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Posts Tagged ‘peace’

A posição do poder e a simetria

25 ago

Conforme elaboramos no post anterior, o poder é sempre uma posição hierárquica e assim a decisão final e os instrumentos de opressão estão as posições somente daqueles que ocupam os postos maiores na hierarquia e o que resta a base da pirâmide é a rebeldia ou a resignação.

Se o poder é necessário cabe a quem está no posto exercê-lo com discernimento e generosidade, o ideal era que de fato estivessem a serviço, mas salvo raras exceções, a maioria serve-se do posto, e de modo geral a eles todos aqueles que sofismam com o poder.

O modelo platônico e aristotélico supôs que a polis poderia ser governada por aqueles que eram bem preparados e para isto criaram instrumentos de formação do cidadão da polis, por excelência, o político.

A evolução deste modelo chegou ao iluminismo, e praticamente todos modelos atuais (há algumas exceções na África e em países da Ásia) este é o modelo de poder da maioria das nações, pela força, pelo voto ou por aquilo que Byung Chul Han chamou de psicopolítica, iludindo os povos.

Mas é importante lembrar que existe o poder disseminado por toda a estrutura social, e também que existem as redes (podem ou não usarem mídias) e através delas cada um pode exercer sua ação para um mundo melhor, mais simétrico e com maior reciprocidade entre os co-cidadãos.

Sloterdijk criou o modelo da co-imunidade, mas elas pressupõem que sempre algum “mal” impera, algo como o “mal estar da humanidade” o que aqui chamamos de crise civilizatória, a ausência de um modelo real para se contrapor aos modelos ditatoriais vigentes ou em escala crescente, há uma volta ás crises do início do século, justamente por não haver se oposto a raiz do modelo: o iluminista e o idealista.

As razões econômicas são consequências e não raiz destes modelos, como pretendia Edgar Morin ao enfatizar que não há como mudar sem mudar a raiz do pensamento, também Heidegger afirma que abandonar a revolução do pensamento é não permitir uma mudança real na sociedade, e que é no fundo a razão pela qual voltamos as teses anteriores a primeira guerra, ou seja, repetimos a história.

A simetria, a reciprocidade, a compreensão da diversidade humana e o respeito a ela quase sempre é ignorada pelos modelos do início do século passado, voltar a eles não é senão prenuncio de uma tragédia maior: a crise civilizatória de raízes mais profundas que as anteriores.

Quem sofrerá mais será a base da pirâmide do poder, porém o volume de poder bélico pode levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes, só a solidariedade, a fraternidade e a reciprocidade podem evitar e redirecionar esta crise.

 

O poder e a violência

24 ago

Historicamente povos pacíficos ou com pouca estrutura de defesa foram dominados por povos imperialistas muitas vezes justificando por valores sociais ou causas nobres, porém a pratica no final é de dominação, desenvolvida por Max Weber.

Na história recente, as ideias do “soberano” de Hobbes e o “príncipe” de Maquiavel iniciaram a ideia de Estado ainda no período que haviam reis (no Inglaterra e outros países ainda há), e depois foram reelaboradas por Kant e Hegel, onde os conceitos de cidade-estado e cidadania da antiguidade clássica foram recuperados e atualizados, porém esta é a ideia do poder moderno.

A ideia de democracia no sentido americano da palavra foi desenvolvida por Alexis de Tocqueville, que é ao mesmo tempo um elogio ao modelo americano, porém possui lacunas de interpretação que permitem uma análise critica.

A ideia que todo poder emana do povo, apesar de ser um modelo ideal no sentido lato da palavra, é mesmo o projeto final do idealismo, porém Sloterdijk constata que o modelo de “domesticação humana” falhou, são duas guerras nos países ditos “avançados” e uma a espreita.

As análises mais recentes, que tratam do poder “de fato” presente em formas de dominação e controle ideológico das populações (ideologia aqui é num sentido amplo) parte da análise de Michel Foucault que há formas dispares, heterogêneas e em constante transformação de como este poder é exercido, assim está em toda parte e não em uma instituição ou em alguém, onde ele desenvolve os conceitos de biopoder e micropoder.

Byung Chul Han, discípulo e na linha de Peter Sloterdijk, desenvolve a forma mais avançada que temos hoje que é o psicopoder, não apenas pelo controle de notícias e fake News, mas de modo especial pelas relações que se desenvolvem socialmente onde não reciprocidade, aquilo que Chul Han chama de “simetria”.

Diz ele não há simetria em nenhuma forma de poder e nem na comunicação (assim toda comunicação é uma forma de dominação e poder), somente há simetria onde há “respeito”. e assim a forma mais “violenta” de política hoje é desrespeitar o adversário de várias formas.

Esta é a violência cotidiana, que ela avance para sua forma mais cruel que é a guerra não é senão uma consequência, assim a violência começa nas ações de violência psíquica no dia-a-dia.

Assim estabelece Chul-Han: “o poder é uma relação assimétrica. Ele fundamenta uma relação hierárquica” (HAN, 2019, p. 18) e ele é a base de toda violência social e política, um poder que seja realmente democrático deve reelaborar a simetria ou a reciprocidade entre cidadãos e o estado.

HAN, B. C. No enxame. Petrópolis: Vozes, 2019. 

 

A guerra total por um fio e o G20

23 ago

Enquanto prossegue a guerra na Ucrânia, agora com pontos de tensão na Criméia anexada pelos russos, a China continua com “exercícios” próximos da ilha de Taiwan. Neste domingo (21/08) foram avistados 12 aeronaves e cinco navios, sendo que 5 aviões cruzaram a linha mediana do Estreito de Taiwan.

A guerra vai tendo uma escalada de violência com a morte da filha Darya do ideólogo russo Alexandr Dugin, que faz uma mistura filosófica de Lenin, Stalin com Nietzsche, Weber Heidegger e outros, uma autêntica salada russa filosófica.  O carro de Darya explodiu e incendiou matando-a no incêndio.

Nas últimas horas a Ucrânia atacou a sede administrativa russa em Donesk e navios russos na Criméia, a guerra neste momento ali é total e a capital Kiev pode voltar a ser atacada.

Em comunicado no dia de ontem (22/08), a China reagiu ao discurso do embaixador americano Nicholas Burns, que a acusa de estar “fabricando crises” dizendo que os EUA praticavam “uma retórica vazia, e uma lógica hegemônica” e a temperatura entre as duas nações mais ricas e fortes militarmente está subindo.

A aproximação de Rússia e China é cada vez maior, e o governo americano vê isto como uma forte ameaça, uma vez que cria duas grandes frentes de conflito e em pontos distintos do planeta, o perigo de uma guerra de proporções inimagináveis cresce.

Uma esperança seria a reunião do G20, grupo das 20 nações mais ricas, do qual participam entre outros países: EUA, Japão, Alemanha, Rússia, China, União Europeia, Reino Unido, Japão, Coréia do Sul, África do Sul, Brasil, Argentina, México, Austrália, Canadá, Arábia Saudita, Turquia e Indonésia, onde será a 37ª. reunião do G20, em Bali.

A data de 15 e 16 de novembro, entretanto é muito distante e as tensões são emergenciais, a ONU não conseguiu avanços nas negociações da Rússia e Ucrânia, num mundo fortemente polarizado faltam interlocutores que sejam confiáveis em ambientes de conflito.

Não é exagero dizer que estamos em alerta laranja nos aproximando do vermelho em função das ameaças e retóricas das grandes nações do planeta.

A esperança sempre há, em muitos casos na história há um ponto de inflexão em que a curva inverte sua tendência, neste cada uma tendência para a paz.

 

A origem e a crise do humanismo

17 ago

As duas guerras e a tensão atual Rússia x Ucrânia e China x Taiwan, que não são outra coisa que a tensão agora entre dois tipos de sistemas coloniais o imperialismo capitalista e o imperialismo ideológico, que não é apenas marxista ou comunista, porque isto exige uma discussão sobre o tema.

Sua proposta, segundo o próprio Sloterdijk, foram bem compreendidas pelos participantes, entretanto na reação dos filósofos havia um conteúdo “fascista” nelas, qual seja da seleção genética da humanidade, ou na indução desta mudança.

Também tive esta reação numa primeira leitura, no meu caso a crítica a “Cartas sobre o humanismo” de Heidegger, um dos temas centrais que aborda, além do questioamento que faz da concepção do humanismo, a sua grande contribuição está em compreender a relação ôntica sobre a ontológica, invertendo a precedência que Heidegger faz do ontológico sobre o ôntico.

Na prática significa uma revisão do motivo da clareira, como a incorporação de sua história natural sobre a social (Sloterdijk, 1999, p. 61), significa que há uma dimensão natural sobre o ontológico.

Pessoalmente prefiro não submeter uma dimensão a outra, digo que elas cooperam, algo parecido àquilo que escreveu Henri Bergson em sua “Evolução criadora” (1907), porém aderindo ao místico, e é claro que isto depende de uma cosmovisão com algum fundo religioso.

A revisão que Sloterdijk faz da “Política” de Platão (Sloterdijk, 1999, p. 47-56) desenvolve as origens do humanismo na Antiguidade, no seu ver, ligada ao exercício de uma inibição, a do hábito de leitura capaz de pacificar, domesticar, desenvolver a paciência, em oposição aos frenéticos divertimentos do “desinibido homo inhumanus”.

A metáfora platônica supõe que essas diferentes naturezas se encontram no Ser, ou seja são ontológicas, e como matéria-prima para formar o cidadão grego (o político), há o artifício de separá-las de modo a ter a configuração desejada para sua função na polis.

É preciso lembrar que também os gregos já falavam da areté, o exercício da virtude, para usar um termo de Sloterdijk “uma vida de exercícios”, porém a visão do filósofo alemão é que este projeto fracasso, e na nossa análise que inclui a mística, significa que há um abandono do areté.

Assim, não faço aqui uma defesa cega de Sloterdijk, apenas constato que sua crítica ao humanismo é a este projeto “pacificador” do homem, daí o porque das “regras do parque humano”, sua sugestão da natureza ôntica, não significa necessariamente a manipulação genética.

Está por trás desta questão a pergunta se o homem é bom ou mão, como fizeram os contratualistas iluministas ao definir o papel do estado, então a pergunta de Sloterdijk procede.

Em meio a ameaça de guerras com perigo civilizatório a questão permanece, e a resposta é o tipo de humanismo que queremos, e os modelos em jogo ainda não são alternativas ao modelo do estado como aquele que “pacifica” o parque humano, daí o recurso da guerra.

Sloterdijk, Peter. Regeln für den Menschenpark – Ein Antwortschreiben zu Heideggers Brief über den Humanismus. Frankfurt/M, Suhrkamp, 1999. Tradução brasileira: Regras para o parque humano – uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Tradução de José Oscar de A. Marques. São Paulo, Estação Liberdade, 2000.

 

A guerra do silício e o porco-espinho

16 ago

Já postamos a potência que é Taiwan na produção de chips, que em sua maioria são produzidos a partir do silício, porém a areia de onde se tira o silício vem da China, claro e de outros países, mas isto depende da travessa de navios pelo mar e isto é a estratégia da China.

A desproporção populacional e do efetivo de tropas é enorme, a China tem 1,4 bilhões de habitantes enquanto Taiwan tem 24,5 milhões de habitantes, o efetivo militar da China é mais de 2 milhões enquanto Taiwan está próxima dos 170 mil, neste efetivo a desproporção menor é da marinha de 240 mil para China e 40 mil para Taiwan.

Assim a estratégia de Taiwan chamada de “´porco-espinho” consiste em contra-atacar com espinhos dolorosos, ou seja, em vez de adquirir caças e submarinos caros, implantou sistemas defensivas móveis e ocultos, com mísseis antiaéreos e antinavios e estes serão os “espinhosos dolorosos”.

O sacrifício de vidas civis é inevitável, ainda que condenável por todos tipos de acordos de guerra, erros de estratégia, alvos equivocados e até mesmo o ódio que as guerras geram acabam por atingir inocentes que mal compreendem os motivos reais das guerras e das disputas comerciais.

De qualquer forma isto teria uma duração limitada pela disparidade das forças, então serão precisos em atuar em outras frentes: financeiras, comerciais e informacionais (incluindo a cibernética já em curso).

Enquanto a China planeja o estrangulamento e isolamento da ilha rebelde e Taipei aperfeiçoa a estratégia porco-espinho, os americanos ficam na ambiguidade de por um lado tentar manter as relações boas com a China e por outro não revela o apoio que pode dar a Taiwan em caso de ataque, mas os analistas afirmam que dará.

A guerra da Ucrânia não é senão um capítulo a parte no aspecto ideológico desta questão, já que Rússia e China são aliados políticos que querem destruir as forças do capitalismo ocidental, embora ambas tenha absorvido aspectos da livre iniciativa.  

Há uma terceira força neste tabuleiro que são os países islâmicos, Turquia e Irã em especial, e eles podem representar um desiquilíbrio das forças que mantém a tensão num estágio pré-guerra mundial, onde um confronto total levaria a uma crise nuclear.

Há forças pela paz? Sim, mas parecem enfraquecidas, a ONU não consegue ter um papel de mediadora e em alguns casos, como a anistia internacional, tem também lá havido defecções ideológicas de ambos os lados.

A humanidade sempre conseguiu sair destas ciladas e crises civilizatórias, no momento é difícil encontrar estas respostas, mesmo pensadores como Edgar Morin ou Peter Sloterdijk parecem um colapso de proporções mundiais, talvez uma força superior àquela que a maioria dos homens acredita, algo sobre-humano ou sobrenatural.

 

Liberdade, Tolerância e Paz

12 ago

Diz o adágio popular: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”,estenderia este pensamento a tolerância e a Paz, onde elas deixam de existir, também a liberdade acaba por ser cerceada.

Não só os autoritários desejam limitar a liberdade, também há modelos autoritários que tentam se justificar em nome de promessas que não realizam: a justiça, a moralidade pública e o bem estar de seus semelhantes, por tudo isto depende sempre de espaços para o diferente e o diálogo.

O primeiro ato de uma guerra é eliminar os diferentes, o segundo é estabelecer um estado de exceção que permita aos que estão no poder alimentar o combustível da intolerância pela guerra.

Não se trata de um assunto nacional, a extensão destas tensões já tem contornos mundiais, até mesmo a Anistia Internacional, órgão isento e geralmente tolerante, já apresenta distorções em suas ações e tem como questionável seus relatórios.

A Pandemia gerou um problema global, entretanto nem este “inimigo” comum nos tornou solidários, não conseguimos ler um grande sinal de socorro civilizatório e com isto outros virão.

Então qual é nossa reação a ausência de solidariedade e de paz, responde disse o chileno Pablo Nerudo: “os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra”, e é bom lembrar que o Chile passou também por um momento autoritário com a ditadura de Pinochet.

Para um mundo mais justo e fraterno não são necessárias só palavras, é preciso sim ações que sejam de fato afirmativas para implantar a tolerância, o direito a diferença e a liberdade social.

Aos que creem a palavra bíblica é muito clara, pois um anúncio de uma civilização de solidariedade e paz é preciso ação, está escrito em Lucas (12,49-51): “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aces. Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!. Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. 

É um divisor de águas claro entre cristãos de fato e aqueles que pensam na paz celeste apenas.

 

O modelo idealista de in-tolerância

10 ago

A modernidade trouxe a tona um modelo onde alguns indivíduos, ideologias ou culturas seriam superiores as outras, na lógica kantiana do imperativo categórico: ”age de tal modo que seja modelo para os outros”, assim este é o ideal de perfeição e sua base ética.

A reação que vivemos não é a suposta polarização ideológica, mas de uma civilização que supõe que a pertença a determinado grupo indica maior ou menor civilização, não se trata assim uma atitude de tolerância ou “benevolência” em relação ao outro, mas impor um modelo civilizatório.

Numa sociedade que deu voz a quase todo mundo, ainda há opressões em países ditatoriais, o que é modelo passa a ser questionado e neste sentido há um choque entre modelos que possam ser chamados de éticos, e aquelas cuja ética é a norma de determinado setor no poder.

O outro então pode ser visto como inferior, anormal, selvagem, incivilizado ou até mesmo intolerante quando um padrão está imposto como sendo o “correto” ou “civilizado”, na prática é um choque entre pensamentos autoritários de dois ou mais matizes diferentes, que não deixam de incluir os religiosos e os “culturalmente civilizados”.

Entender que a história foi escrita e é ainda hoje ditada por grupos políticos, editoriais de fontes culturalmente “civilizadas” significa uma possível critica histórica, epistemológica e até mesmo científica ao pensamento moderno.

As forças conservadoras, de diversos matizes é bom explicar, estão de um lado da pressão e querem que a tensão permaneça somente entre elas, as forças que realmente são contrárias e que sabem que esta tensão não é outra coisa que disputa de mercado e de interesses, são os verdadeiros opositores a estes modelos, mas trata-se de pouco ou nenhum apoio do poder.

Assim a guerra somente favorece aos poderosos e seus interesses, enquanto a paz somente é pensada se há um interesse por aqueles que a história negligenciou: os vencidos, que aqueles povos que historicamente contradisseram a lógica da guerra dos poderosos também se façam presentes na agonia de uma civilização em crise.

No mapa acima, a concentração do PIB Mundial, aparecendo EUA, China, parte da Europa, India e alguns países da Arábia em destaque.

Tratamos no início deste cenário de guerra da análise dos maus acordos do final das duas primeiras guerras, da submissão dos países colonizados e agora do enfrentamento das potencias sob o manto de luta política, o poder e o controle de mercados está em jogo.

 

China e Taiwan preparam-se para guerra

09 ago

Muito antes da visita da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, já havíamos postado aqui o acirramento da luta dos chineses para retomarem a posse da Ilha de Taiwan, que desde 1949, quando a China tornou-se comunista declarou-se uma república democrática independente.

No post anterior mostramos os países que votaram a resolução 2758 (de 1971), 35 votaram pró Taiwan, 76 a favor da presença da República Popular da China (a China continental) como sendo a representante com direito a assento na ONU, e assim Taiwan ficou sem representação.

O mapa das seis áreas de exercício chinesas, escreveu o ex-general australiano Mick Ryan em seu Twitter, “claramente traça onde os chineses pensam que as principais áreas operacionais são para sua intimidação estratégica de Taiwan”, Mick Ryan é membro adjunto do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, mostrando que a tática chinesa e estrangular e isolar a ilha rebelde.

A ilha com 23 milhões de habitantes, se consolidou com uma economia cada vez mais independente, e é líder do mercado mundial de semicondutores, tem atualmente 54% do mercado de chips feitos por sua empresa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) e este é um forte motivo da disputa, já que as empresas eletrônicas chinesas têm alto crescimento.

A tática de defesa de Taiwan não é claramente exposta, aparentemente a provocação chinesa não disparou os alarmes e sirenes da ilha, a estratégia de defesa da ilha intitulada “Porco espinho”, não é claramente exposta, porém diferente da guerra da Ucrânia poderá atacar áreas internas da China, que segundo esta estratégia teriam período de “inflamação” longos e doloridos.

O arquipélago de Taiwan tem várias ilhas pequenas e em uma delas, os pontas aviadas para evitar desembarques são as que mais lembram os espinhos dos porcos.

A diferença de contingente militar e armamento é enorme, porém os americanos prometem ajuda direta a pequena ilha, claro todo este cenário é lamentável e pouco desejável a uma paz mundial.

O Japão teve parte de sua área marítima invadida e protestou com energia prometendo responder, enfim é um cenário cada vez mais perigoso e é preciso que força da paz se mobilizem.

A paz ameaçada é cada vez mais um pedido de socorro civilizatório aberto às forças humanitárias.

 

Povos que mudaram o rumo da história   

03 ago

Durante séculos na planície iraniana os povos semitas e acadianos dominaram e estabeleceram ali sua civilização, os medos e os persas se estabeleceram posteriormente e até o período entre 500ª.C. e 448 a.C. os persas estabeleceram um domínio e iniciaram conflitos com os gregos, as chamadas Guerras Médicas.

As cidades-estado da Grécia se uniram e conseguiram impor seu modelo cultural e d sociedade aos povos e iniciam um processo cultural novo chamado de Antiguidade Clássica, a polis grega, a arte e o modelo civilizatório se estabeleceriam, tendo inclusive um retorno cultural num período posterior chamado renascimento.

Em tempos de crise civilizatória é bom que povos que tinham não apenas uma grande força militar, mas também um grande apelo cultural conseguiu mudar os rumos da história e fortalecer o processo civilizatório em rumo democrático e cultural mais amplo.

Grandes impérios como os persas, o romano, o império mongol (figura) e mais recentemente o austro-húngaro e o otomano também entraram em crise e sucumbiram, infelizmente não sem guerras e sobre grandes perdas de vidas civis e uma análise crítica sobre as guerras é sempre importante.

Estes impérios desapareceram sem deixar vestígios e apenas registros históricos, as marcas da crueldade, da decadência e da impiedade das forças bélicas destes impérios desapareceram.

A parte desta história forças mobilizadoras da paz e do diálogo tiraram a humanidade de flagelos ainda maiores que poderiam ocorrer e se não conseguimos evitar as guerras, podemos maximizar os esforços para que vidas humanas civis sejam poupadas.

A história também ensina que povos que não foram impérios e mesmo numerosos podem e devem influir no rumo da história a partir de uma experiência civilizatória, como a polis-grega e o mundo hoje carece de modelos que possam unir a humanidade num esforço solidário de paz.  

 

Guerra: atualidade e possíveis cenários

02 ago

A liberação de um navio de grãos da Ucrânia é um fator simbólicoimportante, embora a Ucrânia bombardeado o QG da Rússia na Criméia enquanto a Rússia tenha matado Oleksly Vadatursky, fundador e proprietário de uma das maiores empresa agrícola da Ucrânia.

O simbolismo é importante e representa um alívio porque o confisco de grãos poderia causar uma onda de alta de preços em cascata que afetaria o preço dos alimentos em todo mundo.

A guerra, entretanto, está longe de ter um anúncio de paz e denuncias de atrocidades por parte da Ucrânia (um vídeo de castração de um soldado ucraniano por russos foi retirado do twitter) e da Rússia que protestou pelo ataque ao QG da Criméia.

Há polêmica entre especialistas do futuro de 20% do território da Ucrânia que já está ocupado pela Rússia, a maioria considera impossível a retomada destas áreas sem mortes de civis e isto seria para a Ucrânia uma virada em sua narrativa de colocar a Rússia como impiedosa e cruel.

Em pleno verão europeu, a União Europeia consegue uma redução de 15% do consumo de gás, para tentar garantir um estoque para o inverno, mas dependentes da Rússia estarão mais vulneráveis a partir do final de outubro, os gasodutos são mais simples do que o transporte de gás liquefeito que inclusive o torna mais caro, na Alemanha por exemplo, a demanda é grande.

No cenário futuro mais preocupante, recomeçará a 10ª. Conferência de Revisão do Acordo de Não-proliferação das Armas Nucleares, ontem Biden fez um pronunciamento esperando que haja “boa-fé” para realizar o acordo, esclarecendo que mesmo na guerra fria nunca houve ruptura de conversas e o cenário da guerra agora preocupa mais profundamente.

De acordo com os dados de maio de 2019, a Associação Nuclear Mundial (WNA, na sigla em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo e que estão em 30 países, cada um deles é também um perigo nuclear, quer por desastre natural como em Fukushima em março de 2011, quer por erros de operação como Chernobyl em abril de 1986.

Vale lembrar que cada usina é também uma bomba em potencial e que poderiam ser bombardeadas em uma guerra, é provável que o novo acordo nuclear incluam este aspecto.