Democracia e Informação
Em meio a um quadro dramático da democracia brasileira, o perigo de radicalização é visível, volto a abrir o livro “Política nós também não sabemos fazer”, o não é propositalmente tachado, que tem como coautores Clovis de Barros Filho, Oswaldo Giacóia Junior, Viviane Mosé e Eduarda La Rocque, prefaciado por nada menos que Mario Sérgio Cortella.
Todo livro é interessante, mas destaco o capítulo de Eduarda La Roque, que além de propor claramente uma terceira via (nesta eleição quase impossível), inicia citando o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley: “o futuro imediato deverá parecer-se ao passado imediato, em que as mudanças tecnológicas rápidas, verificadas numa economia de produção em massa e entre uma população predominantemente destituída de posses, … “ (op. Cit. Clovis et al., 2018, p.87).
Explica como a terceira via vê o combate a desigualdade, propõe usando Michel Porter, uma medida alternativa ao PIB que seria o Índice de Progresso Social (IPS), só explicando diferente do IDH (Desenvolvimento Humano) porque prevê a sustentabilidade de progresso em regiões mais pobres, e chega ao ponto que consideramos central: O Centro de Qualificação da Informação.
Em sua própria definição. “é uma instituição autónoma, da sociedade civil, que busca aproximar e articular diversos saberes da sociedade, de forma democrática e direta, sem a predominância de um saber ou setor sobre o outro, tentando convergir as pautas, os interesses, hoje tão esgarçados da sociedade … “ (Roque In Clovis et al., 2018, p. 107-108).
Propõe a governança pública e citando José Padilha constata que “a maioria das instituições publicas brasileiras desenvolve culturas organizacionais informais que trivializam a corrupção e a transformam em hábito.” (idem, p. 117)
E cita o gigantismo do estado (não defende o estado mínimo não), afirmando “o setor público que toma mais de 40% do PIB torna-se tão grande e poderoso que escolhe vencedores e compra a sociedade civil, num processo muito bem descrito por Saramago em A ilha do desconhecida” (ibidem, p. 117-118).
O modelo que estabelece descrito como uma mandala tem no centro o desenvolvimento humano, acrescentaria a este modelo apenas o aspecto espiritual, já descrito em muitas cartas sobre transdisciplinaridade, como a Carta de Arrábida e por autores como Byung-Chull Han e Edgar Morin.
A ideia é uma rede de propagação a prosperidade, chamaria de um circulo virtuoso que interrompe o circulo de mais concentração e mais corrupção do estado moderno, e que a autora descreve como flor da vida: “concentrada em suas pétalas a congruência de projetos de maior capital humano com três outros capitais, ou seja, seriam os projetos de maior valor compartilhado … para a sociedade” (Clovis et al., 2018, p. 129-130).
Acrescenta “as sete capitais podem se fazer representar através dos vértices dos triângulos de 17 gols de desenvolvimento sustável (GDSs)”, existe uma versão detalhada no Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil.
Utopia, pode ser, palavra foi cunhada por Thomas Morus previa o reino Utopus, quem sabe um país não fique “deitado eternamente em berço expendido”, enfim há uma 3ª. via.
CLOVIS, Barros Filho, Giacóia Jr, O., Mosé, V. e La Rocque, E. Política que nós também não sabemos fazer, Petrópolis, Vozes Nobilis, 2018.