais desesperado o da ignorância, que julga saber tudo e se autoriza, então, a matar”, mas então se faz o ódio e a guerra.
Este parece ser um caminho sem volta pelo qual trilhamos, não apenas no pavio aceso na Ucrânia e na Rússia, mas em toda humanidade, a cegueira do tempo das guerras parece ter voltado a toda e todos estão apontando o dedo uns para os outros, e Karl Klaus avisava aos jornalistas (antes da 1a. guerra mundial) que também embarcavam na onda: “A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou.
Também na Bíblia não falta esta metáfora: o cego Bartimeu que implora a visão, a cura do cego de nascença (incrível porque não tinha um sistema cognitivo para enxergar) e foi lavar-se no tanque de Siloé e os dois cegos da Galileia, é claro para a maioria dos teólogos que esta cura é para ver a verdade que os homens se recusam a ver: o Amor e a Paz.
As polarizações regionais e nacionais aos poucos se tornam mundiais e a sensação de que o outro é que vai “se ferrar” é a crescente e pura cegueira, todos nos ferraremos.
Quadro de Covid-19 é indefinido no Brasil
Enquanto seguem as apostas numa queda da Covid-19, enfatizamos que seria mais seguro pensar num segundo semestre em relação aos protocolos em especial de distanciamento, o quadro de mortes mostra uma indefinição neste mês (veja o gráfico), e o estudos sobre a nova variante ômicron BA.2 ainda estão no início, e a OMS investiga outras subvariantes, embora a BA.2 tenha apontado com a principal no aumento de novos casos, no estado de São Paulo já foram detectados 3 casos.
Ela está sendo chamada de “ômicron furtivo” (stealth) por conseguir escapar das vacinas, com gravidade menor, porém as subvariantes ainda estão sendo estudadas, tanto a gravidade (que por enquanto é menor, mas não deixa de ser letal), enquanto se observa neste mês de fevereiro a ômicron é dominante e um aumento dos da subvariante BA.2.
Enquanto a maioria dos estudos aponta para menor gravidade, cientistas do Japão das Universidade de Tóquio, Kumamoto, Hokkaido e Kyoto apontam que a subvariatne pode ser mais agressiva que a original, porque afeta mais gravemente os pulmões, e já sabemos que este tem sido o fator mais grave, e por isto chamado de SARS-Covid (SARS, Síndrome Respiratória Agude Grave).
Em nossos círculos de relacionamentos todos os dias recebemos notícias de funcionários em trabalho presencial, professores e alunos infectados, como há pouca testagem muitos casos nem são contabilizados, pois há muitos casos assintomáticos.
Kei Sato, pesquisador da Universidade de Tóquio que conduziu o estudo, argumentou que o mais importante neste momento seria monitorar mais de perto e “estabelecer um método para detectar a BA.2 especificamente seria o primeiro passo” em muitos países, conforme já havíamos postado ter uma política de testagem neste caso “nova”.
Se olharmos os dados da Dinamarca onde os casos de BA.2 são muitos altos (dados do Our World in Data
Continuamos pedindo um protocolo mais claro, com distanciamento e política de evitar aglomerações, porém parece que por razões políticas isto foi abandonado.
Horas de tensão para a paz
O presidente da Ucrânia Voldymyr Zelenskiy afirmou no dia de ontem (14/02) ter ouvido que a quarta-feira será o dia fatal para uma possível invasão russa, e chamou o povo a “unidade” e a manifestar-se este dia pela Ucrânia e pela paz, ele tenta minimizar a possibilidade de um ataque e se mostra disposto a fazer concessões para a paz.
Do outro lado a Rússia afirma também estar disposta a paz, mas ao contrário de concessões reafirmar suas exigências, entre elas a não inclusão da Ucrânia na OTAN, que seria uma ameaça ao território russo, Putin esconde o que todos sabem sobre os desejos expansionistas, que na visão russa é apenas a reintegração de seus territórios do tempo da URSS.
Crescem os aparatos bélicos nas fronteiras da Ucrânia, não apenas ao norte na fronteira com a Rússia e a Belarus, mas também ao sul na região da Moldávia e no território da Criméia que está sob a posse russa, mas que é reivindicado pela Ucrânia, também nestes países as delegações diplomáticas americanas estão sendo retiradas.
O padrão do discurso russo é repetitivo, assim como o do Ocidente (EUA, Alemanha e Reino Unido, principalmente), apenas a França e a própria Ucrânia admitem concessões, do lado russo há uma lista de reivindicações para uma possível paz enquanto faz a retórica de que não desejam a guerra, além do apoio chinês, também a Argentina além da aliada Venezuela e o inesperado apoio brasileiro parece dar força aos desejos russos, Bolsonaro está em visita ao país em tempos conturbados.
Não haverá paz sem concessões, e tanto do lado russo que diz que há chance para paz se suas exigências forem aceitas, como do lado aliado que diz que a resposta será rápida e severa, mais parecem preparar a guerra do que dispostos a qualquer acordo de paz.
São dias tensões, em especial para o povo ucraniano, mas também para boa parte da Europa, a Rússia tem uma base de mísseis nucleares supersônicos Zircon, tanto no exclave (território descontínuo da Rússia) quanto próximo a Criméia no mar Negro, estes mísseis que foram testados no final do ano passado podem alcançar os países da Europa e são mais rápidos que as baterias antiaérea internacionais, além da questão de carregaram capsulas nucleares.
Apesar de ter um grande exército, o exército ucraniano é muito inferior em tecnologias e armas, o apoio da OTAN é apenas estratégico, mas o povo resistirá (foto)
Mais do que concessões é preciso entender as inseguranças e visões de lados opostos, não se pode chegar a um acordo sem a capacidade de enxergar o “outro lado”.
Felizes os que promovem a paz
O ciclo peste, fome e guerra em qualquer ordem que ele tenha acontecida na história é retroalimentado porque sucumbem as forças que promovem a paz e entre elas estão também as forças espirituais verdadeiras que desejam o progresso da alma humana, que é inseparável da substancialidade da vida, não apenas humana, mas de todo planeta.
O século XX além da segunda guerra mundial, todos que a viveram narram o horror deste período e as privações que passaram, em especial os mais pobres, foi marcado também pelos regimes autoritários e Franco, Salazar e De Gaule na Europa, as lutas de libertação coloniais, e a guerra civil na Espanha, todos envoltos em atrocidades e muitas mortes.
Com um fim da pandemia próximo, porém é preciso ressaltar que ainda avança no hemisfério sul, um ciclo de privações sociais se aproximando uma guerra seria o menos desejável e não há forças diplomáticas que consigam evitá-la, quais seriam as consequências de uma insanidade deste tipo é para todos os analistas, imprevisível em proporção e extensão.
Há nos subterrâneos das sociedades forças que lutam pela paz, o pronunciamento de hoje (11/02) do Papa Francisco é uma destas forças, porém mesmo no interior de religiões e espiritualidades (já discorremos sobre as verdadeiras asceses) há aqueles que sadicamente (porque não viveram e não leram testemunhos da guerra) não se incomodam com este perigo.
O papa disse de maneira contundente: “a guerra é uma loucura”, e pede o diálogo, várias tentativas diplomáticas foram feitas porém as vias de algum acordo bilateral parecem estar fechadas, de certa forma porque as partes não parecem dispostas a ceder em pontos problemáticos (a presença da Otan e da própria Rússia na Ucrânia, por exemplo), o papa também pediu que este diálogo fosse “sério” e que realmente cada lado estivesse disposto a ouvir e a ceder para um possível acordo.
Com o passar das horas as tentativas parecem estar se esgotando, aos cidadãos comuns de ambos países, aos pobres e aos vulneráveis, em sua maioria jamais aprovariam uma guerra, resta a esperança e a fé de que sejam minimamente poupados se o absurdo acontecer.
As vésperas de um mundial de clubes de futebol, onde a disputa se encerra com o final de uma partida e em meio as Olimpíadas de Inverno, apesar de todas rivalidades, neste caso o desejável é que além das torcidas em lados opostos, tudo se consuma a partir de determinado ponto final, e neste caso a torcida de dois ou mais times, é mais humana que a disputa insana por territórios e vantagens bélicas de uma guerra de consequências imprevisíveis.
Diz a liturgia bíblica, na passagem em que Jesus encontra seus discípulos e uma multidão numa planície (todos no mesmo plano) de Tiro e Sidônia (Lc 6,20=21): “bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!” e explica que os ricos e poderosos já tiveram o consolo neste mundo e os falsos profetas que são aplaudidos, porque não tiveram coragem de dizer a verdade.
Tenhamos esperança que um resto de serenidade, tolerância e equilíbrio restem nas grandes forças bélicas mundiais e a guerra seja evitável.
Pequena história da Ucrânia
No século III a região foi habitada pelos godos (250-375), a região era chamada de Aujo, ali havia uma cultura cherniacove, os ostrogodos se estabeleceram em 350 com influência dos Hunos, ao norte havia um povo que tinha uma cultura de Quieve (depois mais tarde Kyiv ou Київ).
A origem da Ucrânia de hoje está em tribos eslavas que chegaram a este território nos séculos V e VI, no século IX chegaram invasores vikings, chamados variagi, os mongóis invadem em XIII, o rei Igor I com uma jovem adolescente variagi chamada Olga uniu os povos, este reino chamado Rus tinha como capital Kiev, o rei vai ser morto e Olga assume o poder com grande vigor e coragem, e domina os povos, Olga ocupará um papel especial e depois se converterá ao cristianismo com grande obra a favor dos pobres.
Olga é um capítulo a parte, depois de ser uma rainha forte e até certo ponto cruel com seus inimigos, o filho assume o reinado e ela se converte ao cristianismo, construiu igrejas, fez campanhas de evangelização, não conseguindo, porém, converter o filho Sviatoslav (Esvetoslau I), ajudou de tal forma os pobres e as pessoas doentes que se tornou uma santa reconhecida pela igreja ortodoxa no ano e pela igreja católica de rito bizantino, seu filho não se converteu, porém seu neto Vladimir I se converteu e também foi declarado santo.
Os variagi comandavam vários pontos estratégicos na Rússia e exploravam o transporte e o comércio, assim durante o século X e XI, o território da Ucrânia tornou-se centro de um estado poderoso e prestigioso na Europa, chamado na época de Rússia de Kiev (lembre era o reino de Rus) e também foram base para muitas nações eslavas subsequentes (como a Grande Bulgária e a Bielorussia, por exemplo), além dos próprios russos que eram então apenas tribos eslavas dispersas.
O estado foi conquistado por Casimirio IV da Polônia, enquanto o cerne da antiga Rússia de Quieve passaram ao controle do Grão-Ducado da Lituânia, mas o casamento do Grão-Duque Jagelão da Lituânia com a Rainha Edviges da Polônia, trocou o controle dos soberanos lituanos para a maior parte do território ucraniano e assim retornou a Ucrânia.
Damos um salto na história, que é também rica do período medieval, uma guerra civil que durou 4 anos depois da revolução russa (1917) em 1921 a Ucrânia se torna república socialista soviética, com expurgos e apropriações de terras que os agricultores ucranianos se recusavam a entregar, a Ucrânia é uma grande produtora de grãos.
O período stalinista e a ocupação nazista de seu território, que causaram mais de 10 milhões de mortos entre 1930 e 1945, a Ucrânia resistiu a coletivização russa e a invasão nazista, a Ucrânia no período soviético era responsável por ¼ da produção soviética no setor agrícola produzindo 40 milhões de cereais, um recorde para a época.
Por fim a problemática do território da Criméia, que tem origem na guerra de 1853 e 1856 onde houve um conflito entre a Rússia e uma aliança formada pela França-Reino Unido-Reino da Sardenha (hoje parte da Itália), em 2014 a guerra renasce com a tomada pela Rússia, seja esclarecido que havia um contrato entre a Ucrânia e a Rússia numa espécie de leasing para concessão do porto dos balcãs onde está a maior frota marítima da Rússia, em Sebastopol que era assim um território independente da Ucrânia.
Assim entre as análises mais absurdas, está aquela que diz que a Ucrânia seria inviável como estado independente, está fragilizada por uma guerra interna e sob pressão Russa.
Pandemia aumenta e países relaxam
A notícia é da BBC em português diversos países (Reino Unido, França, Holanda, Dinamarca, Espanha, Áustria, Finlândia, Bélgica, Grécia e Suécia), cansados da alteração da rotina muitos países, ambientes e até mesmo sanitaristas relaxaram no controle porque o isolamento é de fato difícil, no Brasil o número de mortes voltou a casa de milhares.
A pressão na realidade é política e econômica, e as autoridades se virão sob pressão de reabrir a economia e com isto liberar ambientes de comércio e convívio social, porém o custo econômico também poderá ser grave com o número de pessoas que vão se afastar, mesmo que seja por casos menos graves, é visível em alguns setores, no caso do Brasil, que muitos funcionários contraem o Covid na variante Omicron, e neste caso devem se afastar por ao menos 10 dias, mas também aqui foi reduzido para 5 dias, ou seja, menor precaução e mais contágio.
Na terça-feira passada (1/2) a OMS declarou a preocupação com este relaxamento, mas os comissários e sanitaristas europeus se apressaram em dizer que o fim da pandemia está próximo, há pequenos sinais de que o pico (ainda estamos nele) possa atenuar, mas é cedo demais para inferir que podemos relaxar, o normal seria esperar a curva baixa (gráfico).
Segundo a Agência Brasil o brasil registrou 197.442 mil casos na sexta-feira e 1.308 mortes em 24 horas, isto totaliza 26.473.273 casos e 631.802 óbitos, pelo alto número é muito improvável que os casos sejam apenas de não vacinados ou de crianças.
A vacinação das crianças em sua grande maioria ainda é a primeira dose, e em muitos estados no dia de hoje já estarão de volta as aulas, podiam ao menos esperar um pouco, mas os países que retornam aos postos de trabalham precisam ter onde deixar os filhos, assim a motivação também é econômica e não de preocupação de fato com as crianças.
É muito provável que a Pandemia entre num ciclo de arrefecimento, talvez não desapareça completamente, porém os cuidados deveriam ser mantidos e não é o que se observa, a menos de alguns países asiático onde procura-se elevar a tolerância a zero, um exemplo são as restrições da olimpíada de Inverno e no mundo árabe, o Campeonato Mundial de Clubes disputado em Abu Dhabi que são notícia no mundo todo, basta fazer uma comparação das medidas lá e as medidas aqui.