A civilização e o dissenso
Há “Um Mal na civilização” escreveu Sigmund Freud em 1929, depois de seu apelo chegou onde previa a 2ª. Guerra mundial, neste momento extrapola o cultural e é quase só psíquico, a razão e o pensamento elevado não andam em moda, invertem-se valores, resta o divã.
Num momento assim tudo em volta piora, não é só a economia e a política, os gastos com medicamentos e médicos aumentam, distorcem-se as capacidades educativas e de justiça em defesas e acusações com auxílio de advogados ou defensores públicos sem alterar o rumo do dissenso, reduz-se o tempo e os conteúdos para educar o diálogo, o critério e a razão.
Também nas áreas educacional e social; o excesso de ações e tentativas de modelos, que são motivadas por incompreensões de parte a parte, modelos teóricos e métodos didáticos, vivem com a dificuldade de encarar o dissenso e resultam muitas vezes pela perda total da hierarquia ou senso de valor, pela dificuldade de aceitar (ou exercer) o que seria autoridade.
Ao mesmo tempo que a autoridade se confunde com autoritarismo, desorganiza a missão escolar e impede muitas vezes que discursos públicos de discussão e dialogo responsável sejam exercidos, os valores, até mesmo espirituais desmoronam, tudo parece ruir em cascata, mas há esperança.
As vezes resta só ouvir e ficar em silêncio, as vezes é preciso corrigir com coragem, porém o diálogo é sempre possível, e a escuta paciente pondera mesmo quando diverge.
É preciso modelos que correspondam a vida, ao convívio social ético e moral, salvar a empatia e o respeito mútuo, quando apenas alguns querem respeito que não oferecem aos outros, não há como iniciar um processo de diálogo profícuo.
Há nichos de convivência civilizatória, há povos e locais onde o dissenso não se instalou, onde o ódio não venceu e a esperança ainda vive.
Encontrar e dar valor a estas pequenas luzes que iluminam a noite civilizatória é fundamental, senão médicos, psiquiatras e métodos educacionais não serão funcionais, não terão vida.