Imunologia e a verdadeira ascese
“Sistemas imunológicos são expectativas de danificação e violação, somatizados ou institucionalizados, que se baseiam na distinção entre o próprio e o estranho” (Sloterdijk, 2009, p. 709).
É fácil e possível reconhecer um sistema imunológico por uma metáfora do organismo biológico individual, este é o passo novo de Sloterdijk, ele vê em suas “Esferas” o indivíduo em círculos concêntricos cada vez maiores, criando dois sistemas imunológicos, e depois expandem na perspectiva cooperativa e convivencional.
A existência humana é um sistema imunológico social, e segundo o filósofo alemão quando funciona, segurança jurídica, prevenção social e sentimentos de pertencimento além do pequeno círculo da própria família, ele pode expandir-se.
O terceiro, por isto postamos sobre o mal simbólico-ontologico, entramos num plano no qual a validação das normas intergeracionais, compensa (e recompensa) a certeza da morte individual e estabiliza a imagem do mundo, parece um plano ainda individual mas não é, é uma ascese na qual “expurgamos” o mal ontológico.
Assim como o sistema imunológico biológico, tanto o sistema solidário como o simbólico podem passar por crises e superá-las (claro que podem fracassar também), o que significa esta morte individual ? no caso dos dois sistemas imunológicos sociais, é a morte e ressurreição coletiva.
Na passagem bíblica dos 40 dias de deserto de Jesus, se admitimos este humano como Deus não precisaria fazer isto, ele faz sua morte individual, é significativa a passagem em Marcos 1,12-13 “ … o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam”, depois começou sua vida pública, diria “coletiva”.