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Arquivo para a ‘Ciência da Informação’ Categoria

A linguagem além da lógica.

21 jul

Em toda história da filosofia e mesmo da ciência há três conceitos que ultrapassam em muitos aspectos os conceitos da lógica, entre eles, a verdade o bem e a justiça são os mais comuns, já em

Platão vão além de serem princípios lógicos, eles encarnam princípios cosmológicos e como tais devem recorrer a metafísica, analogia e a metáfora.

Assim, no Livro VI da República, a grande analogia metafísica recai sobre a ideia do bem, homônima da justiça e da verdade: o sol é filho e progênie do próprio bem, e ainda é o seu análogo visível, ali é colocado em sombras das formas na caverna, o contraste com o mundo real e perfeito das formas e a analogia do sol para “clarear” os objetos.

Na ausência do conhecimento, confundem meras sombras com a realidade, e a filosofia é para Platão a ponte pedagógica que serve para passar da completa obscuridade para a luz do conhecimento.

O uso da linguagem pode ser também apenas lógico, na década de 1930, Wittgenstein dizia que como sabemos que na linguagem só há proposições, e surpresas só ocorrem no mundo, então não há surpresas em matemática: a matemática é totalmente “gramatical”, dir-se-ia hoje é apenas sintática.

No contexto da semântica, e da significação, a linguagem adquire outras propriedades e nelas que a metáfora faz sentido, ao dizer José é bravo como um leão, a analogia serve para aumentar o que significa bravo dando-lhe nova semântica à sintaxe: José é muito bravo.

Mas a metáfora é também contextual, o belo poema de Fernando Pessoa “O poeta é um fingidor“ só é compreendido se sabemos que “comboio de corda” refere-se a uma brincadeira de criança nas décadas de 20 e 30 do século passado e que “calhas de roda” referem-se aos trilhos, ali:

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Há ainda a penetração da metáfora no mistério, o inefável como já postamos, e poder afirmá-lo.

 

O inefável e a metáfora

20 jul

A viragem linguística é uma das hipóteses de interpretação da pós-modernidade, não a única, porém algo além da modernidade idealista já despontava na crise do início do século passado: a crise do pensamento, da sociedade (duas guerras mundiais), a guerra fria e agora a polarização.

postamos sobre a ligação da metáfora e o inefável em Paul Ricoeur e para ele a metáfora é um reagente  (réactif) que revela o simbólico na linguagem, que nos leva a pensar por seu excesso de significação e assim é um modo de compreensão disponível ao hermeneuta.

Porém há algo além que é a possibilidade de uma hipótese, quantas questões científicas precisam recorrer a metáfora antes de uma explicação final, no trabalho de John Searle, em Expressão e Significado faz uma pergunta importante sobre o significa quando dizemos S é P e queremos dizer S é R? E que na verdade o ouvinte entre S é P.

Sua questão é no fundo saber “como funcionam as emissões metafóricas, isto é, como é possível para os falantes comunicarem algo ouvintes falando metaforicamente, uma vez que não dizem o que querem significar? E por que algumas metáforas funcionam e outras não? (SEARLE, 2002, p.112).

Segundo o autor ao pensar não devemos dispensar modos diferentes de compreensão (mito, alegoria, metáfora, analogia) e menos ainda métodos diferentes para interpretá-las: exegese, história, psicanálise, antropologia, linguística e outras, a meu ver, parece um princípio mais o universal por não fica confinado em algum campo metodológico e sujeito aos seus “vícios”.

Porém o inefável é parte inerente ao progresso do conhecimento humano, e significa estar além do lógico e do físico, estando naquele campo cujo nome mais apropriado é o inefável.

O modo como se pode chegar a esta compreensão é o chamado de “via curta”, e foi fundamentado na hermenêutica proposto por Martin Heidegger, ele consiste No modo como pretende fundamentar sua hermenêutica pelo desvio do que chama de “via curta”, proposta por Martin Heidegger ele consiste em não buscar os métodos ou as condições da compreensão, mas a partir do ser do homem, o seu Dasein, cuja existência consiste em compreender.

Respondendo a questão de Searle, não importa se o ouvinte entendeu exatamente S é P ou S é R, pois se S é P e isto foi aquilo que disse uma fonte, o destinatário entendeu exato ou não deve-se a sua existência enquanto ser que compreende, a sua cosmovisão, que pode ser limitada.

Admitir o inefável, que em certo momento só pode ser dito de modo metafórico, análogo ou mesmo exegético é admitir a convivência de visões de mundo diferentes, e pode ser isto é mais palpável que a compreensão daquele fenômeno em certo momento só é possível pela metáfora.

SEARLE, John R. Expressão e significado: estudos da teoria dos atos da fala. Martins Fontes, SP: 2002.

 

 

Vacinação acelerada e novas preocupações

19 jul

A vacinação acelerou em julho conforme era a expectativa otimista, a queda de infecções e mortes cai num ritmo ainda muito lento e as novas ondas de infecção em países da região como Chile e Argentina acendem um sinal de alerta, o Perú já vinha em número alto e alguns países da Europa, como a Rússia, também mostram que a Epidemia está longe do seu fim.

A Argentina atingiu na quarta-feira (14/7) a marca simbólica de 100 mil mortes, alto para uma população de 44,5 milhões de habitantes, e entrou num novo lockdown, conseguindo já conter a nova alta, os números no final da semana voltaram a cair.

O Brasil como a Argentina chega ao número de vacinados de 16% e 11% respectivamente (ver o gráfico acima), enquanto a primeira dose no Brasil chega 44,5% e a Argentina 45%, os números próximos sugerem uma maior atenção para a possibilidade de uma nova curva ascendente, seria uma maior expansão da variante delta, fatores climáticos (Chile e Argentina são mais frios) ou ainda uma variante chamada de lambda, lá também a eficácia da Sputinik russa é questionada.

A variante lambda detectada no Perú assusta, chamada de C.37 seus estudos preliminares indicam maior letalidade e capacidade de driblar as vacinas é séria, o pesquisador Pablo Tsukayama, coordenador do laboratório de Genética Microbiana da Universidade Cayetano Heredia de Lima, detectou que a variante já é 100% dos casos infectados no Perú a partir de abril de 2021.

A falta de dados abertos prejudica a pesquisa, o próprio Ministério da Saúde do Perú não divulga e o professor Tsukayama é um dos que protestam a esta falta de acesso.

Outra questão que preocupa é a falta de dados científicos sobre a eficácia da vacinação para as novas variantes, há muita gente que dá declarações tentando contemporizar, porém não apresenta estudos científicos claros, por exemplo, sobre as variantes novas como a lambda.

Um destes estudos, apontado pelo jornal El País do dia 11 de julho passado, é do virologista chileno Ricardo Soto Rifo, que se concentrou na vacina CoronaVac, a principal usada no Chile, em um grupo de trabalhadores da saúde voluntário descobriu que a lambda apresenta “capacidade de infecção e de escape imunológico incrementada contra anticorpos neutralizantes”, o alcance de tal perda ainda está por ser esclarecida.

Outro estudo apontando no El País é o da vacina Pfizer e Moderna, é da Universidade de Nova York, apontando que os resultados foram “relativamente menores”, porém o professor Tsukayma faz uma constatação pouco animadora: “É praticamente impossível prever como um vírus sofrerá mutação”, porém diminuir a transmissão é possível por meio das vacinas e isto é o efetivo.

 

Interioridade e a relação social

16 jul

Se a sociedade atual “isola” o indivíduo, e a pandemia o fez com maior profundidade, isto não significa que não seja necessário em uma vida urbana cada vez mais agitada, algum isolamento.

O drama cultural de nosso tempo é quando se “pressupõe exatamente a não satisfação (pela opressão, repressão ou algum outro meio) de instintos poderosos”, explicou Freud (ver o post sobre o Mal estar da civilização), ele expõe isto como uma “frustração cultural” que domina o campo dos relacionamentos sociais entre os seres humanos, mas Byung Chul Hang vai mais a fundo ao analisar o que é a dor.

O novo livro de Byung-Chul Han “A sociedade paliativa” vai descrever diante da dor a sociedade medieval como a sociedade do martírio, e a atual como Sociedade da Sobrevivência, e por causa da tentativa de viver na ausência da dor uma Sociedade Paliativa, tantos remédios antidepressivos, ansiolíticos e “analgésicos, prescritos em massa, ocultam relações que levam a dor” (Han,  2021, p.29).

Em uma análise curiosa para um budista, mas talvez pela consciência de que a Páscoa significa uma “passagem” pela dor para a vida eterna, o autor descreve: “em vista da pandemia, a sociedade da sobrevivência proíbe mesmo a missa de Páscoa. Também sacerdotes praticam o “social distancing” e usam máscaras de proteção. Eles sacrificam a fé inteiramente à sobrevivência … A virologia desposa a teologia.” (Han, 2021, p. 35).

Todos escutam os virologistas, diz o autor, a bela narrativa da ressurreição “dá lugar inteiramente à ideologia da saúde e da sobrevivência” (Han, 2021, p. 35), não se trata da vida e sim: “A morte esvazia a vida em sobrevivência”.

Utilizando Hegel o autor explica o verdadeiro sentido da dor: “A dor é o motor da formação dialética do espírito” (pg. 75), o percurso formativo é “uma via dolorosa: O outro, o negativo, a contradição, a cisão pertencem, portanto, à Natureza do espírito” (pg. 76) e assim a interioridade.

Explica o autor: “nisso ela distingue da vivência [Erlebnis], que não leva a nenhuma mudança de estado. Apenas a dor surte uma transformação [Veränderung] radical. Na sociedade paliativa, o igual se perpetua.” (pg. 77).

Jesus sempre após algum momento intenso de pregação ou de participação em algum evento social, retirava-se com os discípulos, era o momento da interioridade, porém muitas vezes as situações obrigavam a deixar o descanso de lado e voltar a ver o povo (Mc 6, 31-34):

“Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco” … Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor” e Jesus voltou e foi ensinar outras coisas a eles.

Ele também teve momentos de dor anteriores a Páscoa, ao qual bebeu o cálice, e pouco descanso como na passagem acima.

HAN, Byung-Chul.  Sociedade paliativa: a dor hoje. trad. Lucas Machado, Petrópolis: RJ: Ed.Vozes, 2021.

 

 

Caminhando para um futuro incerto

13 jul

Palestras e livros motivacionais estão crescendo desde o início do século XXI, não importa muito a mensagem, o importante é levar as pessoas a uma força de ação que é a do desempenho.

Religiões tradicionais perdem adeptos para igrejas que trocam o discurso do pecado pela autoajuda e pelo desejo de reconhecimento e sucesso, a polarização política não deixa isto de lado um bom político deve demonstrar seus “feitos” e não sua isenção, equilíbrio e honestidade.

Longe de estar desdenhando a evolução tecnológica, ela é importante e podem auxiliar numa retomada co-imunológica, aquela em que descobrimos a mutualidade, o “exame” conforme descrito por Byung Chul Han apenas busca performance e ela pode incluir o desrespeito e as fake- News.

A sociedade repressora e disciplinar do século XX descrita por Michel Foucault (Vigiar e Punir) perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal, enchem-se as fanpages, as lives exibindo performances e até mesmo exibindo violência, o que é preocupante é o excesso de informação pouco elaborada.

Interioridade, que é diferente de subjetividade, que é o que é próprio do sujeito, é aquele espaço interno que precisamos cultivar para tornar a nossa vida mais equilibrada, com pensamentos e atos mais positivos e que colaborem com o mutualismo, o sentimento de responsabilidade pelo outro, a consciência social, enfim, a coimunidade (a sociedade imunológica).

Chul Han aponta que a subjetividade, já presente em discursos de pensadores atuais, como a “sociedade pós-industrial” (Bell, 1999), “soeicdade do controle” (Deleuze, 1992), “capitalismo cognitivo” ou “economia material” (Negri e Lazzarato, 2001, Gorz, 2005) e “biopolítica” (Foucault, 2008) foram formas de expressão desta subjetividade, porém sem lançar mão da interioridade, todas citações de Byung Chul Han.

A sociedade é empurrada para um excesso de positividade como a chama Chul Han em sua Sociedade do Cansaço, o conceito disciplinar coercitivo (“tu deves”) imposto de fora, fez entrar em cena um novo enunciado (“nós podemos”), o qual, em seus aspectos mais imanentes, “remete a uma falsa liberdade ao impor aos indivíduos os imperativos do desempenho e autosatisfação.

A análise do autor parte do filme Cisne negro (Aronofsky, 2010) para explicar sua tese, a imposição de performance e desempenho mediante a autossuperação é incorporada pela protagonista que é levada as últimas consequências.

A sociedade do cansaço atual nada mais é do que a absolutização unilateral da “potência positiva” e o melhoramento cognitivo (neuro-enhancement) pode não representar nenhum problema moral, mas levará a um problema moral ainda maior na normatividade da sociedade do desempenho.

HAN, B. C. A sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp

 

Tendência de queda e vacinação

12 jul

Segundo o consórcio de veículos de imprensa o número de doses da vacina no Brasil chegou a 83.794.712 para a primeira dose, enquanto 28.108.088 a segunda, a este valor deve ser acrescido 2.465.295 doses únicas, num total de 114,3 milhões de doses aplicadas, espera-se que cresça para manter a curva de declínio que se observa nas infecções e mortes.

Em percentagens significa 14,4% que já receberam ou a segunda dose ou a Janssen que é dose única, enquanto a percentagem que recebeu a primeira dose fica próximo aos 40% isto está sendo importante para conter as variantes mais ofensivas, a delta e a delta plus, que já estão no país.

É preciso salientar que as análises clínicas indicam que a segunda dose é necessária para a nova variante, e uma faixa mais larga acima dos 60% começa receber a segunda dose, mas a aplicação da Janssen é a que deixa mais otimista porque o número de pode fazer a imunização crescer.

Quando atingiremos a chamada imunidade de rebanho que permitirá o relaxamento das medidas de proteção é a questão que todos queremos saber, Anthony Fauci, chefe do National Institute of Allergy and Infectious Diseases dos EUA, um dos médicos que lidera os esforços contra a covid-19 nos lá, faz a estimativa de que se deve chegar aos 70% da população, porém há outros que indicam que seria de 80 a 90%, pois o problema maior é a mutabilidade do vírus.

Pouco se comenta, mas as Ilhas Seychelles na Africa Oriental é o país mais vacinado do mundo, com 70% da população e o número lá ainda não caiu, há estudos tentando desvendar o mistério.

O Japão que tem números próximos ao Brasil, 17% para as duas doses e acima de 30% para a primeira dose já anunciou que não haverá público nas Olimpíadas que se iniciam daqui uma semana, e as viagens dos atletas serão monitoradas com todas medidas de proteção.

No ritmo da vacinação ainda são precisas todas as cautelas, sempre que houve algum relaxamento se verificou um aumento de casos e de mortes, esperamos que a curva se mantenha em queda

 

Um século de Vida: Edgar Morin

08 jul

No dia de hoje (08/06/2021) o filósofo, educador, historiador e geógrafo francês Edgar Morin, nascido em Paris como Edgar Nahoum, adotou o codinome Morin depois que lutou na resistência francesa ao nazismo.

O jornal francês Liberation, publicou na quinta-feira (03/06) alguns trechos de seu novo livro que será lançado nesta semana, na França, “lições de um século de vida” (“Leçons d´un siècle de vie”, editora Denoel), com alguns trechos do livro, chamando-o de avô de todos os franceses.

No livro Morin diz que quando não estiver mais vivo, espera que as pessoas consigam se se “amar umas às outras e a si mesmas, em vez de continuar nessa regressão ocidental marcadas por neototalitarismo em gestação, e não deixa de citar a China.

No momento em que o mundo se fecha, e a questão identitária se torna relevante, pois divide os povos, Morin refletindo sobre suas próprias origens destacou em seu livro, conforme o Liberation: “Todo mundo tem a identidade de sua família, de sua aldeia ou cidade, a de sua província ou etnia, a de seu país e a maior, de seu continente. Cada um tem uma identidade complexa, ou seja, somos únicos e ao mesmo tempo plurais”, não se trata só de “tolerar” e sim de “amar” o Outro.

Alerta que “a história humana é relativamente inteligível a posteriori, mas sempre imprevisível a priori”, lembra a crise de 1929, a ascensão de Hitler e do nazismo, a desintegração da ex-União Soviética e o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, suas reflexões sobre aquilo que chamou de “stalinia”, sobre a qual segundo o Liberation escreveu em seu livro: “Minha estadia de seis anos no universo stalinista me educou sobre os poderes da ilusão, do erro e da mentira histórica”.

Porém está longe de ser pensado como um conservador e mesmo um reformista, sempre sonhou com uma mudança estrutural na humanidade, que deve partir de uma mudança de mentalidade, do pensamento e da cultura, e reflete também sobre o populismo e o absolutismo religioso.

Aguardemos o livro, como sempre, trará novas reflexões, talvez até mesmo confissões de Morin.

No Brasil, em Brasília o Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasilia (CDS/ UnB) também lançara um livro com os 15 melhores artigos sobre Edgar Morin, já selecionados, em parceria com o SESC/SP, apoio da Cátedra Regional de Complejidad y Condición Humana de la Universidad  CLAEH (Uruguai) (a imagem usada acima) e do EHESS/CNRS do qual Morin é pesquisador emérito.

Com 100 anos ainda revela uma lucidez inigualável nesta idade, e uma vitalidade e sabedoria únicas, félicitations Morin.

 

Ter consciência de Ser e viver com o essencial

07 jul

A frase do filósofo Sócrates “a vida que não se examina não vale a pena ser vivida” não faria grande sucesso hoje, a frivolidade fez crescer aquilo que não é essencial como falsa necessidade de felicidade e um ambiente de dor e resiliência entra em choque com esta mentalidade.

Deve-se examinar neste contexto o que é consciência, e como pede a hermenêutica não existe consciência, a não ser a consciência de algo, a consciência fenomenológica não há dualismo entre sujeito e objeto, Ser é buscar examinar a consciência de algo, seja ele concreto ou abstrato.

A vida social requer alguma forma de mutualismo, estar bem e o Ser não negar sua sociabilidade, a vida pessoal requer exame do Ser, o equilíbrio com a natureza, também com sua própria implica a saúde, o equilíbrio e isto não está separado de interioridade e capacidade de reflexão pessoal.

A pura exterioridade leva ao não essencial, a performance, a imagem pública e a autovalorização pessoal são formas de exterioridade que podem levar ao consumismo e ao individualismo exagerado.

Ter consciência do todo é complexo, porém viver com no essencial torna a vida simples.

O essencial para se viver requer poucas coisas: vestimentas, alimentos e posses modestas podem levar a uma vida equilibrada e feliz, o contrário pode levar a um excesso de preocupação e stress.

No outro extremo não ter o essencial pode levar também ao desespero, aí estão as maiores e injustas situações sociais, uma sociedade que não se preocupa com isto está em desiquilíbrio e leva todos ao desiquilíbrio, também os que acumulam e tornam-se egoístas e consumistas.

A consciência do Ser na visão hegeliana estaria ligada ao Ser-em-si e para-si fica apenas na forma de percepção, fica na imaginação, a intencionalidade dos fenômenos que é negadora de outros objetos (externos) ou de si mesmo (internos) e por isto esta forma de consciência está relacionada ao nada.

A consciência não se consegue sem se identificar com nenhum ser-em-si (algo na fenomenologia) é nela que se aproxima em relação com outra consciência, isto ocorre porque uma ação ou escolha enquanto consciência percebe nesta relação a contingência e gratuidade da existência.

Assim esta consciência leva a reciprocidade, ao mutualismo e a uma existência que vale a pena, no dizer do filósofo Sócrates “porque ela se examina” e isto a vivifica e caminha para a plenitude.

A pura exterioridade é voluntarismo e a pura interioridade é falso essencialidade, e pode ser fuga.

 

Curva em queda, mas vacinação fica lenta

05 jul

Apesar da curva de infecções e média de mortes (veja a curva), o problema começa a ser a segunda dose que está em estável em 12% na última semana, alertamos que o problema pode piorar pois o número de doses da AstraZeneca e Coronavac deveriam aumentar por causa da segunda dose.

O número de casos confirmados na sexta feita era de 54.101 e a média móveis dos últimos 7 dias era de 50.905 infecções (em 14 dias um recuo de 30%), o número de mortes apesar de continuar alto está abaixo de 2 mil mortes, e não há nenhum estado em alta, também as UTIs começam a ser desafogados, as regiões mais graves estão em torno de 70% as internações, mas em queda.

As polêmicas de vacinas vencidas, e o caso da Janssen que teve muitas vacinas congeladas (elas necessitam de um sistema especial de temperatura de -2ºC) porém são seguras afirma o Ministério da Saúde, além e Belo Horizonte agora também Campinas aplicou doses da vacina em moradores de rua, uma medida humanitária elogiável, já que esta vacina imuniza em uma única dose e estas pessoas tem dificuldades com medidas sanitárias.

Os casos de vacinas vencidas estão sendo identificados em diversas cidades, alguns locais como a cidade do Rio de Janeiro houve registro errado no sistema, a situação não está fora de controle e em vários casos uma nova vacinação já está sendo feita, é importante verificar com precisão os casos em que a vacina realmente estava vencida, onde houve erro de sistema e o número exato.

O caso da compra da vacina indiana Covaxin tornou-se centro da crise política do governo por denuncias de corrupção, a negociação foi suspensa pelo Ministério da Saúde e a compra deverá ser cancelada, além dos políticos também a CGU deve prosseguir no processo de investigação.

O problema grave é a lentidão da vacinação, alertamos que em julho diversos fatores poderiam colocar o processo em cheque, a necessidade da segunda dose, que chegando ao município é imediatamente disponibilizada para vacinação.

O secretário executivo do Conselho Nacional das Secretarias Municipais (Conasems) explicando também o caso das vacinas vencidas garantiu que as vacinas chegando são imediatamente disponibilizadas para a população, portanto o problema é o controle da Anvisa e a disponibilidade.

Mauro Junqueira, o secretário da Conasems entretanto esclareceu que nem sempre é possível um controle direto no tablet ou sistema computacional, as vezes é feito no papel e depois colocado no sistema informatizado, a diversidade de municípios no país explica isto facilmente.

Insistimos na necessidade de aumento da produção de vacinas para o mês de julho, o número da última quarta-feira segundo a CNN foi de 3 milhões de doses da vacina Janssen, 3,33 milhões do imunizante da Pfizer e outras 7,15 milhões do produto AstraZeneca/Fiocruz, total 13,5 milhões.

 

O todo, a parte e o Ser

02 jul

Foi a partir desta teorização do todo que Werner Heisenberg deu início ao princípio quântico, quando formulou sua teoria não havia qualquer resposta de experiência científica, o que por si só já contesta o empirismo, e era uma “teoria” o que por si só contesta que a realidade é prática, mas foi a primeira tentativa, feliz porque depois a Física e a Ciência viriam em seu socorro, sobre partir do todo e não das partes como propunha o método cartesiano.

A verdade da física, porém vai se mudando ao longo do tempo, as novas descobertas sobre as novas descobertas de subpartículas (entre elas o bóson de Higgs), os 7 estados da matéria (junta-se aos três amplamente conhecido, o plasma (luz líquida), os estados de Bose-Einstein, gás fermiônico e superfluido de polarations, e pode haver um oitavo, assim já há uma para-física.

Porém já há, e sempre houve a meta-física (posterior a física), a modernidade quis reduzi-la a subjetividade (algo próprio do sujeito, mas preso apenas a sua mente), a ontologia atual, fruto da hermenêutica e da fenomenologia, recupera-se questionando o “velamento” do ser, e propõe uma clareira, a crise do humanismo não é outra coisa senão esta crise.

A pergunta filosófica sobre o tudo é “porque existe o tudo e não o nada” e isto supõe a ex-sistência, já a pergunta sobre o todo poderia ser, ela não é feita filosoficamente e sim apenas teologicamente, se existe “tudo” qual é a intenção que justifica a ex-sistência de tudo ?

A fenomenologia recupera a intencionalidade, uma subcategoria da consciência na filosofia medieval, com um sentido de estar dirigida a algo, ou de ser acerca de algo, assim ontológica.

Husserl a recuperou dirigindo-a a um objeto, categoria essencial no idealismo moderno, mas dirigindo-a algo que pode ser imaginário ou real, assim inclui-se a metafísica e o Ser.

Assim o fantástico da existência de tudo não é apenas sua existência, mas a intenção pelo Todo.

Qual é o todo e se existe é Ser, assim só Ele pode Ser além do todo universo que é locus, já que na física moderna o tempo é uma abstração, diz o físico italiano Carlo Rovelli, que está entre os mais respeitados.

Para os cristãos a entrada de Deus na physis acontece com Jesus, diz a passagem que Jesus pergunta quem dizem ser “o filho do homem” (Ele assim fala de uma de suas duas naturezas: divina e humana), e vai perguntar aos apóstolos o quem dizem que Ele é.

Os apóstolos respondem (Mt 16,14-16) {a questão do mestre: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, e Jesus diz que ele é feliz porque foi Deus que o revelou.