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Covid 19 já volta a registrar alta
Em reportagem da revista Veja, especialistas afirmam que a variação de 20,4% em relação a duas semanas atrás, a avaliação é que acima de 15% já é classificada como uma média móvel alta.
Em outra reportagem da USP, o professor Esper Kallás, do Departamento de MOlésticas Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e infectologista coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da USP, fez uma análise do atual momento, afirmando que no começo da pandemia achava-se que ela teria o pico mas não traria surpresas, mas “o tempo mostrou que a gente estava errado”, acrescentou.
Segundo professor Kallás, o vírus se multiplicou de maneira muito rápida ao redor do planeta, o que favoreceu sua capacidade de modificação genética que resultou em novas variantes.
Disse textualmente à reportagem: “Isso fez com que o vírus se adaptasse com um objetivo principal, que era sua transmissibilidade, porque, do ponto de vista evolutivo, o que ele quer é se espalhar”, explica. Isso ocorre devido à seleção natural, ou seja, aqueles com maior capacidade de transmissão sobressaem em relação aos outros.
Além dele informou o professor também outros pesquisadores apontam, inclusive, que o coronavírus atual é o vírus mais transmissível já conhecido.
Em seu pior momento atual a média móvel de casos conhecidos atingiu a marca de 188 mil casos, foi caindo até estar próximo de 12 mil casos e estar abaixo de 100 mortes, agora já está prestes a atingir os 17 mil casos conhecidos diárias, voltando a ficar acima de 100 mortes diárias.
O momento é preocupante apontam especialistas, porém as autoridades sanitárias apostam numa nova queda, mesmo sem qualquer evidência, para justificar a liberação dos protocolos.
Não violência e ágape
A história contada até nossos dias é uma história de poder, onde a falta de respeito impera e por isso o amor agápe parece algo altruísta e heróico, e o é, porém é mais que isto é a segurança de uma humanidade mais pacífica, mais segura onde as nações e povos podem expressar sua cultura livremente.
Lembra Byung-Chul Han que a primeira palavra da Ilíada de homem é menin (cólera): “a primeira palavra da Ilíada é menin, a saber cólera, [Z o r n] . ´Cantem, deusas, a cólera de Aquiles, filho de Peleus´, assim começa a primeira narrativa da cultura ocidental” (HAN, 2018, p. 22)
Lembra logo de início que somente o respeito é simétrico (recíproco): “O poder é uma relação assimétrica. Ele se fundamenta numa relação hierárquica. O poder de comunicação não é dialógico. Diferentemente do poder, o respeito não é necessariamente uma relação assimétrica.” (Han , 2018, p. 18), assim somente poderá haver ágape, uma reciprocidade de amor sem interesses e sem condicionamentos, se for aprendido o respeito e o amor sem interesses.
De modo análogo o Ulysses de Joyce começa com “Buck” Mulligan e Stephen Dedalus na torre do Martello (foto) ao amanhecer do dia 16 de junho de 1906, o assunto é Haines o hospede de Mulligan e incômodo para Stephen, discutem nas entrelinhas, isto passa desapercebido para muitos interpretes, a filosofia protestante dos unionistas (os que querem a Irlanda unida a Inglaterra) e os católicos que querem a Irlanda independente, que Stephen se alinha.
Mulligan o chama ironicamente de jesuíta, e está logo no início da parte I: “Elevou o vaso (de barbear) e entoou: – Introibo ad altere dei. Parando, prescrutou a escura escada espiral e chamou asperamente: – Suba, Kinch, Suba, jesuíta execrável” (Joyce, 1983, p. 6)
O filósofo Han começa seu livro sobre o que é a cultura de massas de hoje, a cultura do “shitstorm”, um bullying de massas, ou literalmente: “O respeito está ligado aos nomes. Anonimato e respeito se excluem mutuamente. A comunicação anônima que é fornecida pela mídia digital desconstrói enormemente o respeito. Também o Shitstorm é anonimo” (HAN, 2018, p. 14).
Byung-Chul Han acredita que uma sociedade do futuro é possível a partir desta massificação atual onde ainda a ideia da guerra e do ódio estão presentes, mas se modificarão: “A sociedade do futuro terá que contar com um poder, o poder das massas.” (Han , 2018, p. 25).
Um poder das massas deve ser pacífico e solidário, as guerras são disputas de poderes verticais.
Não se trata de definir uma superestrutura de poder e uma lógica de estado e sim um novo e verdadeiro humanismo agápico, aquele que pode ser definido como o amor divino do “novo mandamento cristão (Jo 13, 33-34): “Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. 34Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.
HAN, Byung-Chul. No Enxame: perspectivas do digital. São Paulo: Trad. Lucas Machado. Ed, Vozes, 2018.
JOYCE, J. Ulysses. Trad. Antonio Houaiss, Portugal: Difel, 1983. pdf
Uma leitura do Ulysses de Joyce
Pode parecer complicado para um leitor desavisado a leitura de Ulysses de James Joyce, primeiro a sua divisão que pretende ter conexões com o Ulysses de Homero, assim por exemplo a Telemaquia (parte 1, capítulos 1 a 3) tem como foco os personagens (Telêmaco era filho de Ulysses) e Odisséia (parte II, capítulos 4 a 15) é o desenvolvimento da ação que se passa toda ela no dia 16 de junho de 1904, como já postamos depois de uma festa de amigos com Joyce tornou-se o Bloomsday.
Na parte I, são oito horas da manhã na torre Martelo, onde Stephen (filho de Bloom) mora com “Buck” Molligan, um inglês Haines amigo de Mulligan está presente, eles discutem a arte, que é o pano de fundo para posições éticas dos dois: a tensão entre os dois é porque Stephen de uma arte integra e que despreza as concessões (sociais) para o reconhecimento, enquanto Mulligan vê uma arte que cede a pressão social apoiado por Haines que pretende estudar o renascimento na Liteatura Irlandesa e admira o folclore, porém revela-se anti-semita, parte da xenofobia que os Blooms sofrem pela origem do pai Leopold Bloom, que é judeu-húngaro migrado.
Stephen vê em Haines o colonizador uma vez que o unionismo de Irlanda e Inglaterra domina o cenário irlandês conservador do início do século, enquanto Stephen defende a independência embora veja o provincianismo irlandês como pequeno e critica também seu catolicismo.
Proteus (deus dos mares e filho de Oceano na mitologia grega) revela a reflexão de Stephen sobre o visível e o invisível, o mundo objetivo como sinais que exigem interpretação (e contextualização), a transformação de tudo no tempo e no espaço, na própria mente. Desenvolve aqui de modo subliminar os temas da mãe, da mulher e da fertilidade, o Amor Filia.
Em Calipso o romance vai para a rua Eccles, n. 7 onde Leopold Bloom toma seu café da manhã e o prepara para si, para a mulher e para o gato, resolve comer rim de porco e vai ao açougue paa comprar, no caminho vê uma mulher que desperta devaneios, volta para casa recolhe a correspondência e vê uma carta da filha Milly, outra de Blazes Boylan endereçada a Molly.
Blazes havia organizado uma turnê de concertos para Molly e desconfia que a mulher o trai com Blazes, come o rim tostado, vai ao banheiro e fora da casa lê um jornal. Este capítulo prepara uma encarnação e Odisseu, pai espiritual de Stephen, o monólogo interior prevalece, mas agora o devaneio vai para os problemas do sionismo e o erotismo, no todo, é um espaço do Amor Eros.
Bloom lê uma carta endereçada a Henry Flower, seu pseudônimo, o nome remete a florescência ao desejo sexual que aflora (a correspondência direta em Homero é com os lotófagos, o povo que come Lótus (figura) e que são uma região de perigo na Odisséia), enfim revela a tensão moral de Bloom.
No final deste tópico está Molly na cama, refletindo sobre o marido, o encontro com Boylan, o passado, as esperanças, também ela suspeita de uma amante do marido, aspira grande futuro, é interrompida duas vezes pelo apito do trem (uma espécie de tempo passando) e outra por um início de menstruação, pensa no médico, nos filhos Stephen e o falecido, lembra o primeiro sexo feito com Bloom.
Há preocupações éticas e estéticas, especialmente com Stephen no livro, que traça o cenário da Irlanda do início do século, porém há uma ausência de o Amor Ágape, exceto na concepção de arte de Stephen, e esta é a ligação que James Joyce tenta fazer entre o seu Ulysses e o de Homero.
JOYCE, J. Ulysses, Trad. António Houaiss. Portugal: Difel, 1983. (pdf)
Ulisses, o drama moderno e a guerra
Toda estrutura do romance moderno se desenrola quase sempre em torno do herói romântico moderno, assim é preciso que ao final ele se realize dentro de seu objetivo pessoal e que tem a aparência de universal, o aforisma kantiano da ética: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei universal”, mas ela parte do indivíduo e não do todo.
O todo fica para o holístico, e de certa forma para o místico, assim devem ser entendidos desde os personagens míticos de Ilíada e Odisséia do Ulisses de Homero (928 a.C.-898 a.C.) aos personagens de Ulisses de James Joyce (1882-1941).
Em ambos há um herói o Ulisses de Homero e Leopold Bloom de Joyce, uma mulher Penélope de Homero e Molly Bloom de Joyce, um filho Telêmaco de Ulisses de Homero e Stephen Dedalus no romance de Joyce, que vai estudar em Paris e quando volta vai morar numa forte circular chamado Torre do Martello, com um rival e Malachi Buck Bullighan, o romance é escrito no período da guerra entre 1914 e 1921 e uma visão de fim de mundo é um cenário para Joyce.
Na Odisséia Ulisses ficará 10 anos fora do lar, deixando Penélope e Telêmaco, no romance de Joyce coloca Leopold Bloom em crise com as traições da mulher e a distância do filho, atualizando o amor filial (filia) e erótico (eros), porém o problema do amor agápe é colocado no centro da crise o que pode ser um fio condutor entre o romance clássico e o moderno.
Outro fio condutor é o tipo de herói, o herói épico é um guerreiro que vai a guerra por amor a seu povo enquanto o moderno enfrenta a guerra de modo individual, a moda de Dom Quixote e diante da ética Kantiana, a semana passada foram feitos post da Paz Perpétua de Kant e suas limitações, porém a raiz está no distanciamento dos ágape, um mundo de conquistas e poder onde o interesse prevalece sobre o bem comum.
O amor ágape não é apenas religioso ou mesmo altruísta, ele existe em instituições de acolhimento de pobres, exilados, tóxico-dependentes, emigrantes e esforços na Pandemia, sem eles o número de mortos e excluídos na sociedade já teria causado maiores crises sociais que as atuais e deixaria a civilização sem uma perspectiva e sem esperança.
JOYCE, J. Ulysses, Trad. António Houaiss. Portugal: Difel, 1983. (pdf)
HOMERO. Ilíada e Odisseia, trad. Carlos Alberto Nunes. Editora Nova Fronteira, 2015. (pdf)
Um especto ronda a Europa
Este era o texto inicial do Manifesto Comunista escrito em 1848 quando os operários não tinham os atuais direitos trabalhistas, com horas de jornadas de trabalho desumanas, sem férias, sem qualquer auxílio por doença e com contratos precários de trabalham com poucas garantias.
Há hoje um outro espectro, o de uma nova guerra mundial que teria efeitos devastadores devido a potência das atuais armas nucleares e uma escala de envolvimento realmente mundial, onde poucos países poderiam ficar fora do esforço de guerra.
A Ucrânia é apenas o primeiro cenário de uma disputa econômica, militar e até mesmo civilizatória que envolvem a Rússia e a China de um lado, com aliados menores como a Coréia do Norte, Bielorrússia, Cuba e Venezuela e certa simpatia de forças de esquerda mundiais.
O Dia da Vitória comemorado ontem na Rússia, sob o qual havia expectativas que se mostraram exageradas, a Rússia de fato foi decisiva na derrota da Alemanha nazista pela sangrenta Batalha de São Petersburgo (na época Leningrado), porém o desfile de aviões tão aguardado pelos caças e pelo chamado “avião do Apocalipse” (Tu-95MS) que transportaria armas atômicas, não aconteceu.
Vale lembrar que um ensaio foi feito antes do desfile e talvez não tenham ocorrido por estarem em posição de combate em outras regiões.
A Rússia alegou condições de tempo, mas as fotos (veja a foto acima) mostra um tempo bom, pelo discurso mais ameno, embora reivindica a guerra atual como um prolongamento da guerra que derrotou o nazismo, não teve nem a declaração formal de guerra a Ucrânia nem as ameaças esperadas a OTAN, também Zelensky, presidente da Ucrânia, declarou que “o mal voltou”.
Tradicionalmente o Dia da Vitória é bastante efusivo, em 2015 participaram 16.000 militares, 200 blindados e 150 aviões, mas em 2020 devido a pandemia a fez foi adiada e reduzida de tamanho para apenas 14.000 militares.
O discurso de Putin no desfile desse ano tratou de justificar a guerra na Ucrânia tentando cooptar a vitória sobre o nazismo, porém há nisto certa fragilidade, uma vez que ainda é preciso fortalecer a moral e justificar a guerra, que antes era chamada de “operação especial”.
Como analisa Hannah Arendt em “As origens do totalitarismo” este poder não segue uma lógica, assim o espectro da guerra ronda diversas nações da Europa e a pergunta é quem será a próxima.
Tendência de elevação da Covid 19
Em número publicados pelo próprio ministério da saúde, de variação nos dias 4 para 5 de maio, sábado e domingo em geral há subnotificação, o boletim epidemiológico já registra uma alta em torno de 8,9% com 21.682 novas infecções e 137 mortes pela doença.
Esta tendência vem se mantendo desde o início do mês e atingindo a taxa de 15% será considerada uma nova alta e uma nova onda, embora o número de mortes seja menor e se mantém uma média móvel abaixo de 100 mortes diárias, sendo média e tendo número acima de 100 poderá tornar a elevar-se, já que a média das infecções é maior e de mortes menor porque a cepa é menos letal que as anteriores.
O cálculo de médias móveis é feito por especialistas usando os registros dos últimos 14 dias e dividindo o total por 14, é possível assim ter uma visão mais ampla do atual momento da Covid.
Não há uma análise clara desta leve alta, talvez um efeito sazonal da chegada do frio que favorece as infecções respiratória, porém isto seria muito prematuro porque está acontecendo no hemisfério sul a menor de uma semana, talvez a maior capacidade de infecções da ômicron de segunda linhagem, a BA.2, o preocupante é que favorece a circulação do vírus e o perigo de novas variantes.
Exceto setores especializados que alertam para a questão, pouca atenção é dada a informação mais precisa sobre este futuro da SARS-Covid, apenas a situação da China que segue grave e agora até mesmo com denúncias de desumanidades devido a uma #lockdown excessivo e rigoroso.
Também o início do período eleitoral não favorece uma maior transparência da situação.
A fenomenologia como método para o diálogo
A fenomenologia é essencial para um verdadeiro diálogo porque ela pressupõe um partir do zero, dito de forma filosófica, pressupõe um epoché (uma suspensão de juízo no sentido grego) porém a epoché fenomenológica é um colocar entre parêntesis, isto é, admite o diálogo com a tradição ou com o leitor ou interpretante do texto.
Ela surgiu como método em contraposição ao pensamento positivista, através dos estudos de Edmund Husserl (1859-1938), e como método de investigação filosófico vai captar a essência e o significado de determinada coisa, dito por Husserl: “não há consciência, apenas consciência de algo”, e isto vem de uma subcategoria que é a intencionalidade, Franz Brentano e Tomás de Aquino havia trabalho isto porém apenas com sentido psicológico ou mental.
Dito por Husserl ela é: “a descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição”, assim parte da ideia que projetamos nossa intencionalidade ao descrever.
Heidegger vai colocá-la retomando a ontologia agora num plano diferente do psicológico e colocando-a como um método: “a expressão ‘fenomenologia’ significa, antes de tudo, um conceito de método”, neste sentido será também uma ruptura com o idealismo e o racionalismo tradicional.
“Uma das contribuições da fenomenologia para a filosofia está no modo de tratamento de juízos e significados. Martín Heidegger não separa a razão da emoção, nem o sujeito do objeto”.
A questão da existência do Ser volta-se para a preocupação com o modo de vivência humana, ou nossos pré-conceitos ou ainda nossas racionalizações, ela não pode isolar-se do relacionamento com o mundo e com os Outros, toda filosofia contemporânea busca um modo de Ser coisificado, isolado, seja objetivo ou subjetivo, pois também no campo da poética, da subjetividade e da religião este desvio é observado.
O Ser deve representar uma presença, um manifesto, ou uma relação com o Outro, e uma exigência é a simetria desta relação, onde cada um é capaz de fazer um “vazio” para conter o Outro, um epoché de seus pré-conceitos, sem o qual não há diálogo.
Uma primeira vista sobre este diálogo, está o círculo hermenêutico proposto na figura acima.
A guerra em novas fronteiras
Conforme já afirmamos no último post a paz exige pacíficos, mas todas as nações parecem subir o tom na medida em que o governo russo vai ampliando as fronteiras de seus conflitos, agora cortou o gás da Polônia e Bulgária, ameaça a Moldávia que tem uma pequena região de conflito (chamada de Transnístria e reivindica sua independência), enquanto a OTAN aumenta o apoio.
Uma gafe na narrativa de colocar a Ucrânia como nazista, do chanceler Serguei Lavrov dizendo que o presidente Ucraniano Zelensky ser um judeu não significaria nada, afirmou que “Hitler também tinha sangue judeu”, e imediatamente foi repudiado pelos governos de Israel e Alemanha.
Também o fato que a Ucrânia teria bombardeado uma cidade russa Belgorod (outras duas também teriam sido alvos), foi desmentido pelo prefeito local Vyacheslav Gladkov, assim a narrativa russa vai se complicando e cresce a convicção de objetivos expansionistas.
Na prática isto significará uma declaração formal de guerra à Ucrânia e o fim das negociações, já que a única condição aceitável para Kiev é a retirada de tropas russas da região de Donbass.
A entrada de forças da OTAN no conflito é eminente, e o envio de armas já está decidido, por enquanto apenas tropas ucranianas usarão, muitos voluntários foram para lá lutar, mas não há notícias de nenhuma organização ou país que tenha recrutado soldados.
O que preocupa é a inexistência de forças pacifistas que efetivamente haja no conflito, até mesmo o número de manifestações é limitado, em geral, como aconteceu na Sérvia há grupos pró-Ucrânia e pró-Rússia num alinhamento crescente também da opinião pública.
A Alemanha declarou que as sanções econômicas continuarão até que se assine um tratado de paz, é uma pressão, porém a entrada na guerra através da OTAN ela tem um papel decisivo.
Os combates seguem intensos na região de Donbass, enquanto Mariupol está totalmente sitiada e com dificuldades de retirar civis e soldados feridos, Kiev foi bombardeada mesmo com a presença do secretário geral da ONU, que também teve conversas com Putin.
Não há uma perspectiva nas negociações de paz, a Rússia exige cada vez mais na medida que suas forças avançam, quer um corredor por terra de Donbass passando por Mariupol até a Criméia já anexada na guerra anterior de 2014.
A sempre esperança porque disto depende o futuro civilizatório, o momento é sombrio.
Estudo revela perigo em novas variantes
O número mundial de mortes pela Covid 19 diminui,mas com resistência para dizer que as variantes possam ser menos letais e fazer o número cair a zero, enquanto a crise sanitária atinge fortemente as maiores cidades da China incluindo agora capital Pequim, sem diagnóstico claro.
No Brasil o número em queda agora parece entrar em estabilidade já com pequenos aumentos, em alguns momentos ultrapassa a 100 mortes diárias da média móvel, chegando a 200 e o número de infecções não cai chegando a subir perto dos 20 mil casos, qual o cenário futuro?
Um estudo brasileiro, feito por pesquisadores da USP do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Química (IQ) além de pesquisadores do Hospital Sírio-Libanês do Brasil, revela que as novas variantes do SARS-COV-2 tem mais probabilidade de driblar as defesas imunes da população e devem surgir nos próximos meses.
O trabalho foi publicado pela revista Viruses e faz uma revisão de mais de 150 artigos, investigou a capacidade de evasão do sistema imune, a transmissibilidade e eficácia com a vacinação além do potencial de mutação e o resultado serve de alerta.
O artigo diz textualmente “Evidências crescentes têm mostrado que as mutações estão sendo selecionadas em favor de variantes que são mais capazes de evadir a ação de anticorpos neutralizantes” (em inglês no original: Growing evidence has shown that mutations are being selected in favor of variants that are more capable of evading the action of neutralizing antibodies”) e mostra que a despreocupação de autoridades com a pandemia é política.
No aspecto dos protocolos seguem as preocupações individuais, não há política públicas claras.
A paz dos pacíficos
Há diversos equívocos sobre a paz, alguns foram apontados por Kant tais como pactos que escondem futuros conflitos, a justa revolta contra regimes totalitários, porém não há como se construir a paz sem pacíficos, as ideias que se deseja a paz prepare-se para a guerra é um equivoco ou com os violentos haja como violento, etc. escondem pequenas e grandes guerras.
Todo exercício de poder é assimétrico aponta Byung-Chull Han (O enxame), no livro que faz um ensaio exatamente sobre as novas mídias, e que diz que só há simetria se há respeito.
Então o respeito as culturas, a diversidade de opiniões e ideias, de liberdade religiosa, de opções pessoais de diversos tipos, claro que não impliquem no desrespeito ao Outro, é um ponto de partida para a paz, assim é preciso que haja pacíficos para se construir a paz.
A ideia de mais armas, de mais agressões que possam intimidar adversários escondem que não há princípio pacífico nestas atitudes, que não há respeito como pede Chul Han, e para aqueles povos, países e nações que tem princípios pacíficos, como Finlândia e Índia por exemplo, é preocupante ver atitudes belicistas evoluindo.
Por outro lado, a vitória de Makron na França é um alento principalmente devido a derrota de um pensamento totalitário no país que é fonte da democracia republicana moderna.
A paz deve ser também a base de qualquer pensamento religioso, admitir que há algo ou alguém superior deveria nos despir de orgulho de se julgar superior a alguém, a algum povo, raça ou gênero, mas a história mostra que não foi sempre assim, lembro aqui o Paz da Vestfália que foi um pacto para que as religiões não incentivassem o ódio entre os estados, com isto a ideia de estado laical.
Em várias passagens bíblicas Jesus faz a primeira saudação aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”, claro fala da paz dos pacíficos, e no versículo das bem-aventuranças diz que serão chamados de “filhos de Deus” (Mt 5,9), ou seja, não são cristãos se não desejam a paz.
Também para seus discípulos Jesus que aparece ressuscitado em sua terceira aparição e pergunta insistentemente a Pedro (Jo 21, 15-17): “Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” e Pedro chega a ficar triste e diz “tu sabes tudo”.
Sim Jesus sabia que mesmo entre religiosos haveria dificuldade de entender a paz e a unidade.