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Aplacar medos e ódios: a mansidão

31 out

Há pouca literatura filosófica sobre a mansidão, mas sobre medos e ódios são abundantes, exploramos isto nos posts da semana anterior, agora desejamos amadurecer e superar tanto os ódios, os medos e principalmente as mágoas que entravam as vidas é necessário algo relacionado a temperança, a mansidão e claro uma boa dose de sabedoria crítica.
Poder-se-ia conjugá-la com a paz, com a tolerância, mas são assuntos com relação direta ao social, ao justo e principalmente a alguma dose de poder no sentido positivo que dissemos em nosso post anterior, a paz interior ou a resiliência interior como forma de tolerância não são outra coisa que a negação do contexto social e humano externo.
A mansidão é aquela força capaz de mesmo diante do contraditório ser capaz de ouvir, argumentar e em muitos casos apenas calar até que a outra pessoa consiga ouvir.
Diferente da “paz interior” ou dos conceitos sociais de paz, ela é uma forma pacífica de olhar o mundo, o Outro para além de suas limitações, de seus rompantes momentâneos ou habituais, e é capaz de transmitir serenidade e calma em ambientes hostis.
Os medos nascem da imaturidade, da incompreensão ou da fragilidade diante de uma situação, o uso de armas não leva a uma maior mansidão, leva a tentativa de leva o medo ao outro, porém quase sempre isto constrói uma escalada de ódio.
Agora sim pode ser conjugada com a ideia de paz social, a pax romana previa a submissão dos povos, a Pax de Vestfália que não foi senão um tratado de tolerância religiosa que levasse a uma paz política, já a pax eterna o direito do estado de interferir num conflito, até mesmo com violência se for necessário, isto volta a discussão na realidade brasileira.
Kant afirmava que “pelo uso e predomínio da razão, pela constituição da esfera individual – a construção do indivíduo moderno, pelo estabelecimento do espaço público para o debate e resolução dos conflitos sociais”, tal era o modelo construtor da pax eterna da modernidade.
Sem mansidão, uma dose de compreensão de hermenêutica da interpretação.
Este discurso do relembra Heidegger que tem um ensaio sobre a Serenidade (1959), Byung-Chul Han lembra que “coragem serena para enfrentar um medo essencial “[Heidegger], e quando este medo falta, o idêntico permanece, então o pensamento põe-se à mercê da “voz silenciosa” que o “acorda com os horrores do abismo”.

 

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