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Machado de Assis e a Proclamação da República

29 mar

Na tentativa de desvendar a alma brasileira Darcy Ribeiro escreveuDomCasmurro “O povo brasileiro”, e também podemos citar (voltaremos a ele) Sérgio Buarque de Holanda com seu Raízes do Brasil, poderiam ainda enumerar outros como o recente Martim Vasques da Cunha A poeira da glória: uma (inesperada) história da Literatura brasileira.

 

É sempre mais profundo entender a “alma” de um povo perscrutando sua literatura, não por acaso Marx gostava de ler Honoré de Balzac, e Lenin Leon Tolstoi, entre outros é claro, e para não ficar só na esquerda, Roosevelt (que diziam que lia tudo) gostava de ler Walter Scott além de antologias históricas e clássicos gregos.

 

Machado de Assis (1839-1908) viveu no período do final da monarquia, Darcy Ribeiro se fundamentou nas raízes étnicas do período colonial (1530 – 1815), mas o testemunho histórico que diz o filósofo Paul Ricoeur, o “eu estive lá” é mais fundamental que a historiografia.

 

Já apontamos os elementos monarquistas e republicanos de Esaú e Jacó e o quietismo político na obra Memorial Aires.

 

Agora queremos desvendar o que é chamado de duplicidades aparentes em Quincas Borba, pseudo filósofo, a loucura da “ontologia do abandono” definida por Marta de Senna em O Olhar oblíquo do bruxo, obra também analisada por Martim Vasques da Cunha.

 

Mas será no período da Proclamação (que é um edito e não uma vontade popular) da República que está retratada em Memórias Póstumas de Brás Cubas, que rompe com o romantismo mesmo de autores fortes na época como Flaubert e Zola, para retratar um Rio de Janeiro com indiferença, pessimismo e ironia, rompendo com a linearidade da literatura tanto romântica como precedeu ao “modernismo” para adotando um tom realista.

 

Não por acaso, a obra começou a ser escrita de março a dezembro de 1880 na Revista Brasileira, e depois foi publicado como livro em 1881.

 

A obra retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar, inclusive, uma nova filosofia, depois desenvolvida em Quincas Borba (1891) já depois da “proclamação” da República (1889), Quincas Borba veio depois em 1891 com uma certa “filosofia” e depois ainda Dom Casmurro (1899).

 

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