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Barbearias, cafés e redes

14 fev

Segundo Peter Burke, o locus das discussões religiosas e políticas em 1620 eram CafeParisas barbearias, cita o escritor italiano Ludovico Zuccolo, que as evocava cheias de gente comum discutindo os problemas religiosos e as atitudes dos governantes.

A primeira grande onda sobre leitura era para interpretação a Bíblia, o mesmo que reivindicara Galileo e que ainda hoje é ignorado, o mesmo Ludovico dizia que a medida que o número de analfabetos caia, eram comuns no século XVI, na Itália por exemplo, sapateiros, tintureiros, pedreiros e donas-de-casa, reivindicarem o direito de interpretar as sagradas escrituras.

Na década de 1620 às preocupações religiosas somaram-se preocupações políticas. Ludovico Zuccolo, um escritor italiano, evocava a imagem das barbearias cheias de gente comum discutindo as medidas dos governantes.

Quem pensa que hoje há um excesso de informação, assim que os livros começaram a ser impressos em preços mais razoáveis, já se reclamava do número de livros existentes e como se faria para lê-los em uma só vida, em 1975 por exemplo, 1745 a biblioteca do Vaticano, abrigava apenas 2.500 volumes, no século XVII a Bodleian Library de Oxford tinha 8.700 títulos, e a biblioteca imperial de Viena, 10 mil.

Das barbearias foram para os cafés, o Café de La Paix é o cenário de muitos romances, pinturas e poemas, Guy de Maupassant e Emile Zola o frequentaram, a proximidade com a Opera Gamier (ao lado) tornou-o uma espécie de Museu, em 1975 foi considerado um local histórico pelo governo francês.

Os cybercafés seriam seus descendentes ? eles conviveram com bibliotecas e outros locais de diálogo e de cultura, eles foram importantes na “primavera árabe”, principalmente na Líbia e no Egito, houveram eventos de violência com heróis que postavam denúncias nestes cybercafés.

Tanto a revolta no Egito quanto a Líbia foram registradas em inúmeras mídias sociais, um bom exemplo, é o vídeo com 2 mil mortes (vídeo do OneDayOnEarth), revelam o gosto dos ditadores pelo culto a pessoa e às mídias verticais.

Muito antes de estourar a guerra na Síria, olhando os comentários nas redes, sabíamos que lá era um barril de pólvora (vejam nosso post de 2012), lá já havia sido presa uma blogueira Tal al-Molouhi, presa em 2009, uma jovem que pedia a democracia.

Os governos e donos de mídias verticais não aceitam a influência das redes, porque é a falência deles, mas agora até mesmo o autoritário Trump não dá bola para eles, faz sua própria mídia, claro que não fica sem respostas, nas mídias de redes sociais está perdendo feio.

 

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