Dialogia e o diálogo possível
O termo foi tratado por Baktin e Martin Buber, e portanto, pode ultrapassar barreiras ideológicas ligadas ao primeiro, era um marxista, e religiosas, ligada ao segundo, que era um judeu interessado em questões religiosas, mas fundamentalmente um educador.
Por último podemos lembrar Paulo Freire para quem o diálogo era essencial no processo educativo, e assim verificar que há na natureza humana um caminho possível dentro de contrastes, contraposições e embates. Para explicar esta reliade, Buber percorreu um caminho desvelando o que existe entre um homem e Outro, algo que chamou de zwischenmenschlich (ou o entre os homens ou ainda, o interhumano), nela a verdade assume uma dimensão corpórea e portanto real. Nesta esfera interhumana uma característica essencial é a espontaneidade, e para isto toda aparência ou “dissimulação” seria fatal, no diálogo autentico o Outro se afirma como aquilo que realmente é e se confirma com sua natureza, e este se torna dialógico.
Para Buber o homem atual, está conjugando sua existência no relacionamento unidirecional entre o Eu (egótico) e um objeto manipulável (Isso), contrapôs a isto um EU-TU nome do seu livro e para ele “aquele que vive somente com o Isso não é homem” (Buber, 1977, p. 39), mas Isso pode ser qualquer coisa “ideal” isto é qualquer “Algo”. Para Baktin, o mundo está povoado de vozes de outras pessoas, e estas vozes são as palavras com os sentidos “enunciados”, procuro toda orientação do mundo através de palavras alheias, e este processo de aquisição da fala é que me permitirá a aquisição de todos os tesouros da cultura (Bakhtin, 1979, p. 347).
Assim como Buber, também para ele, o “eu” só existe na medida em que está relacionado a um “tu”, que “ser significa comunicar-se com”, e um “eu” é alguém que se dirige a um “tu”, e o que acontece entre nós, entre o “tu” e o “eu”, é um acontecimento do “ser”, um “aconteSer”, um fato dinâmico aberto que tem caráter de interrogação e de resposta ao mesmo tempo.
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Bakhtin, M. M. Estética da criação verbal. ( M. E. G. G. Pereira, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1979)
Buber, M. Eu-TU, São Paulo: Cortez e Moraes, 1977.