A Hermeneutica de Scheilemacher a Gadamer
O renascimento da hermenêutica, ela esteve confinada na cultura clássica antiga como uma vertente da filosologia clássica, feito por Schleiermacher (1768-1834).
Para Heidegger, a hermenêutica é equivalente a fenomenologia da existência, ou seja, coisas que são passíveis de interpretação, devem ser analisadas de acordo com as possibilidades de existir e se manifestar em seu tempo histórico, mas sua compreensão de história é diferente de Dilthey.
Seu trabalho encontra o primeiro eco em Wilhelm Dilthey (1833-1911), que separa a ideia de interpretação em dois campos explicação das ciências naturais e compreensão nas ciências humanas.
Paul Ricoeur (1913-2005) e Hans-Georg Gadamer (1900-2002) vão superar esta dicotomia criando uma hermenêutica filosófica, para Ricoeur compreender um texto é encadear um novo discurso no discurso do texto, assim o texto deve estar aberto, ou seja, passível de apropriação de um sentido.
Por outro lado, a reflexão, é para Ricoeur, a meditação sobre os signos presentes, assim não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
Hans-Georg Gadamer vê na concepção histórica de Dilthey certo idealismo, e sua hermenêutica como a de Ricoeur, que são filosóficas, no entanto ele a vê numa estrutura circular onde há sempre uma pré-compreensão, onde é possível uma fusão de horizontes o que permitirá uma reinterpretação e uma nova formulação da compreensão.
No círculo hermenêutico, inspirado em Heidegger, foi pensado assim “Toda interpretação, para produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai interpretar”, porém foi Gadamer que o sistematizou.
Em Gadamer a ideia de horizonte é: o conteúdo singular é apreendido a partir da totalidade de um contexto de sentido, que é pré-apreendido e co-apreendido, onde há um diálogo entendido como: A compreensão sempre é apreensão do estranho e está aberta à modificação das pressuposições iniciais diante da diferença produzida pelo outro (o texto, o interlocutor).
A compreensão do contexto no sentido de tradições, cultura, etnias e crenças são fundamentais para entender como o círculo hermenêutico acontece.
A experiência se realiza segundo a troca dialogal dentre de uma língua e ela é sempre produtiva não apenas reprodutiva: “o sentido de um texto supera seu autor, não ocasionalmente mas sempre”, assim a hermenêutica filosófica a vê como presente nas culturas e línguas.
O resultado deste círculo é a produção de um saber prático usa uma palavra grega phronesis (não há teoria x prática) que não é um saber privado mas social, onde realiza as minimizações e exacerbações da autocriação do eu e no âmbito social a criação de dogmas retirando da ética a sua estetização social, e, preserva as sabedorias práticas de culturas e crenças que atuam nos processos respeitando a diversidade.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método: Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.