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Arquivo para outubro 2nd, 2018

Luta pela paz, com mansidão e justiça

02 out

A história da humanidade é até os dias de hoje uma história de guerra do Mesmo contra o Outro, o livro A expulsão do outro de Byung-Chul Han não é senão a constatação desta realidade.

É nosso destino, uma fatalidade, penso que não, quando mais se falou de paz se fez a guerra, talvez quando mais se fale de guerra possa ser pensada a paz, a Terra como pátria humana.

Os desafios são imensos, e os medos crescem a cada novo governo autoritário, é bom que se diga também há ilhas de esquerda, e fortaleza de direita que não são senão pessoas “eleitas”.

Não penso em resistência nem em oposição, continuo a pensar em transformação, o grande retrocesso que acontece em toda humanidade, se fosse localizado seria fácil tem uma só leitura: não conseguimos ir a frente, os saudosistas dizem: “como era bom aquele tempo”, qual ?

Lutar pela paz deve ser também pela justiça e contra toda sorte de opressão, engrandecer a sabedoria simples e entender que é preciso profundidade para ser simples, uma “sofisticação” como disse Leonardo da Vinci, e estabelecer um espírito de mansidão onde seja possível pensar.

Sem deixar de perceber uma dose excessiva de autoritarismo é hora de perguntar, qual o lugar exato do estado na vida cotidiana? sua abrupta interferência até na vida pessoal não é senão uma forma de autoritarismo? temos câmaras e radares a cada quilômetro, não é exagero.

Armas para a paz, não faz o menor sentido, mais armas mais violência, nunca o contrário.

Lembram as bem-aventuranças bíblicas Mt 5,5: “bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”, claro o que vejo hoje é o poder na mão de raivosos e autoritários, mas não é o fim.

O verso longo seguinte é praticamente um alerta para a justiça Mt 5,6: “Bem-aventurados os que têm fome e se de justiça, porque serão saciados”, e, mais a frente Mt 5,9: “os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”, será que o humanismo morreu ?

O fato que todos, ou pelo menos uma grande parte da humanidade, tem uma percepção que algo precisa ser feito com urgência para superar os “perigos contra a humanidade” nos desafia.

É urgente uma governança mundial, e não menos urgência programas de distribuição de renda.

O colapso ecológico, e nas grandes metrópoles também o urbano pedem medidas mundiais.

Lembro as duas bem-aventuranças como estímulo para aqueles que lutando pela humanidade sofrem perseguições, injustiças e calúnias.

Mt 5,11 “Bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim”, isto é cristianismo, o resto maldade.

 

O estado em eterno retorno

02 out

Já apontamos em diversos posts as premissas e seus equívocos da visão idealista de Estado, agora em cheque devido a emergência de governos autoritários, corrupção e crises em ciclo quase intermitentes em muitos países.

Comecemos por Hobbes para o qual a filosofia tinha um fundamento prático (é o que dizem alguns hoje, pasmem), ou seja tem que ser útil e assim descarta toda e qualquer visão que possa ter aspectos de metafísica, e junto com ela espirituais ou teológicos.

A visão Hobbesiana não é diferente de Maquiavel (também invocado atualmente), no sentido de favorecer a ideia de soberano, ainda que o estado centralizador deste período tivesse a tutela dos monarcas, essencialmente não difere de certos “imperadores” de hoje, desde a maneira de se vestir (o imperador está nú) até a postura, de um Putin, por exemplo.

A ideia da contenção coercitiva do estado para a “paz eterna” visão pacificadora da modernidade não é senão aquela que Mostesquieu chamou de “Espírito das Leias”, ou seja, a paz será eterna com um estado forte e coercitivo, não é o que bradam nas ruas atualmente (alguns).

A passagem do “paleolítico” desta paz que levou a duas guerras para o “neolítico” do estado social, ou Welfare State não deveria ser novidade, mas é, porque ele não completou seu ciclo, a triste realidade é que nem pode completar porque a concentração de renda só aumenta.

O triste é que a solução está logo ali na esquina, uma boa vontade política e uma ideia mais clara de que não é necessária uma revolução sangrenta, mas isolar do estado aqueles elementos nocivos que não deixam a sociedade respirar, não falo só dos aspectos econômicos (que incluem a corrupção), mas principalmente do conceito de estado “coercitivo” em moda.

Voltamos ao ciclo anterior, até mesmo da “Riqueza das Nações” que Adam Smith falava e que Marx leu (que na época fazia sentido), mas isto economicamente é inviável num mundo com economia globalizada.

Voltemos a coerção, que inspira tantas vozes autoritárias (até de esquerda), sem a solução conjunta do problema econômica ela sofre uma escala crescente de violência sem volta, e a pior, arma mais e mais forças escravizadoras da “mão de obra” disponível na informalidade.

O que faz uma parcela consciente da sociedade, entra na onda de violência não apenas verbal, mas física e moral que interessa aos grupos autoritários que almejam o poder, para voltar ao velho estado moderno da “coerção” e “paz eterna”.

No caso brasileiro é crítico, entrou-se por este caminho e já parece sem volta, espero que não.