Arquivo para março 11th, 2015
A crise da democracia representativa
O problema não é nacional, não é somente da corrupção, mas a própria essência da democracia representativa está em cheque, alguns autores que descem fundo ao problema podem lançar luz, a maioria vai ficar entre torcidas organizadas, embora o problema exista aqui, só que não é exclusivamente aqui.
O que ocorre, a beira de panelaços de manifestações contra e pró a presidenta recém-eleita, em meio a muitas discussões legalistas, ouvi da deputada Erundina “o problema é político”.
Sim, mas de fundo social e econômico, um livro que em nada é afetado ou apaixonada, o filósofo francês Jacques Rancière faz uma análise sobre os Estados democráticos e lança uma inquietante crítica ao sistema representativo com uma afirmação no mínimo polêmica: “Não vivemos em democracias. Vivemos em Estados de direito oligárquicos, em um admirável sistema que dá à minoria mais forte o poder de governar sem distúrbios”.
Alguém questionaria se é minoria, mas eu questiono o sem distúrbios, Francis Fukuyama mostra como este sistema implantado a força eu países de outros costumes como as Ilhas Salomão e Guiné Papua, que possuíam tradições tribais, foram traumáticas e estranhas.
Também há outros países, como o Haiti que teve uma carta republicana Crioula e que deveria ser estudado, o italiano Antônio Maria Baggio faz uma excelente análise em seu livro: “o princípio esquecido”, traduzido para o português pela editora Cidade Nova.
Mas estes três exemplos pitorescos servem para mostra que o ódio à democracia é porque muitas vezes é uma reação ao ódio ao povo e seus costumes, e uma sociedade em busca a igualdade, que quer o respeito às diferenças e o direito das minorias, lembro que mulheres e negros não são minorias no Brasil, às instituições deveriam encarnar os anseios do povo.
Conforme Rancière, e concordo o “governo democrático é mau quando se deixa corromper pela sociedade democrática que quer que todos sejam iguais e que todas as diferenças sejam respeitadas. Em compensação, é bom quando mobiliza os indivíduos apáticos da sociedade democrática para a energia da guerra em defesa dos valores da civilização”, mas isto é complicado em uma crise civilizatório em curso, com profundas e necessárias mudanças.
Os que falam por esta crise civilizatório não são os “donos do poder” ou os eleitos por suas competências, que de modo diferenciado em sistemas diferentes, mas que estão sempre sobre influencia do poder econômico, se declaram Estados democráticos e para Rancière “Para eles, a democracia não é uma forma de governo corrompido, mas uma crise da civilização que afeta a sociedade e o Estado através dela”, e afirma ainda o autor “O novo ódio à democracia pode ser resumido então em uma tese simples: só existe uma democracia boa, a que reprime a catástrofe da civilização democrática”, quem tem esta coragem ?
O que ocorre é uma incompreensão de uma democracia direta, das manifestações e da participação ativa nas redes sociais, agressiva as vezes é verdade, mas os mídias centrais não tem mais o monopólio, agora o poder da midia está ao alcance de um click do mouse.