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Posts Tagged ‘Christmas’

A verdadeira alegria

22 dez

A palavra utilizada para “alegria”, no original grego, é χαρά (chara), que está relacionada com as palavras χάρις (charis), que é normalmente traduzida por “graça”, e χάρισμα (charisma), que significa tanto um presente de graça, sem custo, quanto proveniente da graça.

Assim há algo da “graça” na alegria que a diferencia da felicidade, devido a distância na compreensão deste termo com um aspecto pouco natural e objetivo, há os que preferem a felicidade como algo mais “sólido” em tempos de reducionismo líquido consagrado por um certo tipo de pensamento e que entrou até em ambientes religiosos e assim procurá-la e o que é objetivo, sólido e que é proveniente do idealismo e do pensamento eurocêntrico.

A alegria, a paz e verdadeira ascese só se encontra nos corações que encontraram a verdadeira e divina sabedoria.

O apelo aos bens terrenos, as conquistas humanas e a todo tipo de felicidade passageira, cada vez mais frequente na narrativa idealista nada tem a ver com alegria, e se há felicidade ela é passageira e terá um custo.

O Natal e as festas de final de ano podem fazer parte desta felicidade passageira ou dar espaço nos corações e almas que já encontraram a alegria perene e eterna: o divino em meio ao humano.

 

Sucesso e alegria

06 jan

Anselm Grün começa este capítulo fazendo um contraponto, pois tanto o filósofo judeu alemão Martin Buber que disse “Sucesso não é um termo de Deus”, como o famoso psicólogo Carl Jung que dizia que o é o maior inimigo da transformação do ser humano é uma vida cheia de êxitos, o monge termina dizendo que “o sucesso faz parte da vida” e devemos nos alegrar com isto (Grün, 2014, p. 73).

Faz a ponderação que podemos sim “alegrar pelo momento”, uma alegria de gratidão, uma dádiva “gratuita, não um mérito, é algo que eu percebo e me alegra sabendo que acontece e passa” (Grún, 2014, p. 74).

Depois vai corrigir e dizer que a alegria está principalmente associada a criatividade, citando Aristóteles e Erich Fromm, “ficamos satisfeitos com o trabalho bem feito e quando percebemos que realizamos algo hoje” (pg. 75), e completa que os artistas são “grandes conhecedores desta alegria”.

Assim há diferença entre a Euforia e a verdadeira Alegria, o que se busca hoje nos shows, nas academias e nas clínicas de estética é um sucesso fugaz, passageiro, principalmente quando não se busca a saúde e o bem-estar daria até outro nome para esta alegria que permanece, chamaria de gaudio.

Também o reconhecimento é importante, mas ele não virá de poderosos, de gananciosos ou vaidosos, estes procuram holofotes e sucesso comprometido ou até mesmo comprado, não está envolto da verdadeira alegria porque surge de valores e verdades efêmeras e portanto, que passam, mas que as mentes e corações sábios sabem encontrar.

Na passagem bíblica o nascimento de Jesus, num local humilde de uma pequena cidade de Belém, e o reconhecimento primeiro por humildes pastores do campo e depois por “magos” vindos do oriente, uma clara alusão a povos distantes e de outras crenças, que anuncia uma verdadeira alegria, um júbilo e aquilo que deveríamos lembrar no Natal e no ano de que se inicia, isto que pode nos dar uma verdadeira alegria.

Diz a leitura que os pastores ouviram cantos de alegria cantado por anjos nesta data, que em muitos países (como a Rússia) é um dia comemorado, por entenderem que algo muito especial aconteceu: Emana-uel (Deus conosco).

GRÜN, Alselm. Viver com Alegria. RJ, Petrópolis: Vozes, 2014.

 

Então é Natal (Mururoa)

24 dez

Assim começava uma música inglesa, em uma versão brasileira da cantora Simone da letra original de John Lennon e Yoko Ono e em seguida uma pergunta: “e o que você fez?”, gostava da música, mas a letra me soava estranha porque depois de usar uma expressão mística dos indús.: “Harehama” ela fazia uma provocação com Hiroshima e Nagasaki, das bombas atômicas, e depois ainda de Mururoa que é uma ilha da Polinésia, que na tradução do maori significa paciente.

Recentemente, isto uns 11 anos atrás, quando aconteceu o incidente de Fukushima, o tsunami que afetou a usina atômica do Japão, eu comecei a entender e só agora com o perigo nuclear da guerra do leste europeu o sentido se completou, não podemos falar de paz num mundo minado por ódio e bombas.

Sim, as esperanças se renovam, mas agora em meio a desconfianças, é como se saísse um véu de nossas vistas (no meu caso literalmente porque já operei uma das vistas), e um mundo claro se apresentasse, claro porém cheio de dúvidas e conflitos.

Diria que é uma Natal de Mururoa, da paciência que espera e que tudo alcança, porém apreensiva e preocupada.

Este é um pequeno texto que consigo escrever ainda em meio a recuperação das vistas, feliz Natal aos que creem, paciência aos que entendem a situação presente e que os espíritos de guerra e de ódio se desarmem.

A luz existe, é preciso que uma simples vela seja acesa, e o Natal é luz. 

 

O Natal na China

20 dez

O Natal tem conotações diferentes em todo mundo, a ideia de uma data para o nascimento de Jesus é a comemoração de um Deus que se fez carne, que esteve entre nós e pelo capricho divino nasceu justo em uma data de recenseamento para que fosse contato entre os homens, e no vilarejo de David para onde José e Maria foram porque os recenseados deveriam estar em suas cidades de origem.

Também se cumpriu a profecia (Isaías 11:1-16) “virá um descendente do rei David, filho de Jessé, que será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes” e também uma profecia mais incrível ainda que uma virgem conceberia (Isaias 7,14): “por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal, uma virgem conceberá e dará a luz um filho, e o chamará “deus Conosco” “, indicando a forma da vinda de Jesus.

A tradução da palavra moça como virgem é contestada em algumas crenças cristãs, porém o texto é claro que Maria diz não conhecer homem algum (Lc 1,34) e José se afasta dela para não denuncia-la conforme dizia a lei judaica para mulher adultera, e depois retorna aconselhado por um anjo, nenhum destes fatos é coincidência pela sua originalidade e sim todos são providência para que os homens pudessem crer.

O Natal na China não é uma data oficial, outras festividades como o Festival da Primavera ou o Ano Novo Chinês são bem mais comemorados e lembrados, porém na cidade de Yiwu, por produzir produtos natalinos para todo o mundo é vista como onde é Natal o ano inteiro, inclusive com as luzes e decorações típicas de todo mundo, nos últimos dez anos o Natal começou a ganhar popularidade, mas longe de ser uma data onde o nascimento de Jesus seja comemorado, é o tradicional período consumista ocidental que chegou também lá com as grandes empresas que hoje são internacionais de automóveis e eletrodomésticos.

Porém na cidade de Macau, que tem origem e influência portuguesa até os dias de hoje, por exemplo, os nomes de ruas estão em chinês e português, algumas lembranças do Natal verdadeiro é vista por lá, como o presépio da Vila Coloane de Macau (foto cortesia de um amigo).

Estarei operado da vista estes dias e impedido de usar notebook, então deixo a mensagem de Natal de esperança em um mundo de paz, que os homens retornem ao caminho difícil da porta estreita por onde passam o Amor, a Misericórdia e a Esperança, um mundo mais justo, mais fraterno é possível se os homens se desarmarem e se derem as mãos.

 

O maior de todos sinais

16 dez

A maioria daqueles que não acreditam num sersuperior pensam “se Deus é vivo porque não nos manda um sinal”, também a passagem do rico que tinha o chagado Lázaro sempre a sua porta, pediu a Jesus que mandasse um sinal a sua família, para saberem que Deus existia, e Jesus lhes respondeu: “eles tiveram os profetas e não acreditaram”, mas é claro que falam de um sinal visível concreto.

Também a leitura daquele tempo dizia (1Cor, 22-24): os gregos querem sabedoria (seriam os cientistas de hoje) e os gregos querem sinais (seriam os religiosos de hoje), mas a loucura divina é sabedoria e as coisas fracas são as fortes divinas (dor, compaixão, humildade, simplicidade, etc.), não é como o raciocínio meramente humano.

Não há maior loucura de um Deus querer reduzir-se a homem para resgatar a todos, incompreendido e sem acolhida nasce numa manjedoura e morrerá na cruz, o apóstolo Paulo diz orgulho dos cristãos (só dos verdadeiros é claro) e escândalo para os homens, será ele o adulto do mesmo menino que nasce numa manjedoura e depois tem que fugir para o Egito para evitar a matança de (quadro de Guido Reni (1611/12) ).

Herodes estava confuso porque imaginava (como muitos hoje) que ao falar que ia nascer o rei dos Judeus, imaginava que este lhe tiraria o trono, e queria mata-lo desde o nascimento, não tendo o encontrado ele manda matar todas crianças que ainda são de colo, mas Maria José e o menino haviam fugido para o Egito.

Assim não foi apenas um sinal visível, foi também um sinal humano, diz a Leitura de Mateus (mt,1,22): “tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus está conosco”, mas José que tendo se afastado de Maria por causa deste grande sinal é avisado pelo anjo e lhe dá o nome do menino de Jesus.

Poderiam haver ainda mais sinais em nossos tempos, alguns místicos acreditam que sim, porém ele será precedido de muito sofrimento, assim como a revelação de Jesus que descrevemos, e depois virá a clareira.

 

 

O que procurar e onde encontrar

15 dez

Não se pode esperar que uma árvore má dê bons frutos, mesmo aqueles queprocuram a verdade e a sabedoria, procuram para dar vazão as compulsões de poder, de riqueza ou de prazer temporário.

Há enorme quantidade de literatura disponível e já penetrou no senso comum a lei da atração, técnicas de poder e de enriquecimento, fórmulas mágicas de felicidade e de juventude, etc.

O problema central permanece se não se procura onde de fato pode-se tirar sabedoria, poder para servir mais e melhor aqueles que nos são próximos, riqueza e felicidades plenas e não temporais.

É fácil perceber o fruto destas árvores de falsas felicidades, de podres poderes e de prazeres passageiros que se transformam em desespero e infelicidade, eles estão expostos entre os ídolos atuais, entre as festas e orgias que tem até mesmo altos patrocínios, a descaso com o dinheiro público, a justiça para os poderosos e a infelicidade para a imensa maioria da população, que é muitas vezes tragada pela má propaganda enganosa.

Pode-se desfilar inúmeras falsas sabedorias, porém duas me chamaram a atenção sobre técnicas de poder:”todos os meus desejos se realizam”, sim a que custo é necessário pensar, “minha rotina é sempre próspera”, não há momentos para pausa e para desfrutar o que prosperou então a prosperidade é um fim em si mesma e não trará felicidade, descanso, contemplação e estado elevado da alma.

A questão central que precisa ser respondida é de onde vem todas estas falsas promessas, que até podem se realizar, porém de maneira temporário, elas implicam no enriquecimento a qualquer preço, na soberba confundida com autoestima, na falta de autocrítica, e quando se busca de fato em lugares coretos, o que se busca ali se não for uma verdadeira ascese, com o tempo cairá por terra e virá a decepção.

Estamos no tempo do Natal, poucos procuram a felicidade de fato, é certo é um período que aumenta a fraternidade, o acolhimento e as boas intenções, porém o que de fato queremos ao final desta busca.

Diz a passagem bíblica, que começamos no post passado, os discípulos foram pergunta a Jesus se de fato era ele, depois o mestre corrige perguntando o que foram buscar no deserto, já que eram discípulos de João Batista (Lc 7, 24-27): “depois que os mensageiros de João partiram, jesus começou a falar sobre João às multidões. “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?  Que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e alguém que é mais do que um profeta. É de João que está escrito: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o meu caminho diante de ti’.

Não basta procurar no lugar certo é preciso saber o que de fato se procura, se são coisas passageiras, muitos sãos os lugares, se são coisas verdadeiras poucos e é preciso ter a questão certa da procura.

 

O escândalo do Natal

14 dez

Pode-se pensar apenas em escândalos negativos: de corrupção, de imoralidades ou guerras, mas não há maior escandalo do que um Deus se tornar mortal e vir ao mundo por um nascimento normal.

Não é só o fato que nasceu, mas de maneira simples, num momento em que se fazia um recenseamento e isto é importante porque foi contato entre os mortais, com uma forte perseguição de Herodes que ouvira dizer que nasceria o rei dos judeus, e pensava em um poder humano, o que significa que perderia o seu poder dado pelo Império Romano.

Além deste escândalo de um Deus que se rebaixa em vem habitar a terra dos mortais, a sua vida será marcada por muitos fatos extraordinários, curas, desvios ao poder religioso estabelecido pelos judeus,  ainda que fosse eles o povo prometido, afinal Jesus nasceu judeu, filho adotivo da descendência de David por José e de sua mãe a judia Maria.

Muitos eram os profetas daquele tempo, e muitos se proclamaram o messias, e até mesmo entre os mais próximos de Jesus continuavam as dúvidas sobre quem de fato era ele, o próprio Jesus pergunta aos seus discípulos quem o povo pensa que ele é quem os discípulos pensam que ele é, de fato não e ‘algo simples de acreditar, é um escândalo um Deus que se torna mortal.

Até mesmo João Batista que é o último profeta, e aquele que anunciava a vinda do Salvador, manda seus discípulos perguntarem pessoalmente a Jesus se de fato ele é o que todos esperam naquele tempo.

A resposta de Jesus é com fatos (Lc 7,20-23): “Ide contar a João o que vistes e ouvistes, os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres”, é feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”.

De fato hoje não é mais escândalo, predomina a indiferença ou o desprezo, até mesmo dentro de  cultos e templos há uma certa normalidade e confundem a cultura cristão divina, com a mundana, o escândalo é mesmo os que dizem crer inventaram um Deus tão humano, que não é mais aquele que veio ao mundo (um advento), mas um período normal de festas e alegrias passageiras.

 

Mais que profecias e milagres

09 dez

O tempo de dor e sofrimento é prenuncio de um tempo de graça e grandes mudanças, porém elas não podem vir sem uma mudança de mentalidade, se os homens não mudam, o que muda é aparente.

Este sentimento está no ar e vai de incitações a guerra, ao ódio e a violência até falsas profecias e milagres que não há neles nada de religioso ou divino, o que virá então, .que se espera deste Natal, deste advento?

Embora no nascimento do menino-Deus muitos desconfiavam de uma vinda daquele que estava prometido ao povo judeu, muitos também eram os profetas e que se auto anunciavam como o salvador, também como hoje no campo político devido a opressão do império romano, mas a surpresa foi grande embora as leituras da época anunciavam exatamente como ele viria, indicando até o local que era Belém.

Assim se esperamos mudanças e elas certamente virão, não será como pensa a maioria dos homens, dos sábios e profetas, mas do modo como age a divina sabedoria, que espera as ilusões humanas passarem.

Os discípulos de João Batista, embora ele anunciasse a vinda de Jesus, e a necessidade urgente de mudança, principalmente da mentalidade religiosa da época, também tinham dúvidas, e o próprio João, que estava preso manda os seus discípulos perguntarem a ele quem era de fato Jesus, e se era de fato o prometido.

A resposta de Jesus corrige a mentalidade humana dos discípulos de João:  e a primeira resposta é uma pergunta (Mt 11,9): “Então o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 0É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. 11Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”, para fazer entender que o anuncio é além das evidencias e visões meramente humanas dos fatos.

No nosso tempo é necessário mais que explicações e realidades mundanas, que são importantes, mas limitadas, não há nelas a verdadeira clareira que pedem até mesmo filósofos e pensadores profundos, a maioria paira numa cultura rasa e mudança, onde é difícil alcançar realidades realmente superiores e necessidades de uma humanidade à deriva e com enormes riscos civilizatórios.

Para bons leitores, a leitura do trecho que indicamos é claro nos versículos anteriores, diz Jesus aos discípulos de João (Mt 11,4=6): “Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” e claro isto é mais que milagres e demonstrações de ‘poder divino”, não é assim que o divino age, e sim com a clareira e a verdade, mesmo que escandalize alguns.

Aos que não creem resta dizer que a ação divina é além da humana, age no extraordinária, não age como paliativo a dor, mas a sua eliminação completa, porém vem depois da dor e do sofrimento da cruz.

 

Entre o ordinário e o extraordinário

08 dez

O imenso universo e as imagens e pesquisas que o telescópio James Webb vai revelando nos mostram mais do que a grandeza da ciência o quanto a natureza e conhecimento humano são ínfimos perto da riqueza orgânica e misteriosa do universo se revela.

Não se tratam de descobertas de outros planetas habitados por seres orgânicos como o nosso, mas sim os limites das próprias leis da física a ponto de questionar o que é o tempo e o espaço absoluto a maior revelação da modernidade e da racionalidade, que agora está em mudança pelas leis da relatividade e encaminhada pela noção mais exata do que chamamos de eternidade.

Também na vida cotidiana existem fatos extraordinários, não aqueles proclamados por adivinhos, falsos profetas ou oráculos de uma sabedoria que já se sabe limitada, pela própria visão correta da ciência, incerteza e erro é o seu caminho mais seguro, ou como escreveu Bohr para Einstein: a raiz d todos males é a ideia humana de que alguém detém toda a verdade.

O período do Natal é para os cristãos a revelação de uma verdade nova e extraordinária, no sentido que ela está além de toda razão e ciência humana, por desejo divino Deus se fez homem, numa relação trinitária, desejo de Deus-Pai, concepção do Espírito Santo em uma virgem (ver post anterior) e um divino-humano Deus entre nós entra na história.

O fato é extraordinário porque a história se modificou e se modificará mais ainda como o passar da dimensão espaço-temporal na qual a vida humana está imersa, todos morrem e outros nascem e uma verdade divina vai se revelando através da noosfera, a esfera que a mente ou o espírito habita e a qual ninguém pode negar, porque até mesmos os erros e concepções filosóficas e teológicas estão imersos nela.

Os personagens bíblicos, homens sinceros apesar de seguidores de Jesus, também duvidaram de sua concepção, de sua vida (andar sobre as ondas do mar, a multiplicação dos pães, a cura do cego de nascença, a ressurreição de lazaro) ao todo 36 atos extraordinários dos quais 22 são curas, tudo isto um dia será conhecido pela ciência, é possível, porém foram feitos aquém deste tempo, quando a ciência dava passos iniciais.

Mas há os atos só divinos, como a passagem a pé enxuto pelo mar, a visão da sarça ardente de Moisés e o maior de todos os atos extraordinário, aquele que só a revelação divina pode confirmar, e talvez um dia a faça com algum fenômeno extraordinário, a virgem concebeu e Deus veio habitar entre nós, também ele morreu, mas a crença cristã é que ressuscitou e vive na vida eterna.

Até mesmo a virgem que concebeu, a jovem Maria prometida em casamento a José, que ao saber da notícia anunciada por um anjo duvida do que está acontecendo com ela própria (Lc 1,29): “Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da salvação”, assim os personagens bíblicos idealizados por teólogos e pastores, foram na verdade muito humanos e não supersticiosos (quadro de Leonardo da Vinci, Anunciação, por volta de 1472).

É verdade depois Maria cantará o seu Magnificat, sabendo que Deus a engrandeceu, mas só depois de andar quilômetros até a casa da prima Izabel, que também recebeu uma graça de ficar virgem na velhice, porém no caso dela não há algo tão extraordinário, são conhecidos casos na história de mulheres com idade avançada que conceberam.

A fé é acreditar no extraordinário, ainda que não esteja na posse dele, saber que é possível a intervenção de Deus na história, e o que o Natal representa é a grande intervenção que é a própria vinda do menino-Deus.

 

Presente de Natal

24 dez

Em dezembro de 1947, bem próximo do Natal, três engenheiros da Bell Telephone (William Shockley, John Bardeen e Walter Brattain) inventaram o transistor (TRANsfer reSISTOR) que revolucionária a comunicação e mais tarde a computação, também os CIs (Circuitos Integrados) tem como base o transistor.

O grande evento deste Natal será o lançamento do observatório espacial James Webb (jwst, James Webb Space Telescope) da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, no horário das 9h20 (horário de Brasília) que vai ser levado para nave especial Ariane 5, feito com o custo de U$ 10 bi, o mais caro projeto espacial da história.

O que vamos procurar no espaço, além de outros enigmas, a origem do universo em seu estágio inicial, e é curioso que isto acontece neste Natal, e porque ele é tão especial.

Luzes enfeitam cidades mesmo em atenção com uma possível nova onda da pandemia e também uma nova gripe, acendem esperanças e nos fazem olhar para o futuro e para o início de nossas vidas, do nosso planeta e da humanidade.

Não há como fugir de utópicas, cosmogonias e escatologias religiosas, mesmo que possamos resolver muitos enigmas fica a pergunta filosófica: porque existe tudo e não o nada.

A resposta só pode ser ontológica, há uma razão para ser e há um futuro promissor, onde haja esperança se retornamos a lógica do Ser, do diálogo e do encontro com o Outro.

A mensagem não pode ser outro senão aquela que fala de fraternidade e de paz, ambos ainda não totalmente alcançados pela humanidade, o Natal reabre esta esperança.

É esta a profecia que anuncia Isaías (Is 52,7 quando que haverá uma paz verdadeira: “como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: ‘Reina teu Deus’”, a mensagem que acreditava na vinda do Salvador, o nascimento entre os homens do Messias.

As luzes na cidade não anunciam apenas esta luz visível aos olhos, mas aquelas que abrem o coração para a amizade e a paz (Jo 1,4-5): “nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la”, porque um ponto mínimo de luz já dissipa a escuridão, e esta é a nossa esperança.

Que o Natal renove as esperanças, num futuro possível e sustentável para a humanidade, e que a justiça e paz reinem num novo mundo.