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A lógica do produtivismo e seu inverso

21 ago

Diversos autores argumentam sobre a lógica da sociedade moderna sobre o produtivismo, esta lógica não é específica de um modo de produção, mas caracteriza uma sociedade onde os valores são todos colocados em torno da potência e da produtividade de cada indivíduo, assim excluem, por exemplo, velhos, crianças, empregados domésticos e portadores de necessidade especial.

Segundo a literatura (A. Giddens e outros): o produtivismo é a lógica que orienta a vida de um grupo de indivíduos (os chamados “consumidores adequados”) enquanto outro grupo (chamados de “consumidores falhos”) ficam à deriva da vida econômica, política e social. 

Por isto analistas sociais mais críticos colocam como um fator de crise na sociedade contemporânea a destinação de trabalho a grupos dirigidos, também no mundo acadêmico, político e até espiritual, determinado perfil de pessoa com alguma “performance” é requerido.

Dizer que estas pessoas tomam atitudes de acordo com suas aptidões ou escolhas é uma farsa, ainda que encontremos alguma rebeldia de jovens que optam por trabalhos como cozinha, setores esportivos ou de lazer, a maioria vive sobre projetos manipulados pela sociedade da performance e do consumo.

Como inverter esta lógica, olhando para os setores excluídos da sociedade, é cada vez mais comum portadores com necessidades especiais, pessoas com determinados tipos de doenças ou síndromes se encaixarem num mercado restrito e cheio de exigência de produtividade.

A parábola bíblica dos trabalhadores de última hora é uma metáfora bem colocada, onde trabalhadores que estão sentados na praça (descartados de espaços produtivos) são chamados para o trabalho e embora cheguem na hora final receberão o mesmo valor que outros trabalhadores, não confundir com os projetos equivocados que encaixam jovens em trabalho sem ter a remuneração corresponde a mesma função feita por trabalhadores “experientes”.

A parábola chamada também de “trabalhadores da vinha” ou “empregador generoso” (Mt 20:1-16), poderia ser o inverso da visão produtivista do mercado de trabalho da modernidade.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Trad. Raul Fiker, São Paulo: Ed. UNESP, 1991.

 

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