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A Natureza em Spinoza
Baruch de Spinoza (ou Espinosa como querem alguns) (1632-1677) foi um filósofo holandês de descendência portuguesa (não português como querem outros) cujo racionalismo teve muitas particularidades, uma delas a visão do Uno com a natureza.
Ele dizia que tudo é governado por uma necessidade de lógica absoluta, que nada ocorre por acaso no mundo físico, assim tudo o que acontece é uma manifestação da natureza imutável de Deus, portanto é vontade de Deus, apesar de ser excomungado pelos judeus e cristãos.
Mas a razão principal de sua excomunhão era uma espécie de panteísmo, embora hoje cada vez mais a igreja e muita gente esta revendo a visão “antropocêntrica” que temos da natureza.
Seus racionalismo, diferente do de Descartes e próximo de Leibniz que como ele era monista, pode ser expresso assim: ’A Natureza inteira é um só indivíduo cujas partes, isto é, todos os corpos, variam de infinitas maneiras, sem qualquer mudança do indivíduo na sua totalidade’’. (Idem, Prop. XIII, escólio, L. II, p. 155).
O problema dos religiosos e racionalistas egóicos cartesianos, é que ele via a natureza como inteligente, ela pensa e este pensar é a próxima essência de Deus, aqui é a origem da acusam contra ele de panteísmo, mas ele parte de um princípio inquestionável para os crentes, e de certa forma razoável para uma razão que se proponha universal, tudo parte do Uno, que para ele era Deus, mas se pensamos somente no universo, há uma natureza uma, e daí vem tudo.
Então qualquer que seja o modo como pensamos e analisamos a natureza, mesmo como rex extensa que queria Descartes, o ato de pensar ou qualquer outro atributo, só encontra alguma ordem lógica se há uma única união de causas, uma só realidade: esta realidade é o Uno, como querem agnósticos, ou mesmo que Deus seja qual for a religião.
Sobre a necessidade da existência de Deus, escreveu Spinoza: “Da necessidade da natureza divina podem resultar coisas infinitas em número infinito de modos, isto é, tudo o que pode cair sob um intelecto divino’’. (Espinosa, Ética, Prop. XVI, p. 100 ).
Com este raciocínio, Spinoza chega a conclusão que é o amor a Deus deve ocupar o primeiro lugar na mente do homem, digo da seguinte forma: ’Não existe nada na natureza que seja contrário a este amor intelectual, por outros termos, que o possa destruir’’. (Idem, Prop. XXXVII, L. V, p. 303).
È certo que teve muitos erros, mas é preciso lê-lo dentro do seu tempo, com Giordano Bruno, Leibniz e Descartes.
SPINOZA, Baruch. Ética, Tratado Político. São Paulo : Abril Cultural, 1978, Col. Pensadores.