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Coração puro e superação
Somente aqueles que conseguem manter um coração puro, um desejo de sempre avançar, é preciso que ir além do mundo cheio de mágoas, rancores e ódios, da valorização do “eu” e não do Outro, a superação é possível se não olharmos para o que passa e não tem grande valor.
Os desafios, as dores e dificuldades fazem parte da vida, são vencedores os que vão além destas contingencias e mais que isto são solidários aos que passam ao seu lado, sempre que temos alguém para partilhar e para seguir em frente, a vida pode ser diferente do mero viver.
O filósofo coreano-alemão Byung-Chul Han escreveu: “Assim, cada crítica da sociedade tem de levar a cabo uma hermenêutica da dor. Caso se deixe a dor apenas a cargo da medicina, deixamos escapar o seu caráter de signo” (Han, 2021), pois não sabemos superar a dor e nem somos solidários com quem sofre.
No seu livro A sociedade paliativa: a dor hoje, escreveu: “A arte de sofrer a dor se perdeu inteiramente para nós … A dor é agora, um mal sem sentido, que deve ser combatido com analgésicos. Como mera aflição corporal, ela cai inteiramente fora da ordem simbólica” (Han, 2021, p. 41), os destaques são do autor.
A sociedade tem dificuldade de viver a empatia, a felicidade e a afetividade, ela está condenada a calar-se, e “a sociedade paliativa não permite avivar, verbalizar a dor em uma paixão” (Han 2021, p. 14), grifo do autor, assim a paixão parece perder sentido ou ser “uma fraqueza”, quando na verdade é dela que tiramos o desejo de persistir e ir avante.
Assim podemos transformar a dor em amor, melhor que isto podemos entender melhor o que é paixão e o que com-paixão, sentimentos cada vez menos colocados na ordem do dia, o desejo de diminuir o outro, como fazem os haters, os memes e a negação do Outro, torna a sociedade mais agressiva, valoriza-se não a dor, mas o ódio, o escárnio e a humilhação.
Acreditar e persistir na crença de valores fundamentais para um verdadeiro humanismo é fonte essencial de civilidade, que pode contribuir com um processo civilizatório positivo e no qual aquilo que tem de mais humano pode ser valorizado, é preciso acreditar e persistir.
Na foto acima, System of Pain/Networks/Networks of Resilience, curadoria de Cecilia Vargas, no Dickson Center at Waubonsee Comunity College, Junho 7 a 10 Julho, 2018,
HAN, B.-C. A sociedade paliativa: a dor hoje: Trad. Lucas Machado. Petrópolis: Vozes, 2021.