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O que é capacitar em sociedade ?

24 mai

A reconstrução dos argumentos de Adam Smith, em sua “A Teoria dosCapacitar sentimentos morais”, os quais aplicava à economia, fez Amartya Sen (1988) desenvolver alguns aspectos críticos de quais seriam os princípios duradouros da teoria econômica convencional para criar uma teoria que poder-se-ia chamar de uma teoria econômica sustentável, que ao mesmo tempo que garante a liberdade não permite que alguns cidadãos permaneçam a margem do processo.

Essa visão fez Amartya Sen desenvolver o que é chamado de “abordagem das capacitações” (1880 com desenvolvimentos posteriores (1985, 1988a e 1988b) e com trabalhos correlatos como o de Martha Nussbaum (1986, 2009), colocando-a no centro da questão da distribuição de renda e também a valorização de pessoas sem nenhuma privação de liberdade.

O princípio que move um auto interesse é o descrito assim por Sen (1988, p. 11):  “O reforço das condições de vida deve ser claramente um objectivo essencial – se não o essencial – de todo o exercício econômico e que a valorização [da pessoa]  é parte integrante do conceito de desenvolvimento (abordagem das capacidades) .” (SEN, 1988a, p. 11).

Nesta perspectiva a busca do bem-estar social é meta privilegiada, única capaz de dar pleno sentido às escolhas sociais envolvidas nas estratégias de desenvolvimento, assim a chamada base na “abordagem das capacitações” (capabilities approach), colocado o desenvolvimento como tendo um conjunto de expansão das capacitações das pessoas para fazer aquilo que valorizam, sem eliminar as liberdades que permitam as escolhas e as oportunidades destas de exercerem atividades como agentes econômicos capacitados.

A ideia é que cada agente tem “atividades” (doings) e “existências” (beings), chamadas genericamente de “funcionamentos” (functionings), cada um com uma importância para a avaliação da natureza do desenvolvimento e a liberdade de escolha (SEN, 1988a).

A ideia de capacitação, apresentada no trabalho de Sen (1982 [1980]), é justamente um reflexo da liberdade para realizar funcionamentos que tenham valor, e neste sentido são também são características onde cada indivíduo na situação real tem de “ser” e de “fazer”.

Referências:

NUSSBAUM, Martha. A fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia grega. São Paulo, Martins Fontes, 2009.

SEN, A. K. Equality of What ? In: SEN, A. K. Choice, Welfare and Measurement. Oxford: Basil Blackwell, 1982. ch. 16. 25, 1980.

____. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. (em inglês The Concept of Development. In: Handbook of Development Economics, vol. 1. Amsterdam: North Holland, 1988 (1988a). p. 10-26.)

____. On Ethics and Economics. Oxford: Basil Blackwell, 1988 (1988b).

 

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