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O pensamento quântico e a nova visão do cosmos

11 jun

A física quântica passou a lidar com as ideias de matéria e energia muito diferente daquilo que herdamos da física clássica, ao olhar em escalas subatômicas e situações como a efeito de tunelamento (tunneling) e buracos de minhocas (wormholes) as nossas intuições e formas de pensar sobre natureza, realidade e espiritualidade mudam profundamente.

Boa parte do pensamento ainda está atrelado a visão idealista de matéria e energia, e as observações do megatelescópio James Webb parecem ir mais longe sugerindo que a teoria das cordas (uma visão nova da matéria como vibração) e o paradoxo da informação dos buracos negros (na verdade a informação não se perde ali e sim algo “escapa” do seu aprisionamento).

Embora o modelo da Física Padrão tenha estabelecido a principal unificação das partículas subatômicas, e a descoberta do bóson de Higgs no experimento do CERN foi um passo fundamental, ainda restavam as explicações da matéria escura e dos buracos negros.

A teoria das cordas (figura acima) é uma das principais candidatas a essa unificação, pois apresenta uma conexão entre as forças fundamentais do cosmos.

O problema central é a unificação da teoria da relatividade de Einstein e a Física Quântica que tem inúmeras questões já resolvidas como o fenômeno EPR, nome dado pelo artigo de Einstein, Podolski e Rosen, que contestavam o efeito “fantasmagórico” da energia, cuja equação matemática é chamada de Desigualdade de Bell, um problema que estabelece que seria impossível ter o mesmo resultado de medição em duas partes de um sistema quântico, independente da distância que separa as duas partes, em 2022 Alain Aspect ganha o Nobel ao provar isto.

Os princípios da relatividade especial estabelecem que a informação não pode ser transmitida mais rapidamente que a velocidade da luz, por isto um efeito igual “a qualquer distância” seria algo fantasmagórico e isto questiona o princípio do comportamento do quantum sem distância.

Já a teoria da relatividade geral não consegue explicar a teoria do Big Bang, nem o comportamento dos buracos negros, Stephen Hawking criou uma teoria chamada de Paradoxo da Informação, que propunha matematicamente que a informação escapa da voracidade dos buracos negros.

A ideia de Hawking era apenas a ideia de radiação térmica, ou calor que escaparia, no entanto não carrega nenhuma informação sobre a origem do buraco negro ou a matéria que engoliu.

A teoria das cordas foi desenvolvida na tentativa de unificar essas duas principais teorias da Física Moderna, foi primeiro proposta em 1919, por Theodor Kaluza, depois houve uma inovação feita por Edward Witten entre 1994 e 1997 e agora algo que está sendo chamado de “cabelos” quânticos, onde a informação escapa dos buracos negros.

A ideia do cabelo surgiu pelo seu inverno, o físico John Wheeler dizia que os buracos negros não têm características distintivas, nenhum “penteado’, ‘corte’ ou ‘cor’ para diferenciá-los.

Entretanto Calmet e outros, em artigo de 2022 intitulado “Quantum Hair from Gravity”, descobriram que os buracos negros podem de fato “ter cabelos”, embora muito sutis, em 2023 avançaram um pouco mais mostrando evidencias de sua criação em buracos negros.

Inicialmente mudamos nossa visão de espaço e tempo, depois nossa visão de matéria e partícula, agora encontramos algo mais profundo que o universo não perde nenhuma informação, os cálculos matemáticos e as observações cósmicas são complexas, mas estamos cada vez mais perto de desmontar o edifício idealismo do dualismo físico e real.

CALMET, Xavier, Casadio, R., Hsu, Stephen D.H., Kuipers, Folkert. Quantum Hair from Gravity. Phys. Rev. Lett. 128, 2022.

CALMET, Xavier, Hsu, Stephen D.H., Sebastianutti, M. Quantum gravitacional to particle creation by Black holes. Physics Letter B 841, 2023.

 

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