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Ontologia e existencialismo: dificuldades do humanismo

08 dez

Sartre que era um “existencialista puro”, ou seja coloca o ser diante do SerNadanada (ler o Ser e o Nada) e portanto separa a existência do ser, perguntou-se se o existencialismo é um humanismo, mas a questão era equivocada pois de qual humanismo falava ?
Mas ao escrever sobre a existência explicou claramente a diferença entre existencialismo e ontologia, é colocar a existência antes da essência, mas faz um sarcasmo com a existência: “esta palavra assumiu atualmente uma amplitude tal e uma tal extensão que já não significa rigorosamente nada” (Sartre, p. 3).
A razão deste embate é o aparecimento de duas novas dicotomias infernais (as primeiras apontadas por Bruno Latour: objeto x sujeito e cultura x natureza), agora temos: ética x ontologia, e a já apontada existência x essência.
No centro desta discussão está o Outro, ou aquela categoria cristã que é o Próximo, em oposição ao Mesmo, se entendo que o Mesmo, é um em-si podemos colocar Hegel na roda.
Sartre ao analisar o existencialismo nos ajuda, pois o que torna as coisas complicadas é que há dois tipos de existencialista: “por um lado, os cristãos – entre os quais colocarei Jaspers e Gabriel Marcel de confissão católica – e por outro, os ateus – entre os quais há que situar Heidegger, assim como os existencialistas franceses e eu mesmo” (Sartre, p. 3).
Isto é importante porque a ontologia ou a deontologia de origem cristã católica, a partir de São Tomás de Aquino e este retomando Aristóteles não faz distinção entre o existencialismo e a ontologia, e podemos dizer que isto chegou a Hegel, pois para todos eles vale a premissa de Parmênides: “o ser é e o não ser não é”, a famosa dialética hegeliana, retomada por Marx.
Mas quando o ser não é, pode-se dizer que há uma ruptura com a existência (não ser é não existência para o idealismo), enquanto para a ontologia o não ser é.
Esta dicotomia está na base de ser e essência, porque se admitirmos que não ser é, temos uma ruptura com a existência, mas não com a essência, curiosamente isto é realista e místico.
É bom lembrar que Tomás de Aquino era realista em oposição ao nominalismo, e seria absurdo dizer que ele era existencialista porque sua ontologia como na de Aristóteles, não há ruptura entre o Ser e a Essência, isto aparece com o idealismo com o sujeito separado do Objeto.
Podemos dizer que o “Não ser é” não é o Nada de Sartre (em O Ser e o Nada) porque ele não perde sua essência, isto pode parecer difícil heroico, mas está no centro da necessidade de um diálogo entre Culturas que se dá nos dias de hoje.
Sartre, J.P. O existencialismo é um humanismo, Paris, 1970.
Sartre, J. P. O Ser e o nada, Paris, 1943.

 

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