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Poder e alma

23 fev

Não há no discurso sociológico algo que de fato desvende o que é o Espirito, a grande razão ela qual a filosofia veio re-trabalhar a questão do Outro (Levinas, Ricoeur e até mesmo Habermas e Chul-Han a retomaram) é que a visão idealista é centrada no “eu”, também o pensamento vulgar foi por este caminho: o “mistério”, a chave do sucesso, etc.

Para se ter uma relação com a alma é preciso saber não a ex-sistência (ex-fora e cistere – cisterna), mas que Deus é, sua essência é Ser em sua plenitude e assim nele há a plenitude ontológica e assim a alma, do grego anima, é o que Ele insere no homem para dar-lhe vida.

Assim seu poder é ontológico, Byung Chul Han chega a relacionar Heidegger com sua concepção de poder, e também de religião com poder, mas sua leitura é dualista neste ponto, ou religião ou ontologia, é verdade que existe uma teo-ontologia, porém há uma relação forte entre elas, desde Tomás de Aquino.

A relação que Chul Han estabelece está descrita assim: “Embora Deus seja a ´subjetividade´, esta não se esgota na identidade abstrata, sem conteúdo, do ´eu sou eu´. Ele não permanece em um silencio e hermetismo eternos´” (Han, 2019, p. 120), citações que ele retira de Lições de filosofia da religião de Hegel, e não é de estranhar que pense, ele é próximo ao budismo e a ascese é humana.

Já escrevemos no post anterior que Deus é poder na visão hegeliana, e Chul Han a descreve a partir da ideia idealista: “pois Ele é um poder de ser Ele mesmo” (Han, 2019, p. 121), e assim não há relação de criação (e não imanência) com tudo que existe, incluindo o homem e sua alma.

Diferente do Espirito desenvolvido por Hegel (Fenomenologia do Espírito), sem a relação com a alma não há um Deus trinitário, além do divino-humano Jesus, o Espírito Santo, terceira pessoa.

Através de uma verdadeira ascese o homem conhece um verdadeiro poder, que não é uma dominação sua descrição sociológica, mas uma relação ontológica com sua ascensão, por ela diz a leitura bíblica o homem se eleva verdadeiramente.

Diz uma passagem da leitura divina, na qual Mateus revela como uma lição de Jesus (Mt 4,25):

“Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”, ou seja, se destrói sua alma.

HAN, B.C. O que é poder?. Trad. Gabriel Salvi Philipson. RJ: Petrópolis, Vozes, 2019.

 

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