A primeira dicotomia sujeito vs objeto
A uma coisa que é certa: Kant opunha a “coisa-em-si” ao “fenômeno”. O “fenômeno” é, segundo Kant, a manifestação objetiva e concreta da realidade conforme constatada pelo ser humano de uma forma intersubjetiva através da percepção (dos sentidos); o fenômeno é o objeto, com o qual o sujeito interage, então precisou inventar um sujeito transcendental que liga a coisa ao sujeito, e o pior virou religião para muitos.
Portanto, o fenômeno é a coisa, e a “coisa-em-si” é a essência da coisa, mas o sujeito não precisa transcender para interagir com elas, basta ter instrumentos científicos.
Ora, a essência da coisa ou a “coisa-em-si” poderia ser a composição quântica de um objeto macroscópico se Kant não tivesse dito que a alma humana é a “coisa-em-si” do fenômeno “Homem”, criou uma alma individualizada que nem alma é.
Aqui, a coisa complicou-se ainda mais por seria muito mais credível a teoria dos mónadas de Leibniz do que a “coisa-em-si” de Kant, um ente que não é Ser.
A partir da “coisa-em-si” de Kant (o modelo do imperativo categórico seria ele mesmo) desenvolveram-se os conceitos mais abstratos do idealismo, como é exemplo o conceito de “coisicidade” de Heidegger, que vem de seu professor Husserl.
Segundo Heidegger, a coisicidade é a noção das “coisas enquanto coisas” para Husserl e Heidegger, a coisicidade é conjunto da coisa e da “coisa-em-si” , o que permite a coisa Ser como “dois em um”, mas como uma pra que é além de que o ser humano, que é objeto de outro, passar a ser uma coisa e a fazer parte da coisicidade; a única coisa que não faz parte da coisicidade é o Das Sein ou tudo junto Dasein que é a presença existencial subjetiva mas ligada ao Tudo e ao Todo, embora existe o Eu e todo o resto.
Se Kant ainda fazia a distinção entre um e outro ser humano que não eu, e as coisas, Heidegger passou a dizer que a única coisa que não é uma coisa sou eu (se não estiver a acompanhar o raciocínio não se preocupe porque não perde nada com isso).
Partindo do princípio de que Kant concebia a alma (humana) como algo imanente (no sentido de imanência que é atribuído pela filosofia quântica, no sentido do formalismo da física quântica), o que parece ser o caso, então Kant concebia, em termos científicos atuais, a alma como a composição quântica de cada ser humano em particular, embora seja uma metáfora parece verdadeira, mas seria a alma corpórea ?
Creio que sim, mesmo no sentido Kantiano pois podemos senti-la no Outro, então a metáfora melhor seria corpo e não a redução a “coisa-em-si” abstrata.
As questões das simetrias remetem a estes assuntos, há muitas leituras a respeito.