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Os aliados e a comunidade insuflada

03 jan

Continuamos a comentar o livro Esferas I de Sloterdijk em sua introdução.solarexplosion

Explicada a insuflação das bolhas, Sloterdijk começa a desenvolver sua análise da modernidade a partir da gênese, explorando o modelo copernicano que está na sua origem, para afirmar que não por acaso “principiou uma série de rupturas exploratórias voltadas para um exterior desprovido de seres humanos …”  (Sloterdijk, 2016, p. 22), mas que não deixaram de “produzir desconforto quanto a infinitude do universo” (idem) reflexão do astrofísico Kepler, protestando o modelo de Giordano Bruno “há um não-sei-o-que de aterrorizador e oculto”.

A imagem de uma explosão na superfície do Sol, maior que a Terra ilustra este trecho.

O autor também cita o físico e cosmógrafo inglês Thomas Digges, que nos anos 1570 já havia provado que a teoria das camadas celestes era infundada e “também a calculadora imagem de que a Terra achava-se envolta por abóbadas esféricas” (pag. 23) estava errada, mas conforme disse usando a frase de Pascal: “o silêncio eternos dos espaços infinitos me amedronta”, e o mundo maquínico e racionalmente explicado era vantajoso ao iluminismo.

Desenvolve então o deliberado efeito estufa, onde sua “falta de invólucros espaciais por meio de um mundo artificial civilizado … este o derradeiro horizonte do titanismo técnico euro-americano” (pag. 25).

Após criticar as políticas de progresso e destruição ecológica, escreve: “ Para abrir espaço à esfera artificial substituta, faz-se explodir, em todas as regiões do velho mundo, os restos de uma fé no mundo interior e na ficção de uma segurança, em nome de um radical iluminismo de mercado que promete uma vida melhor, mas que, num primeiro momento, só põe abaixo, de forma devastadora, as normas imunitárias do proletariado e das populações periféricas.” (pag. 27).

Ressalta a importância da retomada ontológica e que esta é a preocupação de filósofos mais contemporâneos: “O plano popular de esquecer-se de si mesmo e do Ser opera por meio de um zombeteiro descaso pela situação ontológica” (pag. 28).

Antes de entrar na critica ao idealismo e uma releitura do cristianismo, ele aponta na página 29 aquilo que é o centro do livro: “como habitar significa sempre constituir esferas, menores ou maiores, os homens são as criaturas que estabelecem mundos circulares e olham em direção ao exterior ao horizonte.”

SLOTERDIJK, Peter. Esferas I: bolhas. São Paulo: Estação Liberdade, 2016

 

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