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Arquivo para fevereiro 18th, 2025

O que é o Bem

18 fev

Esta é a questão que Aristóteles começa a desenvolver sua ética (A ética a Nicômaco): “Admite-se geralmente que toda arte e toda investigação, assim como toda ação e toda escolha, têm em mira um bem qualquer; e por isso foi dito, com muito acerto, que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem” Aristóteles (1991, p. 2).

A ideia de Sumo Bem de Platão, que se aproxima mais de uma ideia de divindade do “Mundo das Ideias” (ele dividia o mundo em mundo sensível e mundo das ideias) e a ideia de Bem em Aristóteles, como a ideia de uma escolha tanto na arte como na investigação, supõe que era esta a escolha para a vida social e política da polis grega, que levaria ao equilíbrio da política.

Assim se contrapunha ao mundo dos sofistas, onde toda lógica e escolha era pelo poder e pela posse dos bens terrenos, assim Aristóteles indica que ao falar de ética, fala da ética humana.

Lembra bem o autor que tanto ele como Platão se estabeleciam sobre princípios e não sujeitos a mera retórica e as justificativas de poder: “Platão havia levantado esta questão, perguntando, como costumava fazer: “Nosso caminho parte dos primeiros princípios ou se dirige para eles?” (Aristóteles, 1991, p. 5).

É esta perda de princípios, e o relativismo consequente dela, que faz o pensamento contemporâneo perder-se sobre o que é o Bem e até mesmo o que é a felicidade, tanto Platão como Aristóteles, não a perdem de vista, mas sabem que a felicidade depende da vida da polis.

Tomás de Aquino na baixa idade média não define o bem, mas sabia que ele também partia de princípios ou aquilo que chamava de “noção primária”, afirma: “como o bem move o desejo, nós o descrevemos dessa maneia como tudo o que deseja” e como tal pode se aproximar do bem ou distanciar-se dele.

Quando vemos o bem dessa maneira, podemos usar uma categoria aristotélica e tomista, de ver o bem como uma causa final, como uma perfeição a ser atingida.

O amor aos irmãos, a fraternidade universal não é uma “teoria”, mas um fim a ser atingido.

O equívoco de nosso tempo é pensar que podemos chegar ao bem com pequenos e grandes atalhos de nossas transgressões e maldades.

*Em Aristóteles as causas são: material, o que compõe o objeto ou o ser, a formal: a forma física e conceitual do objeto ou ser, a causa eficiente: o que faz o objeto ou ser, e, a causa final: para que serve objeto ou o ser.

 

Aristóteles. Ética a Nicômaco. tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim, Brasil: NOVA CULTURAL 1991 (Coleção os Pensadores).