O pensamento moderno e a verdade
Grande parte das questões apontadas na modernidade referem-se ao “cogito” cartesiano, e que este separaria corpo de espírito, na verdade mente de espírito, porém desconhece-se que a questão é anterior e é ao significado de substância.
Vê-se na obra cartesiana que mente e espírito estão muito ligados, pode-se dizer isto sim que a mente é submetida ao espírito, lê-se na sexta meditação: “mens cerebro tam intime conjuncta sit” (Adam e Tennery, 1996, VII, p. 437).
A origem de duas formas de pensamento, Karl Popper dirá que a afirmação de Parmênides é ontológica “o ser é e o não ser não é” no sentido de não existe (existencial e não lógico), e Heráclito de Éfeso “tudo não é está passando a ser” visto como “dialético”, na verdade é ontológico também.
Para Aristóteles a substância significava o suporte ou substrato no qual a hylé (concepção grega de matéria) se constituía em algo dando uma forma (morphe), Tomás de Aquino vai pensar a partir daí, e acrescentar um novo componente na noção de substância, além desses dois, a saber, o ato de ser (esse/actus essendi), o ato de ser de onde parte sua ontologia. Estas questões já estavam presentes em Platão e Sócrates.
Dai parte as famosas noções de ato e potência, um exemplo, a semente é em potência arvore.
Aristóteles tinha 4 causas: Causa material: de que a coisa é feita? Fazendo como exemplo uma casa, seriam os tijolos. Causa eficiente: o que faz com a coisa? seria a construção. Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa. Causa final: o que lhe deu a forma? A intenção do construtor.
Mas a intentio em Tomás é subcategoria da consciência, e voltará a ser categoria para Franz Brentano, mas modificando-a como categoria principal como consciência dirigida a algo, assim muito diferente do uso cotidiano de intenção.
O que Husserl aluno de Brentano vai pensar em Meditações Cartesianas, é principalmente na quinta e não na sexta tese, onde questiona se Descartes não suspenso o juízo, mas não o ego.
Interpela o Eu da angústia cartesiana, sem entender qual caminho da imanência do Eu para a transcendência do Outro? Reconfigura a psicologia através da fenomenologia. Através do método da redução fenomenológica atinge-se o Eu Transcendental, pois isto a suspensão de Husserl e seus seguidores é uma epoché hermenêutica, um colocar entre parêntesis.
Toda a questão de Heidegger (aluno de Husserl) e Lévinas estão dirigidas a este Outro e o Tempo.
ADAM, C.; TANNERY, P. (org) Oeuvres de Descartes, Paris: Vrin, 1996. Citado em Amir d. Aczel: O caderno secreto de Descartes, São Paulo: Zahar, 2007.