Desembrulhar a filosofia, informação e técnica
Mas o que é a filosofia ?
O filósofo brasileiro Mario Ferreira dos Santos faz a pergunta: respondeu o homem porque interrogou, ou interrogou porque respondeu? Ele não viveu para conhecer aquela marca de biscoitos, portanto foi a marca de biscoitos que imitou ele.
Mas segundo nosso filósofo-guia: “ a pergunta não é descabida”, então supõe um homem primitivo diante da erupção de um vulcão: “ele se espanta, assusta-se. Aquele fato novo, insólito, espicaça-o, incita-se … todas as emoções que sente são um interrogar. Que é Isto?”
Assim, dentro de suas possibilidades contextuais, um mundo ainda provavelmente sem escrita, sem métodos, mas ainda assim tentará buscar explicações.
Mario Ferreira dos Santos escreve que ex-plicare, a origem latina de explicar, quer dizer desembrulhar, já que plicare significar fazer pregas ou criar rugas.
Assim é necessário para a filosofia saber “em que consiste”, e não podemos separar o homem primitivo de seu universo, o que chamaremos de “universo-do-discurso”, isto impõe uma determinada formação da explicação, assim um “in-formare” e segundo os dicionários de latim “a ação de formar matéria, tal como pedra, madeira, couro etc.” de onde esta está intimamente ligada à matéria.
A idéia de “formar a matéria” liga diretamente informação a técnica, as quais dificilmente pode ser vistas isoladas.
A filosofia é então “um conjunto de idéias que formamos, que nós construímos através dos tempos” segundo o nosso filósofo, mas necessitamos saber previamente o que seja esse nós de quem falamos acima.
Eis o primeiro problema importante para ligar filosofia, cibercultura e filosofia, “quem é nós e que idéia formamos de nos ? Quem pensamos que somos nós?” também é o primeiro problema filosófico proposto por Mario Ferreira dos Santos no seu livro: “Filosofia e Cosmovisão”, na 6ª. Edição de 1961.
A construção de um “nous” realmente coletivo é um problema fundamental para a filosofia hoje.