Posts Tagged ‘Primavera Árabe’
Siria a beira da guerra civil
Desde o início das manifestações na Síria alertamos contra o aspecto autoritário do governo daquele país, com diversos massacres promovidos contra o povo, e a falta de sensibilidade do ocidente ao grito popular.
Agora após 2 atentados em Aleppo, milhares de sírios desafiaram na sexta-feira de ontem as forças de segurança do regime de Bashar al-Assad, que indica a emergência de uma guerra civil que deixará uma multidão ainda maior de mortos.
No bairro de Tadamone, bairro da capital Damasco tradicionalmente hostil ao regime, forças de segurança atiraram em manifestantes deixando cinco feridos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Abriram fogo ainda contra manifestantes em Hama (centro), em Aleppo (norte) onde houve o atentado, e em Hassaka (nordeste), onde as pessoas respondem jogando pedras nos soldados mostrando a reação civil ao regime.
Segundo a AFP, um manifestante dizia “Nossa revolução não tem nada a ver com os atentados terroristas do regime” em um cartaz exibido por manifestantes na cidade litorânea de Jableh, enquanto governo e oposição afirmam não ter responsabilidade dos ataques que mataram 55 pessoas e feriram outras 372 na quinta-feira.
Na segunda-feira tinha havido eleições, que teoricamente tiravam a hegemonia do partido Baath, do presidente al Assad, que chegou ao poder em 1963, mas a oposição boicotou e as eleições ocorreram em meio a ondas de violência no país, apesar da presença de observadores da ONU.
Ontem ocorreu nova explosão em frente à sede do partido Baath, na mesma cidade de Aleppo, onde poucas horas antes as forças de segurança diziam terem frustrado uma tentativa de atentado.
Apesar de algumas tentativas da ONU, a Síria segue um doloroso caminho em direção a guerra civil, o governo não abre o diálogo e boa parte da oposição está refugiada no exterior.
Irã corta acesso a Internet
Desde o final de semana, o Irã está com o acesso a internet cortado, Gmail, Hotmail, Yahoo e e-mail não estão disponíveis, e também os acessos ao Facebook. O governo não fez qualquer anúncio sobre a interrupção do serviço e são poucas as manifestações oficiais de protestos dos governos ocidentais.
Uma pessoa do interior do país confirmou esta manhã usando proxy sofisticados em conexões VPN que os iranianos são capazes de contornar o governo usando servidores proxy em conexões VPN.
“O interessante é que quando perguntados [o pessoal do governo], negam o fato de que todos esses serviços estão bloqueados”, um iraniano contactado pelo site inglês CNET News, e a pessoa pediu para não ser identificada.
É possível que tenha alguma ligação com 11 de fevereiro que é o dia da Revolução Islâmica.
O problema é que se o Irã bloquear servidores proxy e conexões VPN por mais de alguns dias, as empresas com filiais ou sede no país terão problemas para se comunicar com colegas de trabalho ao redor do mundoe terão que fazer o uso sempre limitado do telefone, fax, etc.
Isto significa que o governo tem um problema grande pois deve abrir as conexões para todos. uma vez que entrando uma nova rede em vigor, os iranianos comuns deverão ser mais censurados.
“Eu não sei a infra-estrutura que eles vão usar, mas eu não acho que nós temos uma maneira de sair daquela”, disse uma pessoa iraniano a CNET News “Estamos chegando mais perto e mais perto da Coreia do Norte.”
Egito um ano depois: comemorar ou protestar ?
Certamente amanha (que será madrugada no Brasil) deverão haver dois tipos de manifestação no Egito, um que mostra a mudança que ainda não foi feita e outra que comemora uma mudança que apenas se iniciou. Faz um ano que o Egito iniciou sua “primavera árabe”.
No ano passado aconteceram 3 episódios emblemáticos: dia 29/6 um confronto entre policiais e manifestantes na agora famosa Praça Tahir deixou um saldo de 120 hospitalizados e 34 presos, a manifestação lembrava as 346 mortes durante o levante popular; o blogueiro Loai Nagati de 21 foi um dos detidos.
O segundo importante evento aconteceu no dia 4/6, quando 10 soldados acusados de matar pessoas em Suez foram libertados sob fiança que gerou muitos protestos no Cairo, e o terceiro aconteceu em 5/7, quando foram absolvidos os ex-ministro da Informação Anas El-Fiqi e o ex-ministro das Finanças Youssef BoutrosGhali, ambos acusados de desvio de recursos públicos para a propaganda do Partido Democrático Nacional, que tornou-se ilegal mas existe na prática e procura exercer influencia política no governo militar.
Com a saída de Mubarak formou-se um governo interino composto por militares, mas aumenta a insatisfação e desconfiança, enquanto um esboço de nova Constituição começou a ser redigido e deverá ser aprovado por referendo, mas com pouco debate.
Em outros países também haverão protestos pedindo que as mudanças avancem.
Governo do Yemen pode deixar o poder
Em viagem na Arábia Saudita, o ditador Ali Abdullah Saleh, admite a possibilidade de sair do governo, enquanto crescem os problemas políticos e econômicos de seu país. No dia de ontem partidários manifestantes contrários ao seu governo enfrentaram os partidários ao seu regime nas ruas.
A República do Iêmen unificada nasceu em 1990, quando os tradicionalistas do Norte e os marxista do sul se fundiram após anos de guerras, mas a paz foi interrrompida em 1994 e uma curta guerra civil que terminou com a derrota dos separatistas do sul e a sobrevivência do Yemen unificado.
Um país onde muitas pessoas ainda vestem roupas tradicionais e tem o costume de mascar o khat, planta narcótica cuja plantação se expandiu enquanto a plantação o famoso café árabe foi se reduzindo.
O país é acusado também de ser refúgio de militantes islâmicos radicais.
Desde o verão de 2009, centenas de pessoas foram mortas e mais de um quarto de milhão de pessoas foram deslocadas por confrontos entre tropas do governo e os rebeldes do norte Houthi pertencentes à minoria xiita.
Mas desde o início das mudanças no mundo árabe, tanto as manifestações como o desejo de mudanças se transferiu para a “primavera árabe”.
No meio disto tudo “Toda noite, um terço do povo iemenita ir para a cama com fome”, alerta o WFP (UN World Food Programme), o programa de alimentação da ONU.
Uma das novas lideranças desta “primavera” no Yemen é Tawakoul Karman, responsável pela criação de uma organização de mulheres chamada “Bila Quyud” (Sem Correntes), e embora sua militância seja recente, é uma ativista respeitada, que lhe valeu o prémio Nobel da Paz deste ano (veja nosso post).