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Leitura da sociedade e as Olimpíadas

05 ago

Diferentemente da Copa do Mundo, as Olimpíadas me inspiram pouco, Caravelasmas temo que a festa de abertura hoje possa ser mais um fiasco, porque temos uma leitura à estrangeiro de nossa própria cultura: mulatas, folclore indígenas e nordestino e talvez algo da miscigenação europeia, mas qual é a leitura que devemos fazer de nossa sociedade ?

 

Lembrei-me do livro Theodore Dalrymple: “Nossa cultura … ou o que restou dela”, que não terminei de ler nas férias porque foram curtas de mais, mas um capítulo do psiquiatra e escritor inglês me chamou atenção: “Como ler uma sociedade”.

 

Começa contando o período que ia para a cortina de ferro e levava consigo um livro La Russie do Marques de Custine publicado em 1843, e que me fez ver que debaixo do então mundo comunista havia uma Russia, havia uma país originário, já que toda a parte inicial do livro era para descrever as origens da Rússia e segundo o autor lhe dava pistas da Rússia verdadeira.

 

Penso que é possível esta leitura para o Brasil, se pensarmos nas divisões coloniais das capitanias hereditárias, a propósito das olimpíadas achei curioso a chegada de caravelas vindas da Escola de Sagres, quem sabe apresentemos algo mais digno que na Copa do Mundo.

 

Pulo as seis páginas sobre o comunismo, para a parte em que vai descrever a obra de Alexis Tocqueville publicado em 1835: Mémoire sur le Paupérisme publicada logo depois de sua famosa A Democracia na América.

 

Como médico acostumado a ir nas periferias, ele aponta um paradoxo de Tocqueville ao visitar a Inglaterra, país de Dalrymple, um sexto da população era de pedintes, ele “encontrou não só a imundice física, mas também degradação emocional e moral” (pag. 218).

 

O paralelo do autor entre Custine e Tocqueville é ver sobre sociedades aparentemente paralelas a mesma coisa a interação “entre cultual, regime político e caráter humano” (pag. 219), e talvez isto ajude a ler a sociedade brasileira.

 

Ao apresentar de modo pitoresco nossa cultura, retiramos a dignidade cultural de índigenas, negros e também de europeus e migrantes que fizeram deste seu país, o Brasil belo e que tem sim sua cultura está debaixo dos escombros, desde a chegada das caravelas até a política atual, nas periferias abandonadas a própria sorte.

 

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