A questão de representação e os noúmenos
Schopenhauer afirmou categoriamente: “O mundo é representação minha”, esta é uma verdade para cada pessoa que vive a experiência do conhecimento, e embora possa trazer isto para sua consciência e nela refletir e até mesmo criar abstração, o que todos fazemos, isto não pode ser considerado uma clarividência filosófica como suponha Schopenhauer, embora isto passe pelos sentidos, como ele afirmara: um olho vê o sol e uma mão toca a terra.
O que conseguimos conhecer pelos sentidos, e tudo sobre o que podemos raciocinar é o que Kant chamou de mundo “fenomênico”, mas este fenômeno é um mudo de aparências, e o que está escondido passa pela consciência mas deve encontrar aí sim alguma clarividência.
Para Schopenhauer este seria o mundo como representação é fenômeno, e apesar de negar Kant, para ele a representação, que vê o que é objeto para o sujeito.
Diferentemente de Kant, Schopenhauer não fala do fenômeno apenas como representação que não diz respeito e não pode captar o noúmeno (Noumenon), isto é, a coisa em si, e aqui entra algo importante, pois o que é a “coisa em si” como essência, a modernidade não sabe.
Segundo Schopenhauer pode-se alcançar a essência da realidade, e a coisa em si que e Kant, permanecre incognoscível, pois para ele o fenômeno é ilusão e aparência, é aquilo que, na filosofia hindu, chama-se o “véu de Maia” e que por isso Heidegger vai chamar de desvelar.
Se não temos acesso às coisas em si mesmas, como é possível apreendermos as coisas tais como são? Para Schopenhauer há alguma faculdade largamente desprezada, possuída por todos:
“A palavra enigma é dada ao sujeito do conhecimento que aparece como indivíduo. Tal palavra se chama VONTADE. Esta, e tão somente esta, fornece-lhe a chave para seu próprio fenômeno, manifesta-lhe a significação, mostra-lhe a engrenagem interior de seu ser, de seu agir, de seus movimentos.”
Ora o enigma pode ser desvendado, mas o mistério não, se o admitimos, nele podemos penetrar sempre mais como realidade que está ao alcance do homem, mas que a nosso ver precisa ter a compreensão de que existe como tal, e algo ontológico se esconde nele, isto alguém e não apenas alguma coisa.
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. São Paulo: Editora UNESP,2005. §I p.43.