
Arquivo para a ‘Biblioteconomia’ Categoria
Dia do bibliotecário e um protetor
Amanhã, dia 12 de março é o dia do bibliotecário em homenagem à data do nascimento do bibliotecário, escritor e poeta Manuel Bastos Tigre, dia criado pelo Decreto 84.631 de 09/04/1980, assinado pelo então presidente da República João Figueiredo.
O escritor e engenheiro Manuel Bastos Tigre nasceu no dia 12 de março de 1882, sendo engenheiro, foi fazer um aperfeiçoamento em eletricidade nos Estados Unidos. Lá, conheceu o bibliotecário Melvil Dewey, que o deixou interessado pela profissão. Aos 33 anos, Manuel foi trabalhar com biblioteconomia.
Ficou em primeiro lugar no concurso para bibliotecário do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e de 1945 a 1947 trabalhou na Biblioteca Nacional, depois assumiu a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil.
Os bibliotecários têm um protetor, para os católicos, Santo Isidoro (ou Izidro em castelhano, país de sua origem, na verdade era visigodo convertido ao cristianismo).
Isidoro foi o primeiro escritor cristão a tentar compilar uma summa do conhecimento universal em sua obra-prima, a Etymologiae, conhecida também pelos classicistas como “Origines“ (abreviada como “Orig.”).
Esta enciclopédia – a primeira epítome do tipo cristã – consistia de uma enorme compilação em 448 capítulos divididos em vinte volumes.
Nela, Isidoro, de forma concisa, resumiu manuais, “miscelâneas” e compêndios romanos, continuando uma tradição de resumos e sumários que caracterizou a literatura romana da Antiguidade Tardia.
Por conta disso, muitos fragmentos do ensino clássico que seria perdidos não fosse por isso foram preservados; “na realidade, na maior parte de suas obras, incluindo a “Origines”, ele contribuiu pouco mais do que o papel de cimento que liga fragmentos de outros autores, como se soubesse de suas próprias deficiências e confiando mais no ‘stilus maiorum’ do que no seu próprio”, lembra Katherine Nell MacFarlane, que traduziu sua obra para o inglês .
Isidoro foi canonizado pela Igreja Católica em 1598 pelo papa Clemente VIII e declarado Doutor da Igreja em 1722 por Inocêncio XIII.
No Paraíso de Dante (X.130), Isidoro está mencionado entre outros teólogos e Doutores da Igreja, e também é considerado patrono dos Bibliotecários.
Machado e o cânone literário
Sempre achei insuficiente a maioria das análises de Machado de Assis, faltava olhar um Machado culto e como todo bom intelectual capaz de sofrer influências, sem perder a sua brasilidade de mulato, carioca e político, tendo assumido diversos cargos públicos.
Muito já se escreveu e falou das influências de Shakespeare e Eça de Queiroz num dos maiores autores nacionais, também já se falou de sua brasilidade, mas Sonia Salomão revela uma face ainda pouco vista e por isso pouco explorada.
A autora Sonia Netto Salomão, escreveu o livro lançado este ano Machado e o cânone literário (Eduerj, 434 pp.; R$ 60), ela é brasileira, porém é professora na Universidade de Roma La Sapienza, e aprofundou os estudos no contexto italiano do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, com forte influencia de Dante, Machiavel, Leopardi e o destacou sua condição de frequente espectador das operas e de teatro dramático no Rio de Janeiro, e a forte influencia italiana no livro Dom Casmurro.
Esta análise vai passar despercebida por certo tempo, porque oscilamos em boa parte da mentalidade nacional ora por um xenofobismo europeu (o americano é pior), sem perceber nossas fortes influencias europeia, ora por uma adesão acrítica de leituras estrangeiras sendo incapazes de ver as nuances da adesão na cultura nacional do pensamento ocidental.
O livro custa em torno de R$ 60,00 e foi publicado pela Eduerj.
Scholar Semantic é uma novidade ?
A Google poderá perder terreno, desde novembro está online uma versão BETA do Scholar Semantic, que faz busca semântica na Web através de artigos envolvendo autores e suas referências.
Quando se trata de literatura científica faz algumas décadas que vivemos uma sobrecarga de artigos científicos, áreas como a Ciência da Informação já estudam este fenômeno a anos, mas agora a Google parece querem abalar os alicerces das “buscas” no ambiente da Web.
Mas o número agora é astronômico, mais de 100 milhões de papers acadêmicos estão online, e o crescimento é de cerca de 5.00 artigos por dia, como tratar este volume de dados.
O Instituto Allen, dedicado a Paul Allen promete balançar este “mercado” com o lançamento da ferramenta já disponível Scholar Semantic, fiz uma busca no meu nome e já achei alguma coisa.
Lançado em novembro de 2015, e ainda com uma versão beta, o buscador online procura abranger a área de informática, limitada ainda a cerca de 3 milhões de artigos, portanto 3% do universo atual, mas a área de Neurociência já está disponível em 2016, e outras áreas médicas começaram a aparecer.
Oren Etzioni, o chefe do projeto de Inteligência Artificial intitulado de EA2, disse em entrevista que é “impossível não se incomodar com tudo que estamos descobrindo estes dias”.
Deverão avançar mais agora na área médica, porque ela é “tão visceral”, disse Etzioni, e comparando com os serviços de Google Scholar ou PubMed, a capacidade de destacar os papers mais importantes e suas ligações com outros papers, poderão direcionar as pesquisas num futuro muito próximo.
Em quanto tempo este futuro chegará até nós ? Etzione responde: “Eu acho que os primeiros serviços de “assistentes científicos” vão surgir nos próximos 10 anos e eles estão poderão ficar melhores a cada dia, “Nós não estamos falando muito além do horizonte, veremos isto em muito breve”.
Pode já acessar o programa EA2 Semantic Scholar ou pelo site semanticscholar.org , já há vermos também para iOs e Android.
Tecnologias significativas para Big Data
Big Data ainda é uma tecnologia emergente, no ciclo que vai do surgimento de uma tecnologia até a sua maturidade, se olharmos o hipociclo da curva de Gartner, veremos nela o Big Data na descendência desde o surgimento, até a desilusão, mas depois vem o ciclo da maturidade.
Para responder a questões propostas na TechRadar: Big Data, Q1 2017, um novo relatório foi produzido dizendo da 22 tecnologias de possíveis maturidades nos próximos ciclo de vida, entre as quais, 10 passos para “amadurecer” as tecnologias Big Data.
Na opinião desta pesquisa, os dez pontos que poderão, para incrementar o Big Data, são:
- A análise preditiva: soluções de software e / ou hardware que permitem que as empresas descobrem, avaliem, otimizem e implantem modelos preditivos através da análise de fontes de dados grandes para melhorar o desempenho dos negócios ou mitigação de risco.
- Serão necessários bancos de dados NoSQL: key-value, documentos e bases de dados gráfica.
- Pesquisa e descoberta de conhecimento: ferramentas e tecnologias para apoiar a extração de informações e novas perspectivas de auto-atendimento de grandes repositórios de dados não estruturados e estruturados que residem em múltiplas fontes, tais como sistemas de arquivos, bancos de dados, córregos, APIs e outras plataformas e aplicações.
- Fluxos de análises (analytics Stream): software que podem filtrar, agregar, enriquecer e analisar uma alta taxa de transferência de dados de múltiplas fontes de dados on-line díspares e em qualquer formato de dados (semi-estruturados).
- Análise persistente (In-memory) de “tecidos” de dados: permite o acesso de baixa latência e processamento de grandes quantidades de dados através da distribuição de dados através da memória de acesso aleatório dinâmico (DRAM), Flash, ou SSD de um sistema de computador distribuído.
- Arquivos de lojas Distribuídas: uma rede de computadores onde os dados são armazenados em mais de um nó, muitas vezes de forma replicada, tanto a redundância como desempenho.
- A virtualização de dados: uma tecnologia que fornece informações de várias fontes de dados, incluindo fontes grandes de dados, como a ferramenta Hadoop e armazenamentos de dados distribuídos em tempo real e ou tempo quase-real (pequenos delays).
Isto vai exigir as 3 ultimas etapas que a pesquisa sugere: 8. integração de dados: ferramentas para a orquestração de dados (Amazon Elastic MapReduce (EMR), Apache Hive, Apache Pig, Apache Spark, MapReduce, Couchbase, Hadoop, MongoDB), preparação de dados (modelagem, limpeza e compartilhamento) e a qualidade dos dados (enriquecimento e limpeza de dados em alta velocidade) serão necessários e feito isto, poderá tornar o Big Data produtivo “fornecendo valores de algo de crescimento através de uma Fase de Equilíbrio”.
Verizon compra Yahoo
Anunciada nesta segunda-feira (25/07) a operadora de telecomunicações americana (com pouca presença no Brasil), anunciou a compra do site Yahoo pelo valor de R$ 4,83 bilhões, mas a operação final deve ser autorizada pelo governo americano até o final do ano.
Tendo se iniciado com site de busca, a competição deste além da AOL com a Google acabou sucumbindo as Buscas ao Google, e a interação em mídia de redes sociais ao Facebook.
Tornando-se a terceira maior em publicidade, unidas a Verizon, uma das duas grandes americanas em telecomunicações (a outra é a TIM-móvel), a expectativa é que possa fazer frente ao site de buscas e lançar novas ferramentas de mídias de redes sociais alternativas ao Facebook, o futuro digital pode reservar ainda mais novidades.
Maria Mayer que foi contratada a quatro anos para dar uma virada na Yahoo foi ao que parece mal sucedida no negócio de fazer a marca entrar numa nova fase para uma empresa com mais de 20 anos de existência, e com o fato pertencer agora a uma operadora de telefonia móvel poderá auxiliar este avanço esperado.
No momento o que aparece ao público serão sites, aplicativos e diversos tipos de operações de vídeo, imagens e chats, mas o negócio já tem em vista participação na gigante de negócios Alibabá, onde a Yahoo Japan Corp. tem 35,5% de participação, então devem vir novidades.
TDM em Humanidades Digitais
Humanidades Digitais é uma área emergente que procura explorar consequências sociais e humanas em ambientes digitais, por isso considero mais correto no nome Humanidade em Ambientes Digitais, e TDM (Text and Data Mining) é uma destas tendências.
Um blog da London School acaba de publicar interessante artigo que aponta para uma tendência que bibliotecas e bibliotecários explorem e auxiliem no uso de TDM para pesquisas e buscas.
http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2016/07/12/how-libraries-and-librarians-can-help-with-text-and-data-mining/
O blog explica que em especial a alteração da revisão de Hargreaves sobre direitos autorais no Reino Unido, removem as barreiras legais para explorar textos e fazer mineração de dados (TDM) sobre o corpus da literatura de pesquisa, então o artigo explora como bibliotecas e os bibliotecários podem facilitar o trabalho de pesquisadores que querem aplicar métodos TDM em recursos bibliotecários quer seja para fontes impressas ou eletrônicas.
O artigo também defende que no caso dos recursos de bibliotecas, os bibliotecários podem aconselhar pesquisadores e incentivá-los a usar as novas regras de exceções de direitos autorais, o que significa que possam ultrapassar certas barreiras de direitos autorais.
O blog explica que isto pode significar recursos valiosos, por exemplo, em pesquisas de química molecular (foto), cristalografia e outras áreas de caráter muito sigiloso.
O artigo aponta isto como um exemplo das Humanidades Digitais, um grande corpo de jornais da época vitoriana pode ser extraído para extrair piadas desta época, e que podem ainda analisar outros aspectos de época e historia social do Reino Unido.
http://britishlibrary.typepad.co.uk/digital-scholarship/2014/06/victorian-meme-machine.html
Não se trata apenas do corpus eletrônico que possa ser extraído, embora-o artigo forneça um exemplo de digitalização de cópia para fins de TDM para ajudar o leitor.
Software para textos didáticos
Os recursos para produção e material didático em ensino público podem ser reduzidos, isto é comprovado em 38 faculdades lá chamadas “comunitárias” em 13 estados, que abrange um universo de 76.000 estudantes, em 13 estados americanos.
Os casos analisados e citados no Washington Post, é o de Maryland e outros seis da Virgínia, onde os preços de livros didáticos subiram de 82% entre 2003 e 2013, que lá é três vezes a taxa de inflação e portanto é mesmo um aumento real de preço.
O software OpenStax, uma organização de software livre sem fins lucrativos introduziu livros didáticos open-source com revisão por pares, estima-se que economizou mais de US$ 66 milhões para cerca de 700.000 estudantes, mais da metade destas no ano passado.
Embora alguns alunos que frequentes estas faculdades comunitárias (community colleges ) em no máximo quatro anos, os programas concentrados em dois anos, estão alcançando o sonho de fazer faculdade, não apenas em escolas pagas, mas em outras que podem fazer cursos com alto nível, em menor tempo, onde o material didático é essencial.
Bibliotecas e leitura é a base da educação
Os métodos e os meios de leitura podem mudar, mas devemos assegurar o futuro da educação incentivando a prática de leitura e as bibliotecas ainda são a instituição que garante acesso a grande maioria da população e em especial as pessoas que não dispõe de poder aquisitivo para ter acesso a livros e a cultura.
O país está atrasado neste aspecto, se desejamos garantir que a lei as metas exigidas pela leitura 12.244 de 24 de maio de 2010 seja atingida, temos um déficit de 64,3 mil bibliotecas em escolas públicas e privadas do país.
A legislação procura garantir que até o ano de 2020 tenhamos um acervo de, no mínimo, um livro para cada aluno matriculado tanto na rede pública quanto na privada.
Os dados foram levantados pelo portal Qedu, da Fundação Lemann, a pedido da própria Agência Brasil a partir dos dados do Censo Escolar de 2014, e os dados mostram também o déficit da própria existência de bibliotecas em escolas públicas que apontam que mesmo na Região Sul 77,6% das escolas públicas têm biblioteca, no Norte apenas 26,7 % enquanto no Nordeste 30,4%, os índices do Sudeste são 71,1% e Centro-Oeste 63,6%.
http://www.qedu.org.br/
Os índices também são negativos quanto se veem os dados que 86,9% são bibliotecas públicos no ensino médio enquanto no ensino fundamental o índice cai para 45%.
A leitura digital não é contraditória com a leitura de livros, os dados apontam que muito ao contrário, a leitura digital que é imediata, muitas vezes curta e rápida no ambiente digital pode levar a um maior interesse para obras completas, mas isto deve ser educado desde o ensino fundamental.
Tecnologia, ciência e renascimento
A arquitetura dos monges cirtercienses, foi seguida da gótica das catedrais medievais e os avanços técnico com uso de arco (sustentação de vão livre de telhados e até de pontes) foi produto da idade média, a invenção da prensa móvel (os tipos móveis chineses já existiam) e mais tarde a compreensão interiorizada (o silêncio da leitura era novidade) foi importante como o primeiro passo para a democratização da escrita e o aprendizado “scholar”, cuja palavra tem a raiz latina “escolástica”.
Entre as bibliotecas mais belas do mundo (veja a lista das top 10) está a da Abadia de Admont funda em Admont na Áustria em 1074 e embelezada 1776 com tons dourados, e a biblioteca e a biblioteca do monastério de Strahov na república Tcheca além da 1143, e fato pouco citado, os monges construída cerca de 3.500 bibliotecas no mundo medieval, o saber não era popular era verdade, mas foi um período de construção que culminou com a prensa escrita.
A disseminação da cultura escrita através de livros, vai iniciar um processo de democratização do aprendizado, que não era possível sem a reprodução de livros e inclusive a invenção dos óculos já que grande parte da população era míope, e permitiu uma propagação mais rápida das ideias, que facilitará o caminho para a expansão da razão, das ideias e da cultura.
tecnologia das grandes navegações permitirá não apenas a expansão marítimo-comercial Europeia, porém serão os avanços científicos que descobrirão um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas.
Tudo isto está em cheque incluindo a própria tecnologia, devo mudar para um pensamento complexo e olhar para o planeta como uma pátria de todos, mas não se pode jogar fora o progresso e o avanço que o renascimento deu origem, talvez um novo re-renascimento.
No afresco do teto de Strahov (foto) feito no século XVIII foi chamado de O esforço da humanidade para obter a verdadeira sabedoria, penso que é este nosso esforço.
Monumentos históricos, documentos e seus guardiães
Assim como os oráculos e profetas da antiguidade, os escribas no Egito e os copistas na Idade Média, preservar o patrimônio histórico da humanidade, num momento de mundialização é não apenas nossa tarefa, mas nossa responsabilidade.
Parte dos documentos da biblioteca de Alexandria, documentos e objetos encontrados em escavações, recuperar, preservar e dar acesso é tarefa de muitos trabalhadores quase anônimos, e através da história foram eles que trouxeram muitas informações até nós.
Num mundo com um número de informações crescendo de forma exponencial o trabalho destes operários do conhecimento e de certa forma da educação é imprescindível.
Há também aqueles que dão acesso a estas e outras informações, entre eles os Bibliotecários, dia 12 de março é dia dos bibliotecários e parabenizo a todos.