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Arquivo para agosto 16th, 2016

Entre o ópio do povo e dos intelectuais

16 ago

Marx escreveu sua célebre frase: “a religião é o ópio do povo”, mas é preciso

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lembrar que a religião que ele criticava principalmente em suas teses contra o “teólogo” ateu Ludwig Feuerbach e de modo mais filosófico e contundente em A Ideologia Alemã, em que aqui há uma crítica séria ao hegelianismo (que ele chama de velho), mas sem fugir de Hegel (que ele chama de novos hegelianos), ateus por que são meramente “idealistas”.

 

Agora é Raymond Aron que retoma a questão, estava lendo Ideologia e Utopia de Paul Ricoeur, que são suas aulas na Universidade de Chicago, em 1975, fundamentado no primeiro grande ensaio sobre Ideologia desde Mannheim, Saint-Simon e Fourier, em que vê a utopia, não reduzida a patologias desconectadas da realidade, mas a partir do distanciamento crítico e fecundo, vê a utopia como poesia social.

 

Mas ao pegar o livro de Raymond Aron tremi nas bases, na sua opinião: “o comunismo é a primeira religião de intelectuais a ser bem-sucedida”, não sei se é exatamente assim, pois na minha opinião existem outras crenças, como o positivismo, que se tornaram realmente religiões, inclusive com locais de cultos, e diversas outras crenças surgidas de convicções arraigadas, que possuem algum dogma central inabalável.

 

Mas voltemos ao “ópio do povo”, porque penso que este é o problema mais sério a ser resolvido no âmbito religioso, porque tudo aquilo que está sob o rótulo de “amor” deveria ser mais explícito do que o próximo, para dizer o que a filosofia contemporânea chama de Outro.

 

Ora, o defeito de todo o que se chamou de materialismo anterior a Marx, incluindo Feuerbach, era conceber o objeto, a realidade, o ato sensorial, sob a forma do objeto ou da percepção, mas não como atividade sensorial humana, como prática, não de modo subjetivo.

 

Mas isto é idealismo Hegeliano e não cristianismo, considerar a essência do Cristianismo como atividade teórica, é também idealismo, porque não implica em atos concretos, e a sabedoria bíblica é muito clara: “Se alguém declarar: “Eu amo a Deus!”, porém odiar a seu irmão [precisaria ser atualizado para o Outro] , é mentiroso, porquanto quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus que não vê” (1Jo, 4:20).

 

A necessária atualização para a categoria Outro, é porque a mundialização, e a visibilidade da aldeia global, nos permite entrar em contato com múltiplas culturas, e proximidade (daí a palavra irmão) está mais universalidade, assistimos à distância (e isto é o virtual) o que pode de estar forma estar próximo, sem a familiaridade pessoal, então não é o irmão, mas o Outro.