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Posts Tagged ‘sentient’

Consciência, verdade e clareira

08 jul

Pode-se classificar consciência de diversas maneiras, porém ela distante do todo ao qual pertence o ente (identificado como realidade material na modernidade) ela esquece o ser, assim permanece oculto o que de fato é consciência e fica mais próxima da senticiência a qual se referem as a inteligência artificial e que poderia ser chamada de consciência maquínica.

A clareira que emerge do ser, já foi postado neste blog aqui, é aquela que está contida no contexto de um todo, e dela emerge o ser, e esta crítica pode ser estendida a toda modernidade, onde há uma fragmentação e tudo se refere a parte, muitas vezes até oposta ao todo ao qual pertence o ente, e dele emerge a questão do ser, conforme pretendia Heidegger.

Este todo é também reivindicado por Edgar Morin, que completa no dia de hoje 101 anos, e junto do Lima de Freitas e Barsarab Nicolescu escreverem na “Carta da Transdisciplinaridade” de Arrábida (1994) como “a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva a ascensão de um novo obscurantismo, cujas consequências sobre o plano individual e social são incalculáveis” (Arrábida, 1994).

Este tipo de consciência formal leva também uma noção não só de saber, mas também de cultura e até de religião a um desvio longe da clareira do Ser e sujeito a regras e preceitos formais, de Lei e saber em uma lógica aparentemente rigorosa, mas desumana e que oculta o Ser.

Na cultura significa limitar a concepção a um tipo particular de cultura, de uma única cosmovisão, que é válida, mas que não pode ser imposta a outras visões de mundo em especial, às originárias.

Aos cristãos a passagem bíblica que esclarece esta falsa consciência é a que Jesus é questionado por um mestre da Lei, especialistas em consciência formal, pergunta ao mestre o que precisa fazer para conquistar o reino divino, e Jesus diz numa linguagem moderna respeita o Outro e admite o Ser Divino por excelência, aquele que está é o Todo em uma cosmovisão monoteísta (Deus).

Porém a parábola do Bom Samaritano é dita logo em seguida e torna clara a consciência formal, diz a parábola que um homem foi assaltado e maltratado por assaltando e ficou a beira do caminho, passou um sacerdote e um levita (tribo de onde saiam religiosos daquele tempo) e se desviaram do problema, passou um samaritano (que era um povo sem religião e que não gostava dos judeus) e ofereceu ajuda, colocou óleo e vinho nas feridas, colocou em seu animal e levou-o a uma pensão pagando sua estadia e caso se prolongasse pagaria na volta.

Somente o samaritano teve uma atitude de consciência verdadeira com o homem, então Jesus disse aos que perguntavam como conquistar o reino divino “Vai e faze a mesma coisa” (Mt 10,37).

 

Senciencia e consciência humanas

07 jul

Se assistimos ou lembramos de filme de ficção científica como HAL-900, o supercomputador do filem 2001 Uma Odisseia no Espaço, no qual o computador começa a tomar decisões sozinha ou a paródia de “Os Simpsons”, num episódio uma voz ganha vida inteligente e se apaixona por Merge e quer matar Homer, hoje já somos capazes de identificar limites destes devaneios.

Ainda não somos capazes de identificar os limites da máquina de AI (o filme no qual uma máquina inteligente criada para controlar o meio ambiente após o derretimento das calotas polares tem um encontro com um garoto humano David Swinton (o artista Haley Joel Osmet) vai ter uma emocional inesquecível com esta máquina, e Blade Runner, ao meu ver a melhor ficção na área, na linha do “sentiente” no filme “ex-machina” o robot (na foto acima modificada do filme) desenvolve um “instinto”.

A máquina de AI e os Andróides sofisticados de Blade Runner ainda estão longe de serem realidades científicas que permitam “consciência” às máquinas ou mesmo “cérebros inteligentes” (a máquina LaMDA é apenas um programa com dados armazenados em uma nuvem), e são obras de ficção científica, ambas dirigidas a um futuro acima da segunda metade do milênio de XXI.

Regras formais, além de não serem “humanas”, por mais complexas que sejam, são apenas sentientes e mesmo elas não são possíveis de implantadas em robôs ou cérebros.

O problema nosso civilizatório é permitir que a humanidade chegue lá em segurança social, ambiental e moral, assim devemos pensar em consciência dirigida a estes fenômenos, já que só se pode falar de consciência de “algo” fenomenológico, e a consciência mais urgente é a paz social num sentido amplo.

Já nos limites da AI, que caminha para uma senciencia avançada, consegue identificar as pessoas por traços de seus rostos, carros por placas e resolver complexas questões lógicas e avança para problemas de aprendizagem de máquina identificando e classificando dados em linguagem natural que alcançam uma aprendizagem “de” máquina mais profunda (deep learning).

Ter uma consciência mais profunda da realidade além das propagandas enganosas, promessas de paraíso terrenos que escondem atrocidades, olhar para a seguridade social, que inclui todas as pessoas num ritmo acelerado de ações (a Sociedade do Cansaço) sem pausa para a reflexão.

Os nossos problemas mais urgentes e imediatos são humanos: a relação empática e a paz social.