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O ser e o mundo

15 out

Heidegger criou uma escola filosófica ao criar uma visão de ser e de mundo, que retorna a uma questão básica essencial que a filosofia deixou escapar: existir e ser.

Mas a expressão ser no mundo, com grande influencia social e também psicológica, foi rapidamente consumida na banalização conceitual por ser aparentemente óbvia.

A expressão ser no mundo, que fez e faz escola no conhecimento psicológico e social, é daquelas que facilmente se prestam à banalização e a empobrecimentos, talvez mesmo pela sua abrangência e aparente obviedade.

O tema está no seu tratado Ser e Tempo (Sein und Zeit), de 1927, que tinha como tarefa recolocar a questão do “sentido do ser”, que foi esquecida pela metafísica tradicional ocidental a partir da modernidade, mas para ele também pelos antigos.

Isto aconteceu na modernidade por ter-se convertido o ser numa ontologia da substância, aquela que visualiza o ser em geral a partir da primazia da “coisa”, ou, dito de outro modo, que toma a “coisa”, como paradigma de representação para tudo o que “é”, pressuposto básico do que a filosofia objetivista traduziu como tudo que é objeto, reduzindo a metafísica e a visão da essência em “superstição”.

Assim para se alcançar a visão do ser é preciso em primeiro lugar, entender o que ée o ser do ente que recoloca a questão do ser (para Heidegger esquecida), ou seja o ser do homem, o dasein (deixo aqui propositalmente sem tradução).

Toda a primeira seção da obra é devotada a análise do dasein (daseinsanalyse), ou seja o desenvolvimento da estrutura do ser no mundo, com um horizonte fundamental para poder ser abordada a questão do ser em geral.

Estas estruturas ontológicas vistas na análise do dasein como: ocupação, disposição, compreensão, discurso, etc. não podem e não devem ser confundida com os seus correlatos ônticos ou empíricos (ah a prática!), elas são: afeto, desejo, conhecimento, linguagem, que na verdade são apenas fundamentação existencial.

A analítica existencial “está antes de toda psicologia, antropologia e, sobretudo, biológica” (Heidegger, 2015, p. 89), embora Paul Ricoeur observe que há uma antropologia filosófica “em função de sua abertura ontológica” (Tempo e Narrativa, 1994).

 

Heidegger, M. Ser e tempo, 10a. edição, Trad. Revisada de Marcia Sá Cavalcante, Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2015.

 

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