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Hermenêutica, ontologia e dialogia

02 fev

A palavra hermenêutica vem do grego hermènêus, hermèneutik ou hermènêia, numHermeneuticaDialogoPort sentido dado por Filón de Alexandria como “hermènêia é logos expresso em palavras, manifestação do pensamento pela palavra”, assim está associada ao deus Hermes.

Este deus na mitologia grega era um mediador, patrono da comunicação e do entendimento humano cuja função era tornar inteligível aos homens, a mensagem divina, sendo atribuída tanto a origem da linguagem oral como a da escrita.

A hermenêutica ontológica foi desenvolvida na idade média, estava fundada na ideia que haveriam formas normativas que permitiam a partir de técnicas interpretativas de textos, fazer interpretações únicas, mas desde o início se dividiu em hermenêutica teológica (sacra) e hermenêutica filosófica (profana), e mais recentemente surgiu uma hermenêutica jurídica.

Platão foi o primeiro a utilizá-la, com o objetivo claro de superar o relativismo dos sofistas, mas a compreensão desta como linguagem deve-se ao já citado Filón e Clemente de Alexandria, e mais tarde Agostinho (354-430) desenvolveu-a como “doctrina christiana”, que seja qual for a leitura, é reconhecidamente a mais eficaz do mundo antigo.

Platão (427 a.c) o primeiro a utilizá-la. Filón e Clemente de Alexandria vão entendê-la como a manifestação do pensamento pela linguagem. Agostinho (354-430), que desenvolveu na sua “Doctrina christiana” a teoria hermenêutica reconhecidamente mais eficaz do “mundo antigo”, irá utilizá-la como doutrina da interpretação, em especial, das passagens obscuras da Sagrada Escritura, o método pode ajudar também uma visão universal de usar a linguagem na interpretação de textos filosóficos e até mesmo científicos.  

Schleimacher irá emprestar esta leitura, a ideia que deve-se sobretudo em passagens obscuras da Bíblia buscar a “verdade viva” porque, segunda afirma, isto é uma busca de entendimento, ou conforme afirma: “compreender significa, de princípio, entender-se uns com os outros” e que a compreensão é, de princípio, entendimento.

Entendimento e dialogia são correlatos, porque implica que não apenas uma visão interpretativa é válida, mas pode-se pensar em vistas por ângulos ou aspectos distintos de tal forma que a verdade emerge diante de um discurso que não seja fechado, curiosamente aqui pode-se também de chama-lo de hermético e pode estar havendo o diálogo, no sentido que não se eleva o tom, mas não a dialógica no sentido da “fusão de horizontes”, conceito caro a Gadamer.

Entendendo compreensão como um fenômeno, e não como raciocínio lógico-dedutivo, só neste caso pode-se entender como diria Dilthey que “compreender é compreender uma expressão”, diferenciando as relações do mundo espiritual das relações causais no nexo da natureza, como por exemplo: planta-se uma semente que brotará e crescerá uma árvore.

Para Gadamer (1997),  há uma fundamentação própria das ciências do espírito, assim o que na  hermenêutica de Dilthey mais do que um instrumento, ela pode tornar-se válida como o médium universal da consciência histórica, para a qual não existe nenhum outro conhecimento da verdade do que compreender a expressão e, e isto depende do outro, não da instrumentalização do outro, neste sentido o diálogo pode, em alguns casos não promover a dialogia, compreensão mútua e aceitação mútua.

 

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