O pós-pandemia e a espiritualidade
A vida feita de exercícios que nos levou a “Sociedade do Cansaço” (Byung Chul Han) apesar da pandemia e da quarentena em muitos lugares não parou, acostumados ao ritmo frenético da sociedade moderna, continua-se atrás da ação, da agitação e de preencher o vazio com nada.
Apressados já há os que prognosticam uma sociedade mais fechada em fronteiras, fortalecendo o nacionalismo e o protecionismo nos negócios, os que proclamam uma “nova ordem mundial” (uma nova teoria da conspiração) e os sempre prontos a defender as ideologias: é nossa vez.
Porém assim como a pandemia ninguém previu o que virá está fora das grandes teorias e uma novidade será uma busca de refugio em forças além do humano para suportar as novas e reais novidades que já aconteceram: maior recolhimento em casa e tempo para inspiração e contemplação, uma vida mais pobre ou ao menos mais austera, e, as novas formas de convívio.
Os que apocalípticos da sociedade em rede, redescobriram as novas mídias, porém devido ao atraso ainda o uso é irregular e mais curioso que frutuoso, mas com o tempo amadurecerá, há um hiato sem dúvida que é a educação online e pouco se pensou e se planejou sobre isto.
Porém uma coisa já mudou, algo fizemos com nosso “tempo livre”, fazer a comida da casa, dividir as tarefas cotidianas, olhar com olhos novos as pessoas do convívio próximo e para muitos um novo olhar sobre a natureza e a nossa própria natureza: o complexo fenômeno humano.
Se fizemos grandes teorias do diálogo, agora temos que praticá-la ou ficaremos presos a nossas relações mais próximos, pois ao sair delas enfrentamos um Outro diferente e impensado.
Os que sobreviveram a pandemia, e ela poderá inclusive retornar, a Espanha e a China apresentam novos casos preocupantes, vai requerer de cada e da sociedade uma lição nova: repensar tudo o que tem sido os fundamentos de nossas vidas, inclusive a religiosa, podemos acordar ou não.
Aos convictos do futuro próximo lembro que não previam a pandemia, talvez uma guerra ou uma profecia, ou um caminho histórico irrevogável, um vírus invisível e desconhecido balançou a vida.