Arquivo para dezembro 20th, 2016
Desglobalização: definindo 2016
Há várias possíveis definições para 2016, que ainda não terminou, porém sabemos que há uma mudança de rota, foi o ano do BREXIT (a saída da Grão-Bretanha da zona do Euro), a vitória mais que surpreende de Donald Trump nos EUA, a direita e extrema direita disputando eleições na França e Angela Merkel perdendo espaços na Alemanha.
A Universidade de Oxford usou a palavra pós-verdade para definir este ano, palavra que embora conhecida desde 1992, cunhada por Steve Tesich, teve um crescimento de mais de 2.000% no ano de 2016.
Segundo o dicionário Oxford, define-se pós-verdade como: “que se relaciona ou denota circunstância nas quais fatos objetivos tem menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e as crenças pessoais”, ou seja, também o cenário da America Latina poderia estar contemplado desta forma.
Os Alemãos da Sociedade da Língua Alemã (GfdS), usou uma fala de Angela Merkel quando seu partido foi derrotado em eleições regionais: “vivemos em tempos pós-factuais”, para definir 2016 assim: pós-factual.
Prefiro o que há de base comum em todos estes fatos, num retrocesso a tendência de mundialização, um certo reavivamente dos conceitos de “nações”, “culturas” e “povos”, o que não há nada de ruim, se não houvesse a rejeição do que é diferente, é a necessidade de tolerância e diálogo.
Chamo este processo o reverso da globalização, de desglobalização, tendência oposta ao que pedem livros como “terra-Pátria” de Edgar Morin, e o “O mundo não tem tempo a perder” de diversos pensadores importantes, entre eles o próprio Morin, Peter Sloterdijk e muitos outros, que pedem uma “governança mundial” para enfrentar problemas emergenciais: concentração de renda, desiquilíbrio ecológico, corrupção, etc. que precisam de uma agenda mundial.
Lembro que a história da humanidade também teve retrocessos, como a Restauração na França, os reinados no meio de um incipiente avanço da modernidade e tantos outros, mas o vetor da “mundialização” é positivo, é preciso compreendemos dentro de vários parâmetros.
A função das redes e das mídias sociais na denuncia de discriminações, atrocidades e uso não coerente da máquina de estado, uma maior visibilidade de tudo que ocorre no planeta e no plano filosófico a redescoberta do “Outro”, do diferente e do homo sacer.