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Plataforma de leitura de manuscritos
Uma plataforma digital foi lançada pela biblioteca da Universidade de Uppsala oferecendo um banco de dados de obras digitalizadas a partir de acervos de patrimônio cultural, com obras manuscritas com pesquisas feitas a partir de software de reconhecimento de manuscritos.
A iniciativa foi feita a partir da competição com outros softwares em todo mundo para aplicativos que torne viável a pesquisa em textos, tornando disponíveis acervos de enormes valores não apenas históricos, mas também econômicos, conforme observou o pesquisador Anders Brun da Universidade de Uppsala, conforme o site desta universidade.
A decodificação dos textos manuscritos foi feito por um método que permite ao computador interpretar uma imagem digital de textos usando conhecimento especializado, que usa uma pequena parte do material para identificar a forma e o estilo de escrita numa pequena parte do texto, e depois a leitura é automatizada usando padrões da amostra experimental.
Foi necessário um foco colaborativo interdisciplinar devido à relevância do projeto para várias humanidades, como por exemplo, as pesquisas feitas em manuscritos da biblioteca do Vaticano, que se feito sem este processo digital custaria uma pequena fortuna, explicou Anders Brun na notícia do site da Universidade de Uppsala.
Outra visão da formação do Estado Brasileiro
Caio Prado Júnior, escreveu em 1942 Formação do Brasil Contemporâneo que é um livro em torno dos três séculos do Brasil colônia, para ele o país foi estruturado como país colônia “para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu”, revelando apenas a face econômica.
Em sua obra o balanço do país é negativo nesta etapa de colônia, afirma que: “exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço, dos recursos naturais do país”, fez o país permanecer atrasado e com bases fundiárias muito fortes.
Em sua “redescoberta do Brasil” seria uma maneira mais radical do que a de Gilberto Freyre e a de Sérgio Buarque de Holanda, pois numa visão maniqueísta estaria ao lado do “Bem” junto a Sergio Buarque de Holanda enquanto Gilberto Freyre representaria o “Mal”, numa análise comparativa feita por muitos historiadores paulistas.
Caio Prado vai sempre se perguntar pelo “sentido da história brasileira”, entendendo como “sentido” a história de um povo analisada num processo de longa duração observando-se os elementos essenciais, os que direcionam os acontecimentos gerais, entre os existentes.
O seu legado político é mais amplo do que sua obra, segundo diversos historiadores, os quais ressaltam que o autor é muitas vezes criticado por ser economicista e censurado por não utilizar fontes primárias.
Penso que nenhuma das obras devem ser suprimidas para uma análise mais ampla das origens do estado brasileiro, e junto com Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro completam autores que fazem uma leitura ampla das origens do pensamento brasileiro.
Para onde vai a Europa
Se Páscoa é passagem, é difícil imaginar para onde vai o mundo sem imaginar para onde vai a Europa, ainda que o Oriente e o Oriente Médio não sejam mais expressão do colonialismo Europeu, foi na Europa que nasceu o Estado Moderno e sua democracia e lá também germinou a revolução industrial e o liberalismo, mas em tempos digitais ela ainda é o centro?
Pego dois expoentes do pensamento europeu, porque penso que é preciso ser europeu para entender a própria crise, Peter Sloterdijk que escreveu “Se a Europa despertar” (São Paulo: Estação Liberdade, 2002) e Edgar Morin “Cultura e Barbárie Europeias” (Lisboa: Instituto Piaget, 2005), um alemão e um francês, a Europa me parece bem representada.
Tomo-os e não outros, porque são ao meu ver realmente pós-modernos, ou seja, há uma crítica a modernidade rediscutindo o papel do Estado Iluminista, do pensamento idealista- liberal e finalmente e principalmente, do colonialismo e neocolonialismo europeu.
Morin ao analisar a emergência do totalitarismo na Europa o vê como “fora de todas as previsões … fruto de um processo histórico saído do desastre que foi a Primeira Guerra Mundial … que foi um desencadear de barbárie assassina e ao mesmo tempo um ato suicidário para a Europa” (Morin, p. 51), enquanto Sloterdijk afirma: “a maioria dos estadistas europeus, de Felippe II a Churchill, compreenderia o significado da imagem alegórica do século XVII que retrata o imperador Carlos V como Atlas: sobre os ombros do imperador repousa um globo cingido por uma guirlanda com o dístico O quam grave onus (como um fardo pedado)“ (Sloterdijk, 2002, p. 14).
É o resultado de uma mentalidade colonialista, expressa em Morin assim: “Esta barbárie colonialista, de uma excessiva brutalidade, continuará a manifestar-se em França em pleno século XX, como é testemunha o massacre de Sétif, cometido no próprio dia do fim da segunda Guerra, a 8 de Maio de 1945, e as inúmeras exacções durante a guerra da Argélia” (Morin, 2002, p. 26).
Por fim a crise do pensamento expressa em Sloterdijk com o tripé: absurdo, frivolidade e letargia, absurdo das duas guerras, a letargia do discurso do “retorna da Europa” no pós-guerra com “características psicopolíticas e culturais” e a letargia do consumidor do final do século XX, e frívolo “é aquele que sem fundamento sério na natureza das coisas, deve decidir- se por isto ou aquilo: é o verde-claro e não o carmesim, o teriyaki de salmão e não o carré– mouton, … etc” (Sloterdijk, 2002, p. 27), enfim conotações de um vazio existencial típicas de uma crise cultural.
As ideias de Morin são bem conhecidas e já expressas aqui como no post recente dos saberes necessários para o futuro, assim como sua saída para esta crise a “ideia-chave diz respeito ao processo que chamo a era planetária” (Morin, 2005, p. 40).
Somente nesta perspectiva planetária, sem neocolonialismo e solidária com a humanidade, a Europa poderá encontrar seu destino unida a todos povos.
Números nas mídias de Redes Sociais
As redes sociais funcionaram nesta manifestação como funcionam em muitas outras, entretanto o poder de adesão, ao contrário que sonha a vã filosofia, nada tem a ver com a grande mídia, uma vez que uma hashtag de sucesso foi #VemPraRuaBrasil, que no dia 15 de março ficou entre as Treding Topics mundiais, também haviam manifestações mais direitistas pedindo a volta dos militares e outras de ódio ao PT.
Enquanto Folha de São Paulo dava o número de 200 mil manifestantes enquanto a Polícia Militar e outros setores davam números próximos a um milhão em São Paulo, como no mundo todos os grandes jornais no exterior deram notícias: The Guardian, Wall Street Jornal, Le Monde, El País e muitos outros, destacando o escândalo da Petrobrás e o Impeachment.
Curioso, porque também do lado governamental há sempre uma severa crítica a grande mídia, que sabemos é mesmo um monopólio de umas poucas famílias e isto continua a ser tema tanto nas redes sociais como nas rodas políticas do Brasil, mas o destaque da grande imprensa foi pequeno, talvez porque as verbas orçamentais em propagandas como a Petrobrás e o Banco do Brasil, além das tradicionais do próprio governo lhes convenham.
Longe de posições político ideológicas, quase sempre extremadas e parecendo as fanáticas torcidas dos times de futebol, o Brasil e a América Latina encontra-se em situação delicada, o retrocesso econômico não é defensável por ninguém, menos ainda por uma corrente ideológica qualquer, não temos uma resposta clara ao neoliberalismo e nem um avanço real de solução das questões sociais, num radicalismo de pseudo-intelectualidade ignorante.
Grandes pensadores do mundo todo estão preocupados com a humanidade como um todo, o processo civilizatório encontra-se em cheque a muito tempo, e portanto, o problema não é a torcida do Juventus (time pequeno da capital paulista), mas o mundo sem esquecer as questões locais é claro, numa concepção glocal.
Glocal é o que reúne numa perspectiva holística (‘holos’, do grego “Todo”) os âmbitos: local e global para a edificação de uma sociedade sustentável.
Pirata Bay voltou ao ar
Depois de inúmeros processos e prisões, um ex-diretor do Pirata Bay ter desativado seu blog, agora ele está no ar de novo desde o dia de ontem, trocou o logo do navio pirata pela fênix.
Um dos fundadores do site, Peter Sunde, dizia que a plataforma de download de arquivos via torrent estava superada e cheia de propagandas que não pertenciam ao domínio, e então afirmou que o melhor a fazer era mesmo decretar o fim.
Peter Sunde que não faz mais parte da equipe, afirmou que a nova comunidade online trará mais surpresas e deverá ter um site mais eficiente que o anterior.
Para comemorar o “renascimento” do site, o logotipo do navio pirata foi substituído pelo desenho de uma fênix, pássaro lendário da mitologia grega, que quando morria retornava depois de algum tempo das próprias cinzas.
A volta ao ar estava prevista para o início de fevereiro, mas se adiantou, para a alegria dos usuários, o domínio do site continua o mesmo e também todo acervo original de links.
De acordo com o site Torrent Freak, que realizou pesquisas nos servidores do The Pirate Bay, o número de arquivos perdidos parece ter sido mínimo.
Compartilhar é um direito, como emprestar um livro ou um disco, mas os detentores de empresas de negócios de conteúdo não concordam com isto, e jogam duro para tornar a internet também um território de negócios, mas um dia este direito será reconhecido.
O globo de ouro mudaria o Oscar?
Pode ser que sim, o já premiado Birdman (levou os globos de Ouro de melhor ator de comédia e melhor roteiro), é uma crítica radical a busca de “fama” a qualquer preço, curiosamente estrelado por Birdman curiosamente estrelado pelo ator Michael Keaton, também ator de Batman (1989), Batman Returns (1992) e lembram-se?
Há 10 filmes indicados ao Oscar, muitas vezes o melhor drama no Globo de Ouro ganhou o Oscar de melhor filme, mas a Academia se dobraria a esta crítica direta e muito bem feita?
Há 10 filmes que estarão na disputa pelo Oscar de melhor filme, “O grande hotel Budapeste” do diretor Wes Anderson, que passou Birdman em melhor comédia no Globo de Ouro, seria um revide da Academia premiando Birdman ou “Selma” (Globo de Ouro de melhor canção original), um filme biográfico sobre Martin Luther King Jr. uma afirmação da Academia já que é de uma rara diretora negra Ava DuVarney, enquanto “Para sempre Alice” que conta sobre uma paciente em início precoce de Alzheimer (Julianne Moore ganhou o globo de melhor atriz em um drama) e a história do físico Stephen Hawking em “A teoria do tudo” (interpretado por Eddie Redmanyne, melhor ator em um drama), seriam uma reafirmação da Academia.
Já o outro premiado com uma crítica clara ao cinema americano é “Boyhood: Da Infância à juventude”. não se trata exatamente de um anti-herói, mas de recuperar a humildade numa sátira ao show business.
Com um pequeno orçamento, feito em 14 anos (com os mesmos atores), o produtor Jonathan Sehring referiu-se ao diretor Richard Linklater como: “Quando ele veio até nós com esse projeto há 14 anos, eu disse que sim, o homem tem tanta humanidade. Ele é tão humilde. Ele dedicou tanto de sua própria vida a esse filme”, os atores fizeram um filme durante longos 12 anos, na medida em que cresciam em sabedoria e humildade.
“O grande hotel Budapeste”, do diretor Wes Anderson, que foi um golpe para “Birdman” conta história de um porteiro de hotel envolvido em um mistério de assassinato e assalto ganhou apenas um prêmio no Globo seria o revide.
Correm por fora: “O desaparecimento de Eleanor Rigby”, “Interestelar”, “Mr. Tuner”, “Como treinar seu dragão 2”, “The Imitation Game” (sobre o precursor da computação Alan Turing), “Invencível” (dirigido por Angelina Jolie) e Big Eyes (biografia séria da pintora Margaret Keane, dirigido por Tim Burton, amanhã sai a lista dos 10 indicados.
Distopia: discurso e corrupção
Nas eleições os discursos eram positivos tudo ia bem, passaram as eleições e agora vai mal, sobem a gasolina, a energia e claro o salário dos corruptos, eis a distopia (antiutopia) nacional.
Históricamente o termo está ligado a sistemas de totalitarismo, autoritarismo, por um grande controle opressivo da sociedade, que se mostra corruptível flexibilizando as normas criadas para o bem comum onde a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, seja de instituições ou mesmo de corporações, nunca pelos cidadãos.
O termo apareceu pela primeira vez num discurso de Stuart Mill (e atribuido também a Gregg Weber no parlamento britânico em 1868, ele disse: “É, provavelmente, demasiado elogioso chamá-los utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos [‘dis-‘ do grego antigo δυσ, translit. dys: ‘dificuldade, dor’] ou caco-tópicos [‘caco-‘, do grego κακός, translit. kakós: ‘mau, ruim’]. O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável.”
No cinema Stanley Krubick é um especialista em distopias: “Laranja Mecânica”, “O admirável mundo novo” , mas também podemos citar os épicos: “Blade Runner”, “Minority Report”, mais recentes: “Matrix”, “Filhos da Esperança” (2006) e “Cisne Negro” (2010) e o recentíssimo “Interestelar” (2014).
Vou ver (já havia lido) o filme de Kubrick “Barry Lyndon”, baseado no romance do indo-britânico William Thackeray “Memórias de Barry Lyndon” (1884), que fala da ascensão e queda de um penetra na nobreza irlandesa, ao mesmo tempo em que mostra a face negativa desta nobreza.
Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência, dá o que pensar.
Levinas e Morin: infinito
Emmanuel Levinas é um filósofo de nosso tempo, pouco lido, porque é pouco aderente a nossa modernidade cotidiana, líquida como gostaria Zygmunt Bauman, complexa como gostaria Morin, ambas escondem respostas que Lévinas traz com a ideia de compreender e de infinito, tão caras a origem da modernidade e esquecidas depois numa des-ilustração.
Do latim comprehendere, termo que significa “conter em Si”, “constar de”, abranger, pelo Eu algo que não faz parte do Mesmo, a modernidade tornou o movimento do Eu desejante aquém de um Outro invisível, inalcançável, impossível de romper apenas com a relação de natureza transcendente, ou seja, com a metafísica.
Morin explica que é preciso opor ao paradigma da simplificação, com uma nova forma de pensar que seja capaz de apreender a complexidade do real, tratada em seis volumes de sua maior obra, O Método (publicados entre 1977 e 2004), onde apresentou de modo sistemático o novo paradigma da complexidade, que “emerge” das fissuras do pensamento simplificador ainda dominante.
Mas vai ser Lévinas que estabelece um outro entendimento para a origem da ideia de infinito, diferentemente de Descartes, abre a própria relação metafísica do Mesmo com o absoluto do Outro, exterior a todo mundo do Eu, irredutível à representação e do qual só pode ter a ideia de infinito , pois este transborda os limites de toda compreensão, pois “a ideia do infinito tem de excepcional o fato de o seu ideatum ultrapassar a sua ideia” (Lévinas, 2000, p. 36) que está “infinitamente afastado da sua ideia – quer dizer, exterior – porque é infinito” (idem, p. 36).
Lévinas resolve o paradigma moderno totalizante (e por isto simplificador como afirma Morin), contrapondo-o a ideia de infinito, ”uma relação que não é uma totalização da história, mas a ideia do infinito”. (Lévinas 2000, p. 39).
Advento tempo de infinito, não de totalidade, do metafísico e não apenas do transcendente, porque posso encontrá-lo no Outro e não em alguma ideia metafísica distante.
LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Biblioteca de Filosofia Contemporânea. Lisboa: Edições 70, 2000.
MORIN, Edgar. O método, vol.1 a 6. Sintra: Publicações Europa-América, 1991-1992.
Politica esgotada, fragmentada e as redes
A política que vivemos hoje, em nível mundial e não apenas aqui, foi sintetizada assim por Edgar Morin em seu livro: “Terra-Pátria”, mostrando que os diversos aspectos da vida contemporânea estão fragmentados e esgotados isto inclui a economia, a técnica, a medicina, a biologia, etc. e as diversas manifestações de descontentamentos nas redes não são ouvidas.
Morin diz que é preciso uma política “do homem” que “deve assumir a multidimensionalidade e a totalidade dos problemas humanos, mas sem se tornar totalitária” (Morin, 2001, pg. 155).
Esta política precisa de “tecnicidade, de cientificidade, mas não deve submeter-se ao sistema da especialização que destrói o global, o fundamental e a responsabilidade” (idem, pg. 155).
Embora por setor se apresentem números, é no global que tudo está extremamente falho, não há nenhum indicativo de mudança a não ser o que o próprio Morin chama de “maneira providencialista e religiosa, o totalitarismo exprimiu as características contemporâneas da política que toca todos os aspectos da vida humana” (idem, pag. 154).
As mídias de redes sociais são formas de empoderamento e de respostas a ausência de uma política global capaz de responder a demanda social, que também as vezes está sujeita a manipulação, mas que torna-se um reduto para as consciência que percebem a ausência de uma política global, harmônica que faça o conjunto das forças sociais avançarem.
Morin, Edgard. Terra-Pátria, Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
O ser do ente e as mídias
Foi o filósofo Emanuel Lévinas (1906-1995) quem melhor sintetizou o pensamento de Heidegger (1889-1977), sobre ontologia, este filósofo que fez a discussão sobre o ser renascer, percebeu que havia um esquecimento no pensamento moderno, e este influencia profundamente o pensamento cotidiano de nosso tempo, o esquecimento do ser ou sua troca pelo ente.
A filósofa e fiel seguidora de Husserl, Edith Stein escreve assim sobre este Ser esquecido de nosso tempo, como projeto infundado de superar a metafísica que que examente este ser que era confundido com um ente determinado em cada época da metafísica; a ideia, a substância, ipsum esse, cogito sum, o eu transcendental, saber absoluto e muitos outros, assim lutamos com as coisas e com os entes, mas estamos presos a este ser do ente.
Na palavra cotidiana isto significa consumismo, individualismo, e tantos outros ismos, mas nenhum deles escapa do idealismo, o que propomos pouco ou nada tem a ver com o SER.
O equívoco mais profundo é separar o SER de sua existência, em uma transcendência as vezes eloquente, mas sem fundamento, esclarece Lévinas:
“A ontologia, dita autêntica, coincide com a facticidade da existência temporal. Compreender o ser enquanto ser é existir. (…) A ontologia não se realiza no triunfo do homem sobre a sua condição, mas na própria tensão em que esta condição se assume. (…) O homem inteiro é ontologia. Sua obra científica, sua vida afetiva, a satisfação de suas necessidades e seu trabalho, sua vida social e sua morte articulam, com um rigor que reserva a cada um destes momentos uma função determinada, a compreensão do ser ou da verdade”. (LEVINAS, 1997, p. 22).
Assim precisamos SER e isto não está desligado do ter, do saber, do conhecer, mas tudo vivido em um tempo concreto: no dia de hoje, com seres concretos: aqueles que estão a nossa volta, ligados aos entes que nos são possíveis, separá-los é estar preso ao pensamento apenas, não há conexão com a realidade.
O SER do nosso tempo é envolto em técnicas, tecnologias e saberes, não apenas os cultos é claro, mas todos aqueles que vem da percepção e relação com o Outro, que Lévinas prefere chamar de Outrem, para enfatizar que é um não-eu.
LEVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaio sobre a alteridade. Trad. Pergentino S.; Pivatto et al. Petrópolis: Vozes, 1997.